Após MP, recomendação é de cautela para Eletrobras
Relatório do Banco Safra destaca privatização da companhia como principal evento positivo, mas aponta os riscos para o processo
13/05/2021A publicação da Medida Provisória (MP) 1.031/2021 sinaliza uma tentativa de acelerar a privatização da Eletrobras (ELET3/ELET6). No entanto, as incertezas políticas e sobre o modelo do processo motivam a recomendação de cautela para as ações da empresa.
A análise é do Banco Safra que divulgou nesta quinta-feira, 13, um relatório detalhando o caminho da privatização da companhia, vista como uma das mais importantes pelo governo.
Dado que o processo é o principal evento para valorizar a companhia, o Safra classifica as ações como “neutras” para a compra, com preço-alvo (potencial) de R$ 36,70.
Pontos da MP de privatização da Eletrobras
Na prática, a MP permite que o BNDES comece a modelar a privatização da Eletrobras, o que poderia trazer mais clareza sobre alguns aspectos do processo.
Porém, para que a medida se concretize efetivamente, é necessário que o Congresso converta a MP em lei em até 120 dias após a publicação, que ocorreu em 23 de fevereiro.
Em seu relatório, o Safra destaca as alterações que a MP promove no processo em relação ao projeto de lei 5.877/2019, sobre o mesmo tema, que tramita no Congresso. São elas:
- Prorrogação da concessão da hidrelétrica de Tucuruí por 30 anos, cuja operação está sujeita ao regime de produtor independente
- Investimento obrigatório de R$ 230 milhões/ano, por dez anos, na revitalização de bacias hidrográficas na área da hidrelétrica de Furnas
- Investimento obrigatório de R$ 295 milhões/ano, por dez anos, para redução dos custos de geração na Amazônia legal;
- Investimento obrigatório de R$ 3,5 bilhões em dez anos na bacia do rio São Francisco
- Estabelecimento de novas regras de distribuição de receitas entre Governo e CDE (conta setorial paga pelos consumidores e voltada para subsídios, desenvolvimento e programas sociais), por meio do pagamento de anuidades por 30 anos
- Criação de Golden Share, de propriedade exclusiva do governo, que estabelece o poder de veto para alguns assuntos, ainda indefinido
A análise aponta que os principais ponto do processo permanecem inalterados. São destacados:
- A privatização por meio de aumento de capital com direito a voto, que também poderá ser seguido de oferta secundária de ações do governo
- O direito máximo de voto que um acionista poderá exercer ficará limitado a 10% e não será permitido bloco de controle para exercer participação com direito a voto superior a 10%
- Ativos de geração renovados sob contratos de O&M terão uma nova concessão por 30 anos e, sob a nova concessão, o risco de déficit hídrico (GSF) será da Eletrobras
- Eletronuclear e Itaipu passarão por uma reestruturação societária para que o governo mantenha o controle
Riscos e benefícios da privatização
A postura cautelosa do Safra para as ações da Eletrobras se dá pelos seguintes fatores derivados do processo de privatização da companhia:
- Incertezas relacionadas aos atributos da Golden Share, que pode dar ao governo o poder de interferir na gestão da companhia, elevando os riscos de governança
- Ainda não é claro como o Congresso irá receber a proposta, dado que o projeto anterior não foi apreciado devido a oposições políticas
- Ainda é cedo para dizer se as estimativas preliminares do Ministério de Minas e Energia são justas
Por outro lado, o banco destaca quatro pontos que podem valorizar os ativos da empresa:
- Plano de desinvestimentos
- Programas de economia de custos
- Melhoria na alocação de capital
- Melhor gestão dos passivos
Detalhes financeiros sobre o balanço do primeiro trimestre de 2021 da Eletrobras estão disponíveis por este link.
Sobre a Eletrobras
As Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobras) é constituída sob a forma de sociedade por ações de capital misto.
A empresa tem como atribuição a promoção de estudos, projetos de construção e operação de usinas de geração, linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica.
A Eletrobras é responsável pela administração de programas de governo voltados para o desenvolvimento do setor elétrico.