A AZZAS, empresa resultante da união da Arezzo e do Grupo Soma, apresentou no dia 15 de agosto o seu primeiro Investor Day como empresa combinada. A Direção discutiu questões importantes relacionadas à integração da empresa, às sinergias anunciadas e ao panorama das marcas. O Banco Safra informa ter recebido as principais mensagens do evento em uma nota positiva.
No entanto, o impacto das sinergias nos números do Safra não é muito significativo (aumento de 7% nas vendas até 2027). As discussões sobre sinergias foram focadas em um aumento nas vendas, que, na opinião do Safra, é mais difícil de ser alcançado (e rastreado) do que uma redução nas despesas e custos.
O evento contou com a participação de Azzas, Roberto Jatahy Rafael Sachete, Thiago Hering e outros executivos-chave da empresa. Foram abordadas as preocupações com a integração e preservação do valor da marca em cada unidade de negócios, assumindo a Azzas a posição de líder estratégico.
Para as sinergias anunciadas, o Safra vê um baixo crescimento dos números de curto prazo (+2,5% na estimativa do Safra de receita bruta 2025), mas também acreditamos que a queda nas estimativas de lucro deve ser limitada, pois os R$ 146 milhões em despesas de M&A contabilizadas em 2024 como despesas pré-negócio (representando 21% do total) deverá diminuir em 2025, com possível lucro bruto incremental de R$ 168 milhões devido às receitas adicionais.
O Safra mantém a recomendação de Compra em um valuation atrativo (P/L de 12x para 2025), apesar de reconhecermos a falta de gatilhos de curto prazo.
Um novo gigante nasce com união de Arezzo e Grupo Soma
A Azzas abordou os principais temas discutidos pelo mercado em termos de integração, governança e cultura. Com 34 marcas, a empresa supervisionará cada unidade de negócio, estabelecendo diretrizes estratégicas, criando sinergias corporativas e monitorando os resultados, mas cada unidade de negócios será responsável por sua DRE.
Em relação à autenticidade da marca, a alta administração reforçou ainda mais que o criador da marca e as características
empresariais precisam ser mantidas. O Safra acredita que a empresa investiu muito tempo e dinheiro para resolver as preocupações com a integração, o que é positivo na avaliação do Safra.
Guidance formal introduzido no mercado
A Azzas divulgou um anúncio de evento importante que apresenta o faturamento incremental esperado das sinergias na parte traseira dos lançamentos de novos produtos, vendas digitais da Hering, despesas relacionadas ao M&A em 2024 e abertura/conversão da megastore da Hering, que foram discutidos durante o Dia do Investidor.
Em termos de contribuição incremental de receita (+R$1,093 bilhões em 2027), a empresa dividiu-o em três categorias:
- (i) introdução de produtos de calçado nas marcas Farm e Hering (oportunidade de aumentar as vendas em 62%), já que a empresa compartilhou a anterior (e bem sucedida) caso da Reserva Go, cuja receita aumentou 212% em 2019-2023. A gerência também destacou que os riscos de canibalização são baixos, pois os produtos da Arezzo visam uma marca/cliente diferente e não devem afetar essa estratégia, levando a vendas incrementais em cada BU;
- (ii) nova estratégia de go-to market para o canal multimarca da Hering (oportunidade de aumentar as vendas em 22%), que deve ser sustentada por iniciativas na segmentação do cliente, estratégias comerciais, força de vendas e nível de serviço; e
- (iii) aumento da reatividade em relação aos produtos na temporada (oportunidade de aumentar as vendas em 16%) reduzindo as perdas de estoque e melhorando ainda mais o nível de descontos.
Para as vendas digitais da Hering, as projeções apontam para uma receita de 2024-2027 com CAGR de 20%, atingindo R$690 milhões em vendas brutas em 2027.
Em relação às despesas, a empresa mencionou que estima R$ 146 milhões em custos que devem ser incorridos em 2024, sendo os bônus de retenção a maior parcela (R$ 60 milhões).
Para os megastores da Hering, a Azzas espera mais do dobro da marca de 55 pontos de venda, que deve ser alcançada no final de 2024.
As marcas maduras, Arezzo e Hering, devem fornecer geração de caixa para apoiar as marcas em crescimento. devem fornecer o dinheiro necessário para apoiar as marcas em crescimento.
Considerando o tamanho e número de marcas da empresa, Alexandre Birman classificou Arezzo e Hering como marcas maduras; Schutz e Animale como em um processo de turnaround; e, mais importante, Reserva, Farm, Vans e Anacapri como marcas em crescimento.
Durante a apresentação, a empresa aprofundou as oportunidades para o Farm, com as principais fontes de crescimento da receita provenientes de:
- (i) Farm Global, que deve se concentrar em aberturas de lojas (+40 oportunidades mapeadas nos EUA e +20 na Europa), aumentando o número e a distribuição para contas chave de atacado, distribuição de comércio eletrônico e, por fim, aumentando seus investimentos para capturar mais crescimento, pois a empresa agora se sente mais confiante e tem uma unidade positiva de geração de fluxo de caixa;
- (ii) FARM etc., um novo segmento que oferece produtos de estilo de vida da marca FARM (carteiras, sandálias, garrafas, etc.) -uma loja pop-up teve um desempenho positivo, atingindo um nível de vendas semelhante ao de uma loja regular FARM; e
- (iii) FARM LatAm, cujo tamanho de mercado e perfil de clientes são semelhantes aos do Brasil. Para a Hering, a empresa abordou o aumento da notoriedade da marca e sua estratégia de aumentar as vendas para os clientes da AB1.
Tal estratégia deve ser apoiada pela crescente introdução de linho e produtos pima. Olhando para os principais canais, Thiago Hering destacou as oportunidades em vendas digitais que devem ser apoiadas pelo aplicativo e a introdução de novas categorias.
Por fim, apresentou o guidance para aberturas de megastores (próprios ou franqueados), que possuem ticket médio mais elevada, NPS e Vendas de Mesmas Lojas. No geral, esperamos que mais tempo e dinheiro sejam investidos nas marcas FARM, Hering e nas marcas em turnaround.
