O EBITDA reportado da Energisa (ENGI11) de R$ 1.791 milhões (-8,8% a/a) foi 4,2% abaixo da estimativa do Banco Safra e 7,4% abaixo do consenso, principalmente afetado por:
- (i) +R$190 milhões do ajuste pela inflação da base de ativos regulatórios (VNR) sem impactos em caixa;
- (ii) +R$250 milhões das margens de construção de transmissão (efeitos IFRS) vs. o número regulatório de R$127 milhões;
- (iii) -R$430 milhões relacionados a provisões no braço de geração distribuída, entre outros itens não recorrentes menores.
Ajustando para esses fatores, o EBITDA comparável teria sido de R$1.905 milhões, 1,9% acima da estimativa e 1,4% abaixo do consenso. Os lucros foram impulsionados por uma grande reversão de impostos, que os elevou para R$1,8 bilhões.
Os resultados recorrentes foram afetados por bons volumes no mercado cativo e alguma pressão de custos.
Detalhes dos resultados da Energisa no quarto trimestre de 2024
As receitas cresceram 13,3% a/a, impulsionadas por:
- (i) volumes totais de vendas melhores do que o esperado, que aumentaram 2,3% a/a, apesar da base de comparação difícil do ano passado e de uma queda nas vendas do mercado cativo;
- (ii) o início de projetos de transmissão no Amazonas e Tocantins;
- (iii) o início de novas unidades no braço de Geração Distribuída (receitas aumentaram 30% a/a) e o bom desempenho do braço de Comercialização de Energia (+152% a/a); ligeiramente compensados por (iv) menores vendas no segmento de Gás; e (v) uma queda nas tarifas em algumas unidades de DisCo.
Os custos gerenciáveis totais, excluindo D&A e construção, aumentaram 5,1% a/a e ficaram 8,4% acima do estimado como resultado de provisões 21% maiores.
O PMSO (pessoal, material, serviços de terceiros outras despesas) no segmento DisCo diminuiu 5,9% a/a (vs. inflação LTM de 4,8%, principalmente devido a um novo método contábil para participação nos lucros implementado no 4T23; os custos ajustados teriam aumentado +12,2% a/a), mas ficou 8,5% acima da estimativa do Safra.
As provisões para inadimplência aumentaram 10bps t/t, mas estavam em linha com a estimativa do Safra em termos de receitas brutas.
As perdas totais de energia diminuíram 48bps t/t para 12,35% de 12,83% no trimestre anterior, aproximando-se do nível regulatório de 12,26.
O EBITDA ajustado da DisCo (para excluir as provisões de R$430 milhões relacionadas aos impactos da geração distribuída no segmento) aumentou 3,4% a/a e ficou 4,7% acima da estimativa do Safra.
O EBITDA regulatório da TransCo de R$127 milhões foi 4% abaixo da estimativa do Safra, e a ES Gás reportou EBITDA de R$34 milhões, 34% abaixo da estimativa do Safra.
O EBITDA da Geração Distribuída da Energisa supera em 8% a estimativa do Safra
O lucro líquido reportado é explicado por:
- (i) R$458 milhões do ajuste de créditos tributários pela taxa Selic;
- (ii) R$1.096 milhões do reconhecimento de impostos diferidos relacionados à concessão de Rondônia.
A alavancagem aumentou t/t para 3,0x dívida líquida / EBITDA de 2,8x.
Avaliação do Safra: Apesar de vários itens não recorrentes, os resultados operacionais estavam em linha. O trimestre foi afetado por vários itens não recorrentes, mas bons volumes e o início de novos ativos ajudaram a compensar os custos e provisões maiores do que o esperado.
No resultado final, o efeito dos itens não recorrentes levou os impostos a se tornarem positivos, permitindo que a Energisa aumentasse os pagamentos de dividendos no 4T24, na avaliação do Safra.
O Banco Safra mantém a recomendação de Compra para a Energisa com base na valuation.