O Grupo CMPC apresentou dados sobre o mercado de papel e celulose para analistas. A gerente de RI da CMPC, Claudia Cavada, e o diretor comercial, Guilherme Viesi, destacaram os seguintes tópicos:
- (i) perspectivas do mercado de celulose e
- (ii) os próximos passos na alocação de capital.
As perspectivas de curto prazo para os preços da celulose podem ser menos negativas.
A CMPC está cautelosamente otimista de que o próximo fundo de preço pode ser um pouco próximo aos níveis spot, pois:
- (i) a lacuna para o custo marginal dos produtores é estreita;
- (ii) os estoques nos portos e nas mãos dos produtores estão abaixo da média histórica; e
- (iii) a demanda por celulose pode acelerar até setembro.
A empresa acredita que ~10% da produção chinesa de BHKP (~2mt) pode mudar para compras de celulose de mercado se os preços estenderem seu declínio de US$ 620/t do preço spot.
Um preço de BHKP de US$ 550/t pode empurrar ~20%–30% da produção chinesa de madeira de lei para fora do mercado, e a empresa observou que tais decisões de redução de capacidade acontecem mais rápido na China em comparação com a Europa/América do Norte.
Além disso, a empresa mencionou que a maioria dos produtores de BSKP do Hemisfério Norte está “submersa” a preços spot de US$ 740/t, o que pode resultar em anúncios de fechamento de capacidade nos próximos meses.
Perspectiva de médio prazo pode ser mais favorável do que o mercado espera
O Banco Safra estima que o preço do BHKP da China terá uma média de US$ 624/t em 2025–27, em linha com a expectativa da CMPC de que os preços do BHKP podem ficar acima da média histórica (US$ 600/t) no período, principalmente devido à sua visão de um mercado apertado no período (por exemplo, utilização 91%).
No entanto, acredita-se que os preços ainda se comportarão em ciclos no período. A empresa acredita que os mercados de
madeira macia encolherão no futuro devido à falta de novos projetos e à possibilidade de mais paralisações de capacidade (devido a altos custos e/ou falta de madeira).
O spread BSKP-BHKP aumentará no caso base da empresa, potencialmente ultrapassando US$ 150/t (vs. um nível histórico de ~US$ 90/t), mas as margens do BSKP da indústria não crescerão devido aos custos mais altos por tonelada. Acreditamos que um spread de fibra de US$ 150-200/t no próximo período de 3 anos é suficiente para desencadear a substituição de fibra, favorecendo a demanda por BHKP.
A perspectiva de oferta e demanda de celulose parece decente para madeira dura e macia. A empresa mencionou que, após dois meses de baixas compras de celulose da China, os pedidos melhoraram bastante em agosto.
A alta temporada de celulose na China deve começar nos próximos meses (setembro), quando o país geralmente aumenta os pedidos para reabastecer os estoques e se preparar para o início do ano letivo (por exemplo, livros e cadernos).
Do lado da oferta, a empresa assume o início de novos projetos de celulose na China (Liansheng e Nine Dragons) e Indonésia (OKI II) no curto prazo, mas observou que o crescimento da demanda provavelmente absorverá essa oferta adicional.
Perdas inesperadas de produção tendem a aumentar nos últimos 15 anos, e a manutenção dessa tendência pode ajudar a compensar o crescimento da oferta no futuro. Além disso, a CMPC não vê a integração da produção de papel dos players asiáticos como um risco à estratégia de crescimento da empresa em celulose de mercado, já que o crescimento orgânico da demanda poderia mais do que compensar tal efeito.
Alocação de capital e custos da CMPC
A empresa obteve algumas licenças para seu novo projeto de infraestrutura portuária e capacidade de celulose de 2,5 mpty no Brasil (Projeto Natureza), no qual a empresa planeja investir ~US$ 4,6 bilhões em 2026–29.
A empresa espera submeter o projeto ao seu BoD em meados de 2026 e tem como meta seu início no 2S28–2029. Localizado no estado do Rio Grande do Sul, o novo projeto ficaria próximo à fábrica de Guaíba da empresa, permitindo capturar sinergias.
Dito isso, a CMPC reforçou seu foco na redução da alavancagem para se preparar para o investimento. Em relação aos custos, a empresa espera que seu custo de caixa/t permaneça em níveis saudáveis no 2S24, mantendo os níveis do 2T24 (ou seja, ~10% abaixo dos níveis de 2023).