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Minerva tem crescimento sólido, mas com margem abaixo da estimativa

Safra mantém recomendação neutra para Minerva, e não vê potencial de crescimento suficiente para compensar o aumento da alavancagem e os riscos associados a Marfrig


A Minerva apresentou resultados operacionais variados no segundo trimestre de 2024, com um sólido crescimento de receita, mas uma margem de EBITDA ajustado inferior ao esperado.

O Brasil teve um bom desempenