Analistas do Banco Safra visitaram clientes em São Paulo e no Rio de Janeiro para discutir as perspectivas para o setor de Bens de Capital. Abaixo está um resumo das discussões.
Os investidores locais continuaram a expressar sentimentos mistos sobre a Embraer (ERJ; Compra; Preço Alvo US$52,00), algo observado desde que o Safra iniciou a cobertura da ação da empresa em julho de 2024, pois muitos veem a ação como justamente precificada.
A sensação dos analistas do Safra é que o principal potencial de alta reside na contínua expansão do programa de jatos executivos e no aumento gradual de sua margem consolidada após a redução das interrupções na cadeia de suprimentos e a melhoria nas entregas de qualidade.
Além disso, muitos acreditam que a longa carteira de pedidos da Airbus pode beneficiar a divisão comercial da Embraer. O Safra também aproveitou a oportunidade para avaliar o sentimento dos investidores sobre um possível investimento em um novo modelo de aeronave comercial.
No geral, os analistas notam uma postura avessa ao risco em relação a esse movimento, pois poderia potencialmente prejudicar a geração de fluxo de caixa da empresa e o pagamento de dividendos.
No entanto, poucos investidores (e o Safra) acreditam que isso deva ser uma prioridade de curto prazo para a empresa. Embora a maioria dos investidores concorde com a forte qualidade operacional da WEG (WEGE3; Neutra; Preço Alvo R$63,40), as opiniões sobre sua avaliação permanecem divididas.
Alguns veem o múltiplo alto como uma razão para ficar de fora, enquanto outros veem a WEG como subvalorizada em comparação com seus pares internacionais.
A forte demanda por transformadores no mercado dos EUA e o bom posicionamento da empresa no mercado parecem ser um consenso, embora novos modelos de IA na China tenham levantado algumas preocupações entre os investidores, embora em menor grau.
O maior risco de curto prazo são as tarifas dos EUA sobre o México e o risco de que possam ser estendidas ao Brasil. Vários investidores também destacaram os dados fracos de comércio exterior do Bureau de Comércio Exterior do Brasil (Secex) em janeiro como um indicador de curto prazo a ser monitorado.
A Marcopolo (POMO4; Compra; Preço Alvo R$10,40) continua sendo uma das empresas que mais atrai interesse no setor, com muitos investidores percebendo uma qualidade superior no caso.
Dito isso, o sentimento dos investidores em relação ao nome parece ter suavizado desde nossas últimas discussões há 3–4 meses. As preocupações com uma tendência macroeconômica pior aumentaram, particularmente o risco de desaceleração do PIB e aumento das taxas de juros, o que poderia atrasar a renovação da frota.
Considerando a atual carteira de pedidos saudável da empresa, notamos uma preocupação crescente com os volumes apenas a partir do 2S25. Por outro lado, nota-se que algumas dessas preocupações podem ser potencialmente compensadas pela contínua demanda aquecida por ônibus rodoviários (devido ao preço elevado das passagens aéreas) e pelas operações externas da Marcopolo, especialmente na Argentina, que podem apoiar tanto os volumes quanto a margem.
O Safra destaca que os investidores estão monitorando o impacto das tarifas dos EUA sobre o Canadá, o que poderia afetar negativamente a New Flyer, um player significativo no mercado de ônibus da América do Norte, no qual a Marcopolo detém uma participação de aproximadamente 8,1%.
O interesse na Randon (RAPT4; Compra; Preço Alvo R$12,80) está crescendo, principalmente devido à sua avaliação atraente ex Frasle, e que os investidores ainda estão se acostumando com a “Nova Randon”, que possui um perfil mais diversificado e menor dependência do setor agropecuário doméstico.
No entanto, apesar do interesse crescente, as pressões macroeconômicas de curto prazo sobre o resultado final da empresa (devido aos pagamentos por suas aquisições) parecem ser o maior obstáculo no caso. Quanto à Frasle (FRAS3; Compra; Preço Alvo R$26,10), apesar da percepção quase unânime da alta qualidade da empresa, com menor exposição aos ciclos econômicos domésticos e significativa diversificação geográfica, os investidores a veem como bem precificada.
Há um aumento no interesse pela Iochpe (MYPK3; não avaliada), atribuível às expectativas de recuperação da margem EBITDA e redução do capex, o que poderia aumentar a geração de fluxo de caixa e potencialmente aumentar os dividendos.
Além disso, a menor dependência da empresa em relação à economia doméstica é vista como um fator positivo. A GPS (GGPS3; Compra; Preço Alvo R$19,30) foi uma das ações que gerou o sentimento mais misto entre os investidores. Aqueles focados no curto prazo expressaram preocupações sobre uma desaceleração no crescimento orgânico da empresa após uma desaceleração macroeconômica, aumento dos custos trabalhistas e a ausência de catalisadores imediatos.
No entanto, investidores de médio a longo prazo tiveram uma perspectiva mais favorável, esperando que a empresa retome sua estratégia de aquisições a partir do 2S25, o que deve impulsionar um retorno a níveis de crescimento mais altos. O Safra nota que os clientes no Rio de Janeiro estão mais otimistas com a empresa do que os clientes de São Paulo.