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Agências de risco rebaixam rating da Rússia após sanções do Ocidente

A Moody´s e Fitch diminuíram classificação de risco do país e informam que estão monitorando a capacidade de pagamento russa

Foto do Kremlin

As sanções anunciadas pelos EUA e União Europeia que proíbem quaisquer transações com o Banco Central da Rússia (CBR) terão um impacto muito maior nos fundamentos de crédito do país | Foto: Getty Images

A Moody’s rebaixou nesta quinta-feira, 3, os ratings da Rússia de emissor de longo prazo e de dívida sênior sem garantia, em moeda local e estrangeira, de Baa3 para B3. Em comunicado, a agência informou que as notas “permanecem em revisão para posterior rebaixamento”.

A instituição explicou que a revisão negativa foi deflagrada pelas sanções implementadas por potências ocidentais contra o país, em retaliação pela invasão da Ucrânia. A empresa cortou ainda o rating Other Short Term em moeda doméstica de P-3 para Not Prime (NP).

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Segundo a nota, a decisão leva em conta o aumento do risco de inadimplência da dívida soberana devido às sanções e “preocupações significativas em torno da disposição da Rússia de cumprir suas obrigações”. Há ainda maior probabilidade de desaceleração da economia por conta das medidas, ressalta a Moody’s.

A agência acrescenta que vai monitorar a capacidade do país de pagar US$ 117 milhões em cupons de dívida que vencem em 16 de março. “As preocupações significativas em torno da disposição da Rússia de pagar sua dívida são um reflexo de que a força institucional da Rússia enfraqueceu muito materialmente com a crescente evidência de que o executivo enfrenta poucos freios e contrapesos”, explica.

Na quarta-feira, a Fitch já havia anunciado rebaixamento do rating da Rússia, de BBB para B, em meio aos desdobramentos do conflito com a Ucrânia. De acordo com a agência de classificação de risco, o país encontra-se agora na categoria Observação de Classificação Negativa (RWN, na sigla em inglês).

A Fitch também avalia que a Rússia sofreu um “choque severo nos fundamentos de crédito”. A gravidade das sanções internacionais em resposta à invasão militar da Ucrânia aumentou os riscos de estabilidade, representa um grande choque para os fundamentos de crédito da Rússia e pode minar sua disposição de pagar a dívida do governo, aponta.

“Os desenvolvimentos enfraquecerão as finanças externas e públicas da Rússia, restringirão severamente sua flexibilidade de financiamento, reduzirão acentuadamente o crescimento do PIB de tendência e elevarão o risco e a incerteza domésticos e geopolíticos”, projeta a Fitch. A categoria RWN reflete o alto grau de volatilidade nas relações internacionais, incluindo o potencial para novas sanções e incerteza sobre a resposta política da Rússia, como não pagar sua dívida, e o risco de uma perda mais aguda de confiança econômica doméstica, explica a agência.

As sanções anunciadas dos Estados Unidos e da União Europeia que proíbem quaisquer transações com o Banco Central da Rússia (CBR) terão um impacto muito maior nos fundamentos de crédito do país do que quaisquer sanções anteriores, avalia a Fitch. A implementação total poderia tornar grande parte das reservas internacionais da Rússia inutilizáveis para a intervenção cambial, e uma grande proporção poderia estar sujeita a congelamentos de ativos, projeta. Cerca de 32% das reservas cambiais da Rússia são denominadas em euros e 16% em dólares americanos, e mais da metade são mantidas em países que participam de sanções, aponta a agência. (AE)

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