No primeiro trimestre, em que a Arezzo e a Soma começaram a operar sob o mesmo ticker (AZZA3), o Safra avalia que os resultados foram neutros para Arezzo, devido crescimento de receita de 8,5% a/a e EBITDA ajustado de R$ 203 milhões, chegando perto da estimativa do banco (+3,9% acima de Safra).
Quanto à Soma, as vendas cresceram 11,7% a/a devido ao melhor desempenho das marcas do Soma (ex Hering) (+16% a/a) e um desempenho ainda tímido de Hering (3,6% a/a).
O EBITDA ajustado de R$ 251 milhões foi 16% superior à estimativa do Safra devido a melhores tendências de crescimento e margem bruta, apesar da pressão sobre as despesas com SG&A, como esperado.
Avaliação do Safra sobre Arezzo e Soma
O Safra considera os resultados neutros em base consolidada, com ambas as empresas apresentando melhores tendências em relação ao desempenho do trimestre passado e controle de margem, embora a fusão esteja em sua fase inicial.
Todos os olhos devem estar postos no Dia do Investidor, que será realizado em 15 de agosto, quando as principais preocupações dos investidores sobre o crescimento, margens e as dificuldades da própria fusão serão os temas discutidos.
O Safra mantém a recomendação de Compra em um valuation atrativo (P/L de 12x para 2025), apesar de reconhecer a falta de gatilhos de curto prazo.
Arezzo
A Arrezo apresentou resultados neutros, com números em grande parte alinhados com as estimativas do Safra. As vendas totais ficaram em R$ 1,53 bilhão, +8,5% a/a e 0,9% acima das estimativas, sinalizando dois pontos-chave:
- (i) a empresa continua com maior foco na rentabilidade do que no crescimento; e
- (ii) a empresa enfrentou desafios difíceis e viu uma desaceleração geral no crescimento.
Os destaques por marca foram:
(i) as vendas da AR&Co subiram 12,5% em comparação com o ano anterior e 1,4% acima de Safra;
(ii) as vendas da Anacapri aumentaram 8,9% em relação ao ano anterior, 3% acima de Safra; e
(iii) as vendas das “outras” (incluindo Vans) foram 20% mais altas em relação ao ano anterior e 7,7% acima da estimativa do Safra.
A margem bruta foi praticamente estável no ano, atingindo 54,9% (-25bps abaixo do número do Safra) devido à maior penetração dos canais B2C no mix de vendas (lojas próprias e e-commerce), compensando a pressão de impostos sobre vendas mais altos.
Vale ressaltar também que a operação dos EUA contribuiu negativamente, registrando uma contração de 370bps em sua margem bruta no ano.
Em termos de EBITDA, a empresa entregou R$ 203 milhões, acima da estimativa do Safra, com uma margem de 16,5% (contração de 103bps no ano).
Pressão proveniente das despesas relacionadas com a abertura de novas lojas, investimentos em marketing (especialmente na marca Schutz) e estruturação da AZZAS, que repercutiu nas despesas de gerais, administrativas e com vendas.
No final das contas, a empresa entregou R$ 93 milhões, próximo da estimativa do Safra de R$ 89 milhões, mas 18% menor no ano devido ao aumento dos impostos sobre o rendimento, pois a empresa não distribuiu juros sobre os capitais no 2T24.
Em termos de alavancagem, a Arezzo encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 649 milhões (1,0x dívida líquida/EBITDA) vs. R$ 346 milhões no 2T23, aumento relacionado principalmente ao pagamento de R$ 214 milhões em juros sobre patrimônio nos últimos 12 meses.
Soma
A Soma apresentou resultados melhores do que o esperado, com um crescimento de 11,7% no ano anterior para R$ 1,68 bilhão, 3,5% acima da estimativa do Safra.
Em termos de vendas, a contribuição positiva veio de:
- (i) crescimento sólido da receita impulsionado pelas lojas físicas da Soma (ex Hering) de 21% a/a, apesar da alta base de comparação do 2T23; e
- (ii) contribuição positiva da operação atacadista da Soma (ex Hering) de +25,7% a/a, já que o 2T23 foi uma base de comparação fácil como as vendas foram previstas de abril a março.
Distribuição das vendas:
- (i) SOMA ex Hering totalizou R$1,08 bilhões, um aumento de 16,7% a/a e 5,1% acima da estimativa da Safra; e
- (ii) as vendas da Hering em R$597 milhões foram de +3% a/a e praticamente em linha com a estimativa do Safra.
Em termos de margem bruta, a empresa registrou uma sólida expansão anual de 89bps (contribuição positiva de 89bps da Soma ex Hering e +110bps na Hering), graças a maiores markups e maior participação dos itens vendidos a preço integral.
As pressões dos maiores impostos sobre vendas (DIFAL, PIS/COFINS no benefício do ICMS e maior taxa de ICMS em certos estados brasileiros) foram mais que compensadas, com a empresa indicando que aumentos na margem serão implementados nos próximos meses, reduzindo ainda mais a pressão da margem bruta.
Em base consolidada, o EBITDA ajustado total de R$ 251 milhões (+17% a/a) foi 16% acima da estimativa do Safra por conta do aumento no lucro bruto (devido a vendas e margens superiores às estimadas), enquanto as despesas gerais, administrativas e com vendas ficaram em linha com os números do Safra, apesar de ter crescido 36% no ano devido à maior participação das vendas de comércio eletrônico em Hering e a provisão mais elevada para participação nos lucros dos funcionários.
O lucro líquido ajustado de R$65 milhões foi superior à estimativa do Safra de R$54 milhões devido a melhores resultados operacionais. Por último, mas não menos importante, a empresa encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 852 milhões, um sólido índice dívida líquida/EBITDA de 1,2x.