Os volumes médios diários de exportação de proteínas dispararam nas duas primeiras semanas de março, mas os preços permanecem amplamente estáveis sequencialmente e não estão ajudando os spreads das empresas do setor, segundo avaliação do Banco Safra.
O Bureau de Comércio Exterior do Brasil (Secex) divulgou os dados preliminares para a segunda semana de março, mostrando volumes médios diários estelares em todos os setores (consideramos os dados das duas primeiras semanas combinadas para melhor comparabilidade, pois a primeira semana do mês teve apenas 3 dias úteis).
Por outro lado, os preços da carne bovina e de aves caíram sequencialmente (ainda em alta na comparação anual), mas aumentaram 2% para a carne suína, embora ainda estejam abaixo dos custos de insumos (especialmente os preços dos grãos, embora os preços do gado tenham trazido algum alívio este mês).
Além disso, o Safra vê os spreads de exportação de carne bovina melhorando ligeiramente em termos sequenciais em março (ainda pior do que a média de cinco anos), enquanto os spreads de aves e suínos estão diminuindo na comparação mensal, mas ainda são melhores em relação ao ano passado e superiores à média de cinco anos.
No universo de cobertura do Safra, a BRF (BRFS3) é a empresa mais exposta às exportações brasileiras de aves e suínos, enquanto a Minerva (BEEF3) é a mais exposta às exportações de carne bovina.
Exportações de carne bovina
Os volumes médios diários melhoraram significativamente nas duas primeiras semanas de março (+77% a/a, +54% m/m e +97% s/s). Enquanto isso, os preços médios caíram ligeiramente em 1% s/s e m/m (+8% a/a).
Embora os preços tenham caído m/m, os preços de exportação de carne bovina até agora em março têm superado os preços do gado, que caíram 3% m/m (em termos de USD).
Como resultado, os spreads de exportação de carne bovina melhoraram ligeiramente em termos sequenciais, mas permaneceram abaixo da média de cinco anos.
Exportações de aves
Os volumes médios diários também melhoraram substancialmente na comparação mensal, anual e semestral nas duas primeiras semanas de março (+46%, +30% e +76%, respectivamente).
Enquanto isso, os preços médios não tiveram um desempenho tão bom, caindo 2% s/s (estável m/m e a/a). Além disso, os preços dos alimentos para animais continuaram a aumentar, principalmente devido ao aumento dos preços do milho (+8% m/m até agora em março; os preços da soja aumentaram +1% m/m).
Embora dados recentes do Conselho Brasileiro de Abastecimento de Alimentos (Conab) mostrem uma perspectiva positiva para a produção de milho e soja, os estoques apertados de milho estão pressionando as relações estoque/uso e aumentando os preços, o que pode levar a spreads menores no futuro se os preços das aves não aumentarem de acordo.
Assumindo os níveis de preços atuais, o Safra vê spreads de exportação de aves menores m/m, mas ainda acima da média de cinco anos.
Exportações de carne suína
Os volumes médios diários melhoraram significativamente a/a, m/m e s/s (+63%, +27% e +40%, respectivamente) nas duas primeiras semanas de março.
No acumulado do mês, os preços médios melhoraram 2% m/m e 1% s/s em relação à última semana de fevereiro. Embora a carne suína tenha sido a única proteína que mostrou alguma melhoria nos preços de exportação em março, ela também teve um desempenho inferior aos preços dos grãos, o que pode continuar indicando um aperto nos spreads no futuro.
Semelhante às exportações de aves, os spreads de exportação de carne suína são menores m/m, mas acima da média de cinco anos.