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ANÁLISE

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Dasa: surpresa negativa na margem, mas capitalização é destaque

O EBITDA ajustado da Dasa ficou 5% abaixo de nossa estimativa e 13% abaixo do consenso, na análise do Banco Safra


A Dasa registrou uma margem EBITDA ajustada no 1T24 mais fraca do que o esperado, excluindo itens não recorrentes, com uma melhora nas receitas (embora ainda menor em relação ao ano anterior).

O capital de giro se deteriorou significativamente, com uma redução nos dias de contas a pagar, e a alavancagem atingiu 4,2x dívida líquida/EBITDA.

Para resolver essa questão, a Dasa anunciou um acordo de adiantamento para futuro aumento de capital (AFAC) de R$1,5 bilhão com os acionistas controladores para fornecer o fundo necessário para atender às suas necessidades operacionais e obrigações financeiras. Esse valor será capitalizado no futuro aumento de capital.

Com o preço atual das ações, a capitalização aumentaria o número de ações em 57,5%, mas a economia de juros reduzirá a diluição do LPA para cerca de 26%, em média, nos próximos anos, de acordo com nossas estimativas iniciais.

Entretanto, a capitalização é fundamental para reduzir as preocupações com a solvência, em nossa opinião. Mantemos a recomendação de compra devido aos fortes ativos que a Dasa possui e ao compromisso da administração e dos acionistas controladores com a turnaround, o que pode render muito no longo prazo, embora acreditemos que as ações provavelmente enfrentarão maior volatilidade até que os resultados operacionais melhorem de forma mais significativa e a desalavancagem se materialize.

Hospitais e Oncologia (BU1)

A receita líquida de R$1.924 milhões da BU1 aumentou 10% em relação ao ano anterior, impulsionada pelo crescimento de 8% no número de pacientes-dia e +3% no ticket médio, principalmente devido às contribuições do segmento de oncologia (+23% em relação ao ano anterior) e uma maior taxa de ocupação (239 bps em relação ao ano anterior, para 78,4%), embora as glosas permaneçam altas e tenham impactado negativamente a receita.

No entanto, a empresa registrou custos mais elevados de mat-med devido a efeitos mistos, e as despesas com pessoal aumentaram após ajustes relacionados ao Projeto de Lei de Enfermagem.

Esses fatores pressionaram a margem bruta para 25,0% (-84bps em relação ao ano anterior e -135bps abaixo de nossa previsão).

Diagnósticos, Cuidados Coordenados e Outros (BU2)

O volume de exames no segmento aumentou 3% em relação ao ano anterior, impulsionado pelos exames de dengue (principalmente no segmento B2B) com um efeito de calendário favorável.

O preço médio por exame aumentou 1%, levando a uma receita líquida de R$1.804 milhões (+1% anualmente e 4% acima da nossa previsão), impactada negativamente por uma maior concentração de descontos no trimestre.

Consequentemente, a margem bruta ajustada atingiu 36,0% (-66 bps em relação ao ano anterior, mas 255 bps acima de nossa estimativa). A receita líquida consolidada atingiu R$3.728 milhões (+5% a/a e +12% t/t), 1% acima da nossa estimativa e em linha com o consenso.

O EBITDA ajustado (excluindo itens não recorrentes relacionados a créditos extemporâneos) foi de R$581 milhões (-5% vs. Safra e 13% abaixo do consenso), com uma deterioração de 200bps a/a na margem EBITDA ajustada para 15,6% (-97bps vs. Safra).

Por fim, os resultados financeiros continuaram pressionados pela alta alavancagem, embora a redução das taxas de juros tenha contribuído para a redução dos resultados financeiros líquidos em relação ao ano anterior.

Como consequência, o prejuízo líquido ajustado atingiu -R$190 milhões (1% pior do que nossa estimativa e 181% pior do que o consenso) vs. um prejuízo líquido ajustado de -R$164 milhões no 1T23 e -R$502 milhões no 4T23 Alavancagem, capital de giro e glosas.

A dívida líquida atingiu R$9.623 milhões no 1T24 (DL/EBITDA de 4,2x) vs. uma dívida líquida de R$8.891 milhões (DL/EBITDA de 3,9x) no 4T23 e R$9.651 milhões (DL/EBITDA de 4,4x) no 1T23. Considerando o aumento de capital de R$1,5 bilhão, o DL/EBITDA cairia para 3,5x.

O capital de giro se deteriorou no 1T24 devido a uma redução nos dias de contas a pagar, que atingiu 45 dias (de 53 dias no 4T23), parcialmente compensado por uma queda nos dias de contas a receber, que ficou em 106 dias (de 108 dias no 4T23), com um aumento de 2 dias t/t nos dias de estoque.

Com relação às glosas, depois de excluir efeitos não recorrentes relacionados a mudanças nas provisões, a porcentagem da receita bruta melhorou no trimestre.

Aumento de capital

O conselho de administração da Dasa aprovou um instrumento (adiantamento para futuro aumento de capital, ou AFAC), no qual os acionistas controladores injetarão R$1,5 bilhão até 14 de junho de 2024 para fortalecer a estrutura de capital da companhia.

Essa injeção de recursos será coordenada pelo FIP Genoma III – Multiestratégia (veículo dos acionistas controladores) e é exclusivamente um adiantamento para futuro aumento de capital (ou seja, será eventualmente substituído por capital próprio) mediante a ocorrência do primeiro dos dois eventos a seguir: (a) qualquer transação que resulte em uma redução de pelo menos R$2,5 bilhões na dívida líquida; ou (b) 31 de dezembro de 2024. O preço será determinado pelo preço médio das ações nas 60 sessões de negociação após o fato gerador (a ou b). Os acionistas controladores não participaram da reunião do conselho que aprovou o AFAC. O FIP Genoma III subscreverá as ações no aumento de capital para capitalizar o AFAC, de acordo com as condições detalhadas acima. Ao preço atual das ações, o aumento de capital levaria a um aumento de 57,5% na base acionária, mas estimamos que a economia de juros reduziria a diluição do LPA para 26%, em média, nos próximos anos. No entanto, acreditamos que a capitalização traz o benefício, mais difícil de quantificar, de reduzir o prêmio de risco relacionado à liquidez.

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