Os resultados do Itaú foram bons, como esperado, com um ROE de quase 22% nas operações consolidadas. O non-core opex foi um destaque positivo no trimestre, o que ajudou a compensar uma receita abaixo do esperado no primeiro trimestre, levando o índice de eficiência a 38,3%, outro nível recorde.
O crescimento dos empréstimos ficou aquém das expectativas do Banco Safra no trimestre, em grande parte explicado pela saída deliberada do Itaú do risco de clientes individuais que destroem valor, o que contribuiu com +300bps em relação ao ano anterior para a lucratividade do segmento.
Embora os resultados apresentem uma certa postura conservadora em relação ao crescimento do crédito, na avaliação do Banco safra isso é consequência de uma avaliação de risco prudente, que deve maximizar o LTV dos clientes.
Como referência e em conexão com essa estratégia, o Itaú foi capaz de crescer seus depósitos à vista em +1% (parcialmente ajudado por efeitos cambiais) – enquanto o SANB caiu -9% e o BBDC caiu -18% -, superando seus pares na captação de clientes.
Reiteramos nossa recomendação de Compra para o Itaú Unibanco, destacando seu valuation barato de 7,3x P/E, desconectada da consistência de seus lucros.
Principais destaques do balanço do Itaú Unibanco
Há algumas semanas, o relatório mensal sobre os balanços dos bancos elaborado pelo Safra sinalizou que os resultados do Itaú no primeiro trimestre poderiam superar nossas expectativas, o que de fato aconteceu.
O lucro do Itaú antes dos impostos aumentou 6,0%, superando as expectativas do Safra em 2%. No entanto, uma alíquota efetiva de impostos maior do que a esperada compensou parcialmente esse resultado, levando o lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco a R$9,771 bilhões (21,9% de ROE), ligeiramente (+0,7%) acima de nossas expectativas.
Embora a NII total tenha caído sequencialmente (-0,9% em relação ao trimestre anterior), impactada negativamente pela NII de clientes (-1,8%), as provisões líquidas caíram 3,9% em relação ao trimestre anterior (para R$8,793 bilhões, representando um custo de risco de 3,9%) e o opex caiu 6,2% em relação ao trimestre anterior (2,5% abaixo de nós), levando o lucro antes de impostos do Itaú a atingir R$14,385 bilhões, +6,0% em relação ao trimestre anterior.
A carteira de crédito do Itaú ficou abaixo da de seus pares no 1T24, com queda de 0,6% (vs. 0,9% do Bradesco e +1,7% do Santander Brasil). A carteira de crédito do Itaú no Brasil caiu -0,6% em relação ao trimestre anterior (-1,2% em relação ao ano anterior).
Os empréstimos a pessoas físicas caíram 0,6% em relação ao trimestre anterior, enquanto os empréstimos a empresas aumentaram 1,0% no período.
A melhora na qualidade dos ativos foi novamente um dos principais destaques positivos do trimestre. Na frente de qualidade de crédito, o Itaú continua a entregar bons resultados, com NPL de 90 dias em 2,7% (-10 bps em relação ao trimestre anterior), o menor em dois anos, impactado principalmente pelo segmento de pessoas físicas no Brasil (que atingiu 4,2% no 1T24), beneficiando-se das safras mais recentes, melhor qualidade em cartões de crédito, empréstimos pessoais e para veículos.
O aumento de 10 bps no NPL mais curto (15 a 90 dias) é explicado por efeitos de sazonalidade na operação brasileira. Com provisões cobrindo 101% de uma formação de NPL de 90 dias estável em 4,0%, o índice de cobertura do Itaú cresceu 5pps em relação ao trimestre anterior para 221%.
A carteira renegociada foi de R$34,6 bilhões, uma queda de 2,5% em relação ao trimestre anterior, seguindo uma redução nas carteiras de pessoas físicas e jurídicas, com o índice de NPL de 90 dias dessa carteira inalterado em 18,3%. Posição de capital ainda sólida, apesar da pequena queda.
O índice CET-1 caiu -72 pontos-base para 13,0% devido aos dividendos adicionais no período, acima de nossa expectativa de queda de -50 pontos-base, sobre ativos ponderados pelo risco de crédito (RWA) mais altos devido ao maior RWF em operações de quase-capital (circular 229 do BCB), um impacto de -19 pontos-base.