A Cogna (COGN3) reportou os resultados do quarto trimestre de 2024 com vários itens não recorrentes e reversão de contingências, tornando-o um trimestre complexo de ler de forma recorrente, especialmente em relação aos impostos.
O EBITDA ajustado ficou um pouco acima da previsão do Safra, embora o número reportado tenha sido mais forte devido aos R$ 246 milhões em reversões de contingências não recorrentes.
A receita foi impulsionada pelo forte desempenho do ensino a distância na Kroton e pela contribuição da unidade B2G na Vasta, mas aqui algumas mudanças contábeis exigem alguns ajustes para tornar os números comparáveis às estimativas do Safra e períodos anteriores.
A margem EBITDA ajustada expandiu 855bps a/a, principalmente devido a uma importante diluição das despesas gerais, administrativas e de marketing, com um sólido fluxo de caixa livre de R$199 milhões no trimestre e uma desalavancagem do balanço patrimonial bem-vinda.
A empresa anunciou R$121 milhões em dividendos, resultando em um rendimento de 3,8%.
Após fazer todos os ajustes (descritos abaixo), o lucro líquido ajustado ficou 19% abaixo da estimativa do Safra. O banco mantém recomendação Neutra para COGN3 com base no valuation.
Kroton: Receita líquida ajustada aumentou 8% a/a
A receita líquida da Kroton foi de R$1.122 milhões (+16% a/a e 7% acima de nós), mas a empresa mudou a alocação de descontos para alunos inativos que, até o 3T24, reduziam a receita líquida.
No entanto, agora é registrado como PDA, resultando em um impacto positivo de R$80 milhões na receita. Ajustando os resultados para esse efeito, as receitas líquidas foram de R$1.042 milhões (+8% a/a e 1% abaixo de nós).
A receita foi impulsionada pelos fortes desempenhos de ensino a distância (+18% a/a), KrotonMed (+10% a/a) e OC (+14% a/a), conforme relatado.
Além disso, o EBITDA foi de R$327 milhões (+55% a/a e em linha com os números do Safra), mas excluindo os R$30 milhões em reversões de contingências relacionadas a disputas judiciais e R$31 milhões em itens não recorrentes, o EBITDA ajustado foi de R$267 milhões (+47% a/a e 19% abaixo de nós), resultando em uma margem de 25,6% (+538bps a/a e 571bps abaixo de nós).
Vasta e Saber, os destaques negativos do trimestre
As receitas da Vasta atingiram R$ 699 milhões (+26 a/a), devido a uma maior conversão de ACV em receita e também ao crescimento nas vendas para o governo (B2G) durante o trimestre.
O EBITDA ajustado cresceu 28% a/a (excluindo os R$100 milhões em reversões de contingências e R$22 milhões em itens não recorrentes), resultando em uma margem de 43% (+67bps a/a), impulsionada principalmente por maior eficiência operacional e um maior volume de vendas nos segmentos premium e B2G.
A Saber registrou receita líquida de R$380 milhões (-6% a/a), parcialmente explicada pelo pior desempenho e subsequente venda das operações de livros de ensino superior (SETs).
O calendário comercial do PNLD em 2024 não incluiu novas compras, apenas reposições, com base na participação de mercado alcançada nos anos em que os livros foram comprados. Como resultado, a empresa teve menores custos de publicidade (como amostras e frete para entregar os materiais) durante o período de vendas comerciais, o que levou a um aumento de +14,7pps a/a na margem bruta.
Como resultado, o EBITDA ajustado da Saber foi de R$190 milhões (excluindo os R$173 milhões em reversões de contingências e R$3 milhões em itens não recorrentes), com uma margem de 50,1% (+23,5pps a/a). Resultados operacionais consolidados.
O EBITDA ajustado foi de R$812 milhões (+47% a/a e 3% acima das estimativas do Safra), resultando em uma margem de 39,0%, +885bps a/a.
Abaixo do EBITDA, os resultados financeiros líquidos ajustados, excluindo R$299 milhões em reversões de contingências, foram de -R$278 milhões (+19% a/a e +14% vs. Safra).
O imposto de renda e as minorias foram de R$281 milhões, mas excluindo R$469 milhões em reversões de passivos contingentes não recorrentes e itens não recorrentes, foram de -R$189 milhões (com uma taxa de imposto de -24%).
A empresa menciona R$261,9 milhões em itens não recorrentes de impostos e acionistas minoritários relacionados à reversão de contingências, mas olhando para as demonstrações financeiras, parece haver R$469 milhões em itens não recorrentes de impostos.
O Banco Safra opta por uma abordagem mais conservadora para os ajustes. Como resultado, o lucro líquido ajustado foi de R$185 milhões (vs. -R$280 milhões no 4T23, 19% abaixo da estimativa do Safra e 30% abaixo do consenso).
Sólido fluxo de caixa livre impulsionando a redução da alavancagem
A geração de caixa operacional após capex foi de R$337 milhões (40% a/a), devido ao crescimento da receita da Kroton graças a uma melhor conversão de caixa, o que levou a empresa a alcançar uma geração de caixa operacional após capex de R$1.045 em 2024, em linha com a orientação.
Os pagamentos de juros totalizaram R$138 milhões no trimestre. Como resultado, o fluxo de caixa livre foi positivo em R$199 milhões. Consequentemente, a dívida líquida encerrou o trimestre em R$3,4 bilhões, reduzindo a relação de alavancagem (relação dívida líquida/EBITDA ajustado ex IFRS16) para 2,07x (vs. 2,66x no trimestre anterior e 3,13x no 4T23).