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Pastore defende vacinação e ordem fiscal para retomada

Ex-presidente do Banco Central espera que o governo tenha responsabilidade na condução da pandemia

Affonso Celso Pastore, 81 anos, chefiou o Banco Central entre setembro de 1983 e março de 1985

O Brasil só dará a volta por cima sobre a crise econômica gerada pela pandemia de covid-19 com vacinação em massa, uma política fiscal disciplinada e apoio às classes econômicas mais baixas da sociedade.

A avaliação é do economista e ex-presidente do Banco Central do Brasil Affonso Celso Pastore.

“A coisa mais importante que temos que fazer hoje é a vacinação. A segunda coisa: tomar cuidado com a política fiscal. É impossível com o desemprego alto, economia caindo e distribuição de renda extremamente assimétrica, você não ter uma ajuda emergencial para essa gente”, disse Pastore.

Ele foi o convidado da série de entrevistas “Cenários”, apresentada pela jornalista Sonia Racy, do Estadão.

A série é uma parceria entre o jornal e o Banco Safra. As entrevistas anteriores podem ser assistidas pelo canal do Safra no YouTube.

Política fiscal

Na conversa de pouco mais de meia hora, Affonso Celso Pastore defendeu que o Brasil seja responsável com as contas públicas.

Ele reconheceu que o momento do país é extremamente delicado e que o auxílio emergencial aos mais pobres é uma ferramenta essencial para salvar vidas.

Entretanto, Pastore pondera que o Brasil precisa ter disciplina e responsabilidade com os gastos.

“Nós precisamos de ordem fiscal, precisamos gerar superávits primários que façam a dívida/PIB cair”.

Durante uma apresentação de contexto histórico, Affonso Pastore usou como exemplo os vizinhos argentinos, que há décadas lutam para estabilizar a economia.

“O problema da Argentina é que não tem disciplina fiscal. Se não tem disciplina, não há regime fiscal que possa aguentar”, disse Affonso Pastore.

Independência do Banco Central

Pastore também defendeu a independência do Banco Central, aprovada recentemente pelo governo, como sendo chave para o desenvolvimento do país.

Segundo ele, a evolução do BC desde os anos 1990 foi positiva, com a adoção do regime de metas de inflação e outras medidas.

No entanto, o país precisava da independência da autoridade monetária formalizada.

“Para cuidar da política monetária, o Banco Central tem que ter liberdade total e mexer na taxa de juros. Essa independência já existia, desde quando Armínio Fraga (governo Fernando Henrique Cardoso) foi presidente e o governo federal concedeu a liberdade de instrumentos. Mas o presidente do Banco Central ainda era passível de demissão”.

“A política monetária não pode ser objetiva de pressões políticas e o Brasil conseguiu essa conquista”, explica Pastore

Sobre Affonso Celso Pastore

Affonso Celso Pastore, 81 anos, é natural de São Paulo capital.

Graduado e pós-graduado em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), onde também realizou sua Livre Docência.

Pastore assumiu a presidência do Banco Central do Brasil em setembro de 1983, permanecendo até março de 1985.

A carreira profissional de Pastore seguiu essencialmente a vertente acadêmica. Foi diretor e professor titular da FEA/USP.

Além de diversos livros publicados, contribui com artigos em periódicos
nacionais e internacionais.

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