A Cemig realizou seu Dia do Investidor anual, com a participação de Marcio Simões (presidente), Reynaldo Passanezi (CEO), Leonardo Magalhães (CFO), Fernando Passalio (secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais) e outros executivos-chave da empresa.
Fernando Passalio forneceu a visão do acionista controlador da empresa sobre o processo de federalização, enquanto a equipe de gerenciamento discutiu a estratégia de alocação de capital da empresa, iniciativas de ganho de eficiência e outras questões específicas da empresa.
Os analistas do Safra apresentaram os principais destaques abaixo:
Dentre os diversos temas importantes discutidos, destacamos:
(i) Atualizações sobre a discussão da federalização – o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais reconheceu que a federalização da empresa está sendo discutida como uma das possíveis soluções para a situação fiscal do Estado de Minas Gerais, mas mencionaram que, se essa solução for escolhida, deverá levar tempo para ser concluída devido à complexidade do processo;
(ii) alocação de capital – a Cemig deve orçamentar capex de R$ 37 bilhões de 2024 a 2028 focados no Estado de Minas Gerais, com aproximadamente 80% sendo implantado em segmentos regulamentados (como distribuição de gás e energia e transmissão de energia), mantendo um pagamento mínimo recorrente de 50%, o que poderia levar sua alavancagem para até 2,5x dívida líquida-para-EBITDA até 2027;
(iii) renovação de concessões – a empresa reafirmou que já solicitou a renovação das concessões dos seus ativos geradores (Sá Carvalho, Nova Ponte e Emborcação, com capacidade total instalada de 1,8GW, ou 34% da capacidade total instalada da Cemig) e avaliará as opções disponíveis para esse processo, que poderia envolver sua renovação por meio de um regime de cotas;
(iv) iniciativas de ganho de eficiência – a empresa continua implementando iniciativas de redução de custos, como o programa de rescisão social recentemente anunciado e a gestão das provisões relacionadas aos planos de saúde.
Além disso, a empresa também reafirmou sua intenção de potencialmente alienar sua participação na Taesa, Belo Monte e outros ativos não-core; (v) estratégia de comercialização de energia – uma vez que a Cemig registrou resultados muito positivos em seu braço de negociação, os investidores estavam interessados em saber mais detalhes sobre sua posição contratada, visão de preço a longo prazo e atualizações sobre as condições do mercado de energia no futuro.
Visão do Safra sobre a Cemig:
Continuidade de uma agenda construtiva; riscos de federalização ainda sobre a mesa.
Os analistas do Safra saíram da reunião com um sentimento positivo sobre os planos de operações da Cemig, já que avaliam a agenda contínua de ganhos de eficiência como positiva.
Além disso, acreditam que a distribuição de dividendos deve manter o impulso das ações, enquanto a alavancagem não
deve ser uma preocupação no curto prazo. Também vêm riscos potenciais de crescimento relacionados à resolução das provisões do plano de saúde, o desinvestimento bem-sucedido da Taesa, Belo Monte e outros ativos.
Por outro lado, o risco de uma possível federalização ainda está em jogo. Os analistas acreditam, porém, que a probabilidade de materialização desse risco é relativamente baixa dada a complexidade do processo e as muitas etapas necessárias, como aprovação da Fazenda Pública, da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, da agência reguladora do setor, detentores de obrigações, entre outros.
Na avaliação do Safra, o fluxo de notícias sobre este tema representa um potencial vento contrário. O Safra tem recomendação de Compra para Cemig com base em valuation e boas perspectivas de rendimento de dividendos.