No dia 3 de outubro, a Gerdau realizou seu Dia do Investidor anual. Os principais temas abordados foram:
- (i) perspectivas de mercados;
- (ii) alocação de capital;
- (iii) investimento estratégico; e
- (iv) iniciativas de eficiência e controle de custos.
Mercado brasileiro: Perspectivas positivas apesar das ainda fortes importações de aço. A administração reforçou que as importações de aço chinês continuam sendo o principal desafio para o setor, já que o sistema de cotas de importação teve um impacto insignificante até agora. Gerdau observou que os importadores encontraram alternativas para evitar a taxação excessiva (por exemplo, importando através da Zona de Livre Comércio de Manaus e das ineficiências dos MNC). Ficou a impressão de que a administração está cautelosamente otimista quanto ao andamento das conversas com o governo para formular medidas mais eficientes para controlar as importações.
Além de um foco na eficiência operacional e no controle de custos, a Gerdau continua melhorando as soluções de serviço aos clientes para enfrentar a concorrência das importações. Em relação à demanda, a gestão é positiva sobre a demanda na maioria dos segmentos, como construção civil, infraestrutura, indústria e agronegócio.
No lado dos custos, a Gerdau conseguiu reduzir os custos fixos através de uma otimização da área ocupada e ganhos de eficiência na manutenção do equipamento. A administração observou que, pelo menos por enquanto, não pretende hibernar quaisquer outras operações.
Mercado norte-americano: sinais de estabilização da atividade, mas as margens podem vir sob pressão. A atividade tem se
enfraquecido, mas a gestão mencionou que o nível da carteira de pedidos permanece saudável. A empresa acredita que seu portfólio de produtos está bem-posicionado para capturar a demanda dos investimentos em infraestrutura, pois é otimista sobre um aumento sequencial da atividade no setor. Nesse contexto, a gerência mencionou seu foco de vários anos na diferenciação operacional e tecnológica dos pares, visando garantir margens maiores ou pelo menos mais resilientes.
Para os analistas do Safra, as margens poderiam inclinar-se para níveis de um dígito médio em breve, mas eles reconhecem os ganhos estruturais de rentabilidade da Gerdau (i) seção 232; (ii) maior eficiência operacional; e (iii) maior mix de vendas de valor agregado.
Atualização sobre o mercado de aços especiais: oportunidades a longo prazo.
A gerência espera uma demanda estável de aços especiais em 2025, com perspectivas relativamente melhores para veículos pesados no Brasil. A empresa aposta em algumas tendências que poderiam explicar o potencial de crescimento da demanda a longo prazo, como (i) a baixa taxa de motorização no Brasil em relação a outros países da América Latina; e (ii) maior produção de veículos elétricos e SUVs.
Para colocar em contexto, a gerência observou que as empresas de consultoria preveem que a demanda por barras especiais (SBQ) no Brasil e nos EUA poderia aumentar em uma taxa de crescimento anual médio de 5% e 3%, respectivamente, em 2024-30.
Sem mudanças nas políticas de dividendos ou endividamento em breve
A Gerdau tem como política distribuir aos acionistas um mínimo de 30% do lucro líquido ajustado do ano, mas ultrapassou esse limite desde 2018. A empresa indicou que os retornos dos acionistas continuam sendo um foco, mas mudanças na política de dividendos são improváveis- analistas do Safra creditam que a empresa atualmente prefere recompras em vez de dividendos.
Os níveis de dívida da Gerdau estão dentro dos limites estabelecidos em sua política financeira de dívida bruta em não mais que R$ 12 bilhões, e a alavancagem está muito abaixo do nível da política (0,5x no 2T24 vs. 1,5x na política), o que nos fez pensar que poderia otimizar sua estrutura de capital em breve, mas a administração mencionou que não vê razões para mudar sua política de manter forte liquidez e endividamento em meio às condições voláteis do mercado.
Revisão do plano estratégico de investimentos
A Gerdau revisou seu plano de investimento estratégico, reavaliando a atratividade dos projetos-uma medida prudente, na avaliação dos analistas do Safra, em meio à significativa volatilidade macroeconômica.
O plano revisado prevê a implantação de investimentos no valor de R$ 5,8 bilhões até 2027, em comparação com os R$ 6,3 bilhões até 2026. A redução resulta de um menor escopo de investimentos na competitividade florestal, parcialmente compensado por maiores investimentos downstream na América do Norte. Isso ainda está acima do saldo de R$ 3,5 bilhões em investimentos estratégicos no modelo do Safra, já que o banco assume que nem todos os projetos estabelecidos no plano serão realizados. A contribuição anual potencial de EBITDA desses projetos também foi revisada, passando de R$ 4,0 bilhões para R$ 4,2 bilhões quando totalmente vencidos.