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Banco Central inova com agenda de sustentabilidade

Joaquim Levy, diretor de estratégia do Safra, explica a importância das questões ambientais, sociais e de governança para o desenvolvimento do país

O Brasil tem grande potencial a explorar na Amazônia, região vital para o equilíbrio do clima e para o agronegócio / Foto: Getty IMages

A nova agenda de sustentabilidade do Banco Central do Brasil direciona a atuação do sistema financeiro nos conceitos que são resumidos pela sigla ESG, ou ASG em sua versão traduzida, que representa os temas ligados ao meio ambiente, responsabilidade social e governança corporativa.

Lançada em 2020, a agenda ASG do Banco Central do Brasil nasce em consonância com outros bancos centrais e melhores práticas internacionais do tema.

Para o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, com a agenda o Banco Central responde a uma percepção forte na sociedade brasileira de que os três aspectos do ESG são importantes para empresas, pessoas e o país.

“Cada um desses temas tem implicações para a missão do Banco Central, inclusive na dimensão prudencial”, afirma.

Levy destaca que a economia brasileira é profundamente influenciada pelo meio ambiente, quer pela proeminência do agronegócio, que depende da natureza, quer pelas fontes de energia, especialmente hidroelétrica e de biomassa.

E também pelos serviços disponíveis para a população, com a oferta de água em abundância e investimento adequado para coletar e tratar os resíduos.

Incorporação de riscos climáticos

A dimensão da sustentabilidade foi inserida na agenda institucional do Banco Central em setembro de 2020.

A agenda inclui desde campanhas internas conscientização ambiental, incorporação de cenários de riscos climáticos em testes de estresse do BC, até a adoção de medidas mais abrangentes, como a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável para instituições bancárias.

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o tema ambiental é extremamente importante e desperta grande interesse na sociedade, e será tratada do ponto de vista financeiro pela autoridade monetária.

O banco deve promover finanças sustentáveis, gerenciamento adequado dos riscos socioambientais e climáticos, integração de variáveis sustentáveis e outros elementos que afetam a tomada de decisões pelo BC.

Linhas financeiras sustentáveis

Segundo a diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Nechio, entre as medidas a serem adotadas internamente pelo Banco Central estão campanhas de incentivo ao uso de bicicleta, adoção de carona solidária, redução do uso de plásticos, reciclagem e coleta seletiva. O tema também deverá fazer parte do Museu da Economia, mantido pela instituição.

Já em relação às ações gerais, a diretora anunciou a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável para instituições financeiras, tendo como garantia operações ou título de crédito privado. No caso das reservas internacionais, serão incluídos critérios de sustentabilidade para seleção de contrapartes na gestão do patrimônio e para a seleção de investimento.

O Banco Central também informou que vai implementar recomendações da “Força-tarefa sobre divulgações financeiras relacionadas ao clima” (TCFD, na sigla e inglês), que reúne orientações para empresas e instituições financeiras na divulgação de informações relativas aos impactos financeiros das mudança climáticas em seus negócios.

Além disso, a agenda Banco Central prevê um aprimoramento da abordagem no gerenciamento de riscos e a elaboração de um relatório anual de riscos socioambientais do BC.

Bureau verde de crédito rural

A agenda de sustentabilidade do Banco Central também inclui a criação de um bureau verde do crédito rural.

Na prática, o bureau substituirá o Sistema de Operações do Crédito Rural e do Proagro (Sicor) do BC, num formato de open banking, em que os dados dos clientes ficam abertos para consulta por diferentes instituições financeiras.

De acordo com diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, o bureau vai incorporar critérios que identifiquem operações com características verdes e também fará cruzamento com informações como dados de georreferenciamento.

Com isso a instituição vai poder identificar sobreposição com áreas de preservação ambiental, sobreposição com áreas de terras indígenas, e essa crítica vai ocorrer no momento da contratação da operação de crédito.

Se houver sobreposição, a operação não poderá ser realizada e ficará travada. A meta é aumentar em até 20% os limites de contratação para operações de crédito rural que reúnam características de sustentabilidade.

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