A Auren (AURE3) reportou resultados consolidando os números da AES (não listada) pela primeira vez. Assim, apresentou números pro forma, que não são totalmente comparáveis com as estimativas de mercado.
O EBITDA reportado de R$389 milhões (-58% a/a) ficou significativamente abaixo da estimativa do Safra e 13,4% abaixo do consenso, principalmente afetado por:
- (i) -R$321 milhões relacionados à marcação a mercado (MtM) de contratos de energia sem impacto em caixa; e
- (ii) -R$6,7 milhões de outros impactos não recorrentes.
O EBITDA ajustado de R$717 milhões (excluindo dividendos de subsidiárias, pequenas provisões e efeitos de MtM) diminuiu 19% a/a, ficando 9,5% abaixo da estimativa do Safra.
O prejuízo líquido reportado de R$364 milhões (vs. lucro líquido de R$220 milhões no ano passado) compara-se à estimativa de lucro líquido de R$118 milhões do Safra, e a diferença é explicada principalmente por despesas financeiras mais altas do que o esperado e os impactos negativos de marcação a mercado nos resultados.
Resultados da Auren no quarto trimestre de 2024
As Receitas líquidas aumentaram 34,4% a/a, refletindo os fortes volumes de vendas do braço de trading (receitas aumentaram 84% a/a) no trimestre e o início dos projetos Sol do Jaíba, Tucano e Cajuína (o braço de geração cresceu 17% a/a), mas a Receita ficou 10% abaixo da estimativa do Safra, refletindo uma atividade de negociação menor do que a antecipada e os impactos da restrição (um impacto de 10,4% em comparação com 14,1% no 3T24).
O aumento das Receitas do braço de negociação foi acompanhado por um custo mais alto de energia comprada (+88% a/a), o que implicou margens negativas para o braço de negociação (EBITDA ajustado da negociação foi negativo em R$31 milhões).
As despesas gerenciáveis (PMSO) aumentaram 3,4% a/a e refletem algumas das iniciativas implementadas pela Auren para melhorar a eficiência das operações, como a redução de pessoal (segundo a empresa, as reduções de custos acumuladas totalizaram R$43,5 milhões em novembro e dezembro).
A alavancagem aumentou para uma dívida líquida/EBITDA de 5,7x em comparação com 1,6x reportado no trimestre anterior (antes da aquisição), ou 3,7x pro forma, de acordo com a empresa, principalmente devido à aquisição da AES Brasil, o que explica o forte aumento na linha de despesas financeiras.
O Safra também nota um aumento na linha de passivos contingentes prováveis (R$3,9 bilhões no 4T24 vs. R$2,6 bilhões no 4T23), explicado principalmente pela consolidação dos passivos da AES Brasil.
Por fim, a empresa também atualizou o saldo de passivos do fundo de pensão, que atingiu R$869 milhões com base na metodologia CPC33.
Avaliação do Safra sobre a Auren
Um resultado negativo, mas a recuperação está apenas começando. Os resultados operacionais da Auren foram fracos em comparação com as estimativas do Safra, mas os especialistas do Safra lembram que esta é a primeira vez que a Auren reporta seus números consolidados com a recentemente adquirida AES Brasil.
Embora os baixos resultados de negociação e os impactos da restrição expliquem em grande parte a diferença em relação às estimativas do Safra, o banco nota que a empresa está no início de um processo de consolidação e benefícios mais significativos do processo de recuperação devem aparecer mais tarde em 2025.