O Banco Safra reduziu o preço-alvo da Cosan (CSAN3) para o final de 2025 de R$ 24 para R$ 15 por ação, implicando um potencial de alta de 95%.
Além de atualizar as previsões para as empresas investidas, agora o Safra está adotando um desconto de holding de 30% (vs. 20% antes) para levar em conta a percepção de risco aumentada decorrente do impacto das taxas mais altas na alta dívida da empresa.
Dito isso, o Safra continua a classificar as ações da Cosan como Compra, sustentadas pela alta qualidade dos ativos subjacentes—alguns dos quais não são listados e só são acessíveis possuindo ações da Cosan—, as iniciativas de desalavancagem em andamento, a recuperação da Raízen (RAIZ4; Compra; PA R$2,90) e o potencial de alta mesmo com o desconto de holding aumentado.
O Safra estima que a Cosan está atualmente sendo negociada com um desconto de 29% em relação ao valor de mercado de seus investimentos, acima da média de 3 anos de 19%.
Nos últimos vários trimestres, a administração tomou medidas no lado da gestão de passivos que melhoraram o perfil da dívida da Cosan, levando a maturidade média da dívida para 6,1 anos em dezembro de 2024 (vs. 4,9 anos em junho de 2023), sem dívida vencendo antes de 2028.
Além disso, a empresa vendeu praticamente toda sua participação na Vale (VALE3; OP; TP R$72) por ~R$9 bilhões, e os recursos foram direcionados para reduzir a dívida.
Recuperação da Raízen deve gradualmente dar frutos ao longo do tempo
Em 2024, os pagamentos de juros da dívida da empresa e os dividendos dos acionistas preferenciais totalizaram R$3,839 bilhões, representando aproximadamente 89% dos dividendos recebidos no ano.
O Safra estima que a dívida líquida da Cosan (holding, não incluindo subsidiárias) deve cair de R$23,5 bilhões no final de 2024, refletindo a venda de sua participação na Vale, mas permanecer em R$15,1 bilhões no final de 2025 e 2026 – não incluindo o valor de resgate de R$8,5 bilhões das ações preferenciais.
A desalavancagem mais lenta do que o esperado em comparação com as projeções anteriores do Safra é principalmente devido ao aumento dos custos de serviço da dívida impulsionados por uma taxa Selic mais alta e nenhum dividendo da Raízen, pelo menos para este ano e os próximos dois.
Como resultado, o Safra antecipa que a relação de cobertura do serviço da dívida da Cosan seja de 0,8x em 2025 e 1,1x em 2026, em comparação com as estimativas anteriores do Safra de 1,5x e 1,4x, respectivamente.
Cortes de taxa antecipados podem ser positivos
Os analistas do Safra acreditam que a interrupção nos cortes da taxa Selic, juntamente com os aumentos recentes, destacou a urgência na desalavancagem da Cosan.
O mercado projeta uma taxa Selic de 15,0% e 12,5% no final de 2025 e 2026, respectivamente. Uma trajetória descendente mais rápida reduziria os custos de serviço da dívida e seria benéfica para as ações da Cosan, na avaliação do Safra.
Eventos de liquidez dependem das condições de mercado
Os analistas do Safra acreditam que a listagem das empresas privadas é um dos principais eventos geradores de valor para os acionistas da Cosan, pois poderia impulsionar uma desalavancagem mais rápida e reduzir o desconto de holding.
No entanto, as taxas de juros mais altas por mais tempo devem limitar o apetite por novos IPOs, enquanto as colocações privadas permanecem uma possibilidade.
Principais riscos
Além dos riscos associados a cada uma das empresas do portfólio, o Banco Safra destaca os seguintes riscos relacionados à holding:
- (i) taxas de juros mais altas do que o esperado, o que poderia implicar uma desalavancagem mais lenta e redução no fluxo de dividendos para os acionistas da Cosan;
- (ii) diluição da participação da Cosan nas empresas investidas.