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Grupo Mateus é destaque no setor de consumo básico

Grupo Mateus apresenta balanço com margens melhoradas, mas a geração de caixa continua sendo uma preocupação, segundo o Banco Safra


Em uma noite agitada, quatro empresas de consumo básicos reportaram seus ganhos. O destaque positivo, na avaliação do Banco Safra, foi o Grupo Mateus (GMAT), que registrou uma batida de EBITDA de 7% apesar da desaceleração das Vendas de Mesmas Lojas.

Quanto às outras empresas, o Safra considera os resultados neutros.

A Raia Drogasil (RADL) registrou mais um trimestre com bom ritmo de crescimento das vendas (+15% a/a, em linha com a estimativa do Banco Safra), apesar da pressão sobre a margem do EBITDA maior que o esperado. O PCAR teve um trimestre sem crescimento (+2% a/a), mas com melhor nível de rentabilidade e margem de EBITDA em 8,8%. No entanto, a queima de caixa permanece alta (R$ 1,1 bilhão nos últimos 12 meses excluindo o produto da venda e vendas de ativos) e é a principal preocupação do Banco Safra com relação ao papel.

Por fim, os resultados do 2T24 da Blau foram ligeiramente melhores que o esperado, com crescimento mais elevado, mas com uma margem de EBITDA inferior ao esperado, que permanece bem abaixo dos níveis históricos da empresa, que é a preocupação do Safra com a ação.

RADL3: Desempenho de vendas sólido, mas pressão de margem ligeiramente superior ao esperado. A empresa registrou receita bruta de R$ 10,4 bilhões, com crescimento de 15% no ano, com aumento de 9,2% nas Vendas de Mesmas Lojas (Vendas de Mesmas Lojas das lojas maduras com aumento de 6,7% no ano), somado à abertura líquida de 266 lojas nos últimos 12 meses.

Além disso, a produtividade das lojas aumentou 5% no ano, atingindo uma receita mensal média por loja de R$ 1,140 milhões (vs. R$ 1,082 milhões no 2T23) em função dos esforços da empresa nas vendas digitais (17,8% das vendas, 360bps acima do ano) e um maior número de ingressos.

Em termos de mix, os destaques foram produtos de marca e genéricos, com +16,6% e +14% a/a, respectivamente, seguidos por HPC e OTC, com +13,8% e +10,9% a/a, respectivamente. A margem bruta foi de 66 pb no ano para 28,2%, -25 pb vs. a estimativa do Safra devido à combinação de um menor ajuste de preço do CMED no ano (+4,5% em 2024 vs. 5,6% em 2023) e um maior imposto sobre vendas. Esse impacto foi parcialmente compensado pela maior diluição dos gastos de SG&A (-7bps a/a). Consequentemente, a margem do EBITDA foi abaixo de 59bps a/a, levando a um aumento de EBITDA ajustado de R$824 milhões, com +7% a/a e 4% abaixo do Safra.

O lucro líquido atingiu R$ 349 milhões no trimestre, um bom resultado anual, mas 6% acima da estimativa do Safra, devido a uma taxa de imposto sobre a renda inferior ao esperado.

Por último, mas não menos importante, em termos de alavancagem, a RADL encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 3 bilhões vs. R$ 2 bilhões no segundo trimestre de 2023, e o consumo de caixa foi principalmente relacionado aos capex implementados na abertura de novas lojas e na reforma das já existentes e investimentos em tecnologia. Apesar do aumento do ano, a empresa terminou o trimestre com uma relação dívida líquida/EBITDA líquida de 1,1x vs. 0,8x no 2T23.

Grupo Mateus (GMAT3): EBITDA bateu 7% apesar da desaceleração das Vendas de Mesmas Lojas. A empresa registrou receita bruta de R$ 8,7 bilhões, com +19% a/a, com aumento das Vendas de Mesmas Lojas de 4,8% a/a (vs. +10,4% no 2T23 e +9,6% no 1T24), além da abertura líquida de 25 lojas nos últimos 12 meses.

Vale ressaltar que as lojas maduras representaram apenas 46% do total. Receita bruta por formato:

  • (i) C&C, +22,2% a/a em R$4,8 bilhões;
  • (ii) Varejo, +9,5% a/a em R$2,0 bilhões;
  • (iii) B2B, +29,2% a R$1,5 bilhão; e
  • (iv) Eletro, +7,2% a/a em R$315 milhões.

Apesar da maior participação do Cash and Carry no mix (55% vs. 54% no 2T23), a empresa conseguiu manter sua margem bruta praticamente estável no ano (-5bps e em linha com o Safra). Por outro lado, o aumento das despesas de SG&A relacionadas ao plano de abertura da loja levou a Margem de EBITDA ajustado cai 16bps a/a para 6,3%, mas 38bps acima da estimativa do Safra.

Consequentemente, o EBITDA ajustado totalizou R$478 milhões (+16% a/a e +7% vs. Safra). A margem de EBITDA da filial do Nordeste ficou em 4,5% nos últimos 12 meses vs. 4,1% em 2023.

Não estamos preocupados com a queda da margem de EBITDA -16bps, já que o GMAT abriu 25 novas lojas que estão atualmente maturando.

