O Banco Safra atualizou os modelos para empresas com grande exposição ao segmento de distribuição de energia, após incorporar os resultados recentes das empresas, premissas macroeconômicas atualizadas e novos ativos.
Novos preços-alvo:
- Energisa (ENGI11; Compra; Preço Alvo de R$ 62,10),
- Equatorial (EQTL3; Compra; Preço Alvo de R$ 44,60),
- CPFL (CPFE3; Neutro; Preço Alvo de R$ 37,50) e
- Neoenergia (NEOE3; Compra; Preço Alvo de R$ 30,90)
O Safra continua construtivo com o segmento, pois os riscos diminuíram com a divulgação das diretrizes de renovação de concessão, embora o banco tenha reduzido as estimativas médias para levar em consideração maior pressão de custo e maior capex, o que é necessário para entregar bons indicadores de qualidade.
Risco-off para temas regulatórios, mas provável pressão por mais capex no curto prazo
A publicação do decreto sobre a renovação de concessão de distribuidoras veio em grande parte em linha com as expectativas do mercado, representando um importante riscooff para o setor.
O safra espera que todas as empresas celebrem novos acordos, que incluirão metas de qualidade mais rígidas e exigirão
que as distribuidoras controlem os indicadores mais de perto.
Se olharmos para a eficiência histórica dos custos e a recuperação de grandes unidades, achamos que todas as empresas serão capazes de cumprir novas metas regulatórias; ainda assim, notamos que para 2024/2025 esperamos grandes desembolsos de capex e/ou alguma pressão sobre as linhas de custo.
Combinando isso com taxas de juros mais altas do que o previsto, além de um provável cenário macro mais difícil, os analistas do Safra chegaram a estimativas mais baixas em comparação aos modelos anteriores.
O valuation das distribuidoras ainda acende um brilho
O setor teve um desempenho ligeiramente inferior ao Ibov acumulado no ano, mas os nomes expostos à distribuidoras foram mais fracos em comparação à média.
O Safra atribui esse desempenho mais fraco a riscos potenciais relacionados aos requisitos estabelecidos para renovação de concessão, pressão de tarifas mais altas sobre inadimplência e índice de perda e alavancagem acima da média em comparação a outros segmentos.
O banco também destaca alguns follow-ons no setor que atraíram parcialmente fundos de muitos nomes. Como resultado, o Safra vê uma TIR média de 10,9% para os nomes expostos ao segmento (vs. uma média de 9,4% para o setor elétrico) e um retorno de 6,0% sobre títulos — um prêmio de 4,9 pps vs. uma média de 3,5 pps do setor elétrico, portanto ainda atraente, na avaliação do banco.
O Safra mantém a EQTL como a principal escolha no setor devido à sua exposição ao segmento distribuidoras. O banco reitera a Equatorial como principal escolha no segmento, com base nos upsides da recente aquisição de uma posição estratégica na Sabesp (SBSP3, Compra, Preço Alvo de R$ 142,60) e um bom histórico na implementação de um turnaround em suas unidades distribuidoras de energia, além de sua avaliação atrativa nos níveis atuais (o banco estima uma TIR de 10,1% para a empresa) devido ao seu portfólio diversificado.
A segunda opção preferida do Safra é a Energisa, que está sendo negociada a uma avaliação atrativa (TIR de 9,9%), com
boa eficiência e exposição a temperaturas mais altas em áreas de concessão na região Centro-Oeste.
Quanto à Neoenergia, o Safra vê como o nome mais descontado (TIR de 14,6%), com boas métricas operacionais e upsides da parceria com a GIC, mas menor liquidez em comparação com outras opções.
A CPFL é vista como uma das melhores operadoras do segmento, mas atualmente precificada em uma avaliação mais exigente (TIR de 9,0%).
Principais riscos do setor de distribuição de energia
Os principais riscos para nossa tese são:
- (i) ritmo de turnaround mais lento para ativos de saneamento e menor crescimento no segmento de gás, impactando a Equatorial e a Energisa, respectivamente;
- (ii) riscos regulatórios no caso dos segmentos de gás e saneamento, uma vez que as regulamentações são estabelecidas em nível estadual, bem como termos de renovação de concessão mais severos em comparação à proposta inicial do Ministério de Minas e Energia (MME);
- (iii) macro desfavorável, impactando volumes, inadimplência, perdas e resultados financeiros; e
- (iv) termos desfavoráveis para novos investimentos (todas as empresas mencionaram que estão interessadas em expandir seus portfólios).