O lucro líquido ajustado atingiu R$347 milhões, 18% a/a e 16% acima da estimativa do Safra, devido a uma taxa de imposto de renda mais baixa na cobertura de juros sobre capital próprio, perda fiscal acumulada adiada para o futuro e imposto diferido sobre as provisões (impacto positivo de R$51 milhões).

Por fim, a empresa melhorou o seu ciclo de caixa, com uma diminuição de 8 dias em relação ao ano anterior (t/t estável), principalmente devido à redução de 6 dias nos estoques.

Além disso, o GMAT encerrou o 2T24 com balanço sólido e uma posição de dívida líquida de R$ 584 milhões (ou 0,3x dívida líquida/EBITDA).

O Grupo GPA (PCAR3): Margens melhoradas, mas a geração de caixa continua sendo uma preocupação. Vendas totais atingem R$ 4,8 bilhões, com aumento de 2% a/a (-2% vs. Safra):

  • (i) as vendas do portfólio premium chegaram a R$ 2,4 bilhões (+1% a/a, +3% vs. Safra), já que o crescimento de +2,7% a/a das Vendas de Mesmas Lojas foi parcialmente compensado pela redução da pegada (-1 loja nos últimos 12 meses);
  • (ii) as vendas das lojas principais totalizaram R$ 1,6 bilhão (-1% a/a , +5% vs. Safra), já que o crescimento de +3,4% Vendas de Mesmas Lojas foi mais do que compensado por 13 fechamentos de lojas nos últimos 12 meses;
  • (iii) as vendas diretas (Aliados) + lojas de bairro ficaram em R$ 781 milhões (+7% a/a, -13% vs. Safra) devido a uma combinação de +6,9% a/a crescimento das Vendas de Mesmas Lojas e aumento da contagem de lojas (+35 nos últimos 12 meses); e
  • (iv) as vendas de outros negócios totalizaram R$ 68 milhões (+94% no ano). Vale ressaltar que a empresa registrou um ganho de market share de 70bps a/a neste trimestre no Estado de São Paulo.

A margem bruta de 28,2% foi superior em 190bps ao ano (+89bps vs. Safra), uma vez que o plano de turnaround continua a dar frutos:

  • (i) novos termos comerciais com fornecedores;
  • (ii) nova estratégia promocional;
  • (iii) crescimento na receita dos meios de comunicação de retalho; e
  • (iv) redução dos custos logísticos. EBITDA ajustado atingiu R$ 396 milhões (+32% a/a), com margem de 8,8% (+200bps a/a) devido à alavancagem operacional, e foi impulsionado por ganhos de eficiência nas despesas de venda, apoiados pelo programa orçamentário de base zero.

A perda líquida ajustada das operações contínuas foi de R$ 271 milhões vs. R$ 324 milhões no 2T23 devido ao melhor desempenho operacional.

Por fim, a empresa registrou geração de caixa nos últimos 12 meses (variação líquida da dívida) de R$ 1,2 bilhão, o que inclui o impacto positivo das vendas de ativos e do recente aumento de capital (R$ 2,3 bilhões).

Excluindo esses eventos, o consumo de caixa teria sido de R$ 1,1 bilhão nos últimos 12 meses, que é a principal preocupação do Safra no case.

A Blau Farmacêutica (BLAU3): Ligeiramente melhor do que o esperado, mas ainda bem abaixo dos níveis históricos da empresa. Receita líquida de R$ 465 milhões, com um crescimento de 28% em relação ao ano anterior (6% acima da estimativa do Safra), que considera R$ 42 milhões do r
recém-adquirido Bergamo (comparado à estimativa do Safra de R$ 50 milhões).

De um ponto de vista orgânico, excluindo Bergamo, a receita líquida teria sido 16% a/a devido aos comps fáceis (as vendas no 2T23 foram 1% a/a), como o mercado permanece duro, com preços médios mais baixos devido a um cenário competitivo difícil. Lucro bruto totalizou R$170 milhões, acima de 12% a/a (11% acima de Safra), com margem bruta de 36,5%, abaixo de 510bps a/a (+189bps superior à estimativa do Safra), impulsionado por:

  • (i) a consolidação de Bergamo, que apresenta margens mais baixas;
  • (ii) um cenário competitivo difícil e consequentemente, preços mais baixos para produtos importantes; e
  • (iii) uma combinação de vendas mais pobre. Além disso, os gastos operacionais mais altos levaram a uma pressão adicional na margem de EBITDA, que chegou a 18,3%, abaixo de 756bps no ano e 29bps abaixo da estimativa do Safra.

Assim, o EBITDA totalizou R$ 85 milhões, com queda de 10% no ano (4% acima da estimativa do Safra). Vale ressaltar que a margem de EBITDA permanece significativamente abaixo do nível de 33% no 2T22.

O lucro líquido foi de R$48 milhões, com queda de 32% no ano e 9% abaixo da estimativa da Safra. Por fim, a empresa encerrou o 2T24 com uma dívida líquida de R$143 milhões, em comparação com uma posição líquida de R$186 milhões no 2T23, ou uma queima de caixa de R$329 milhões nos últimos 12 meses.


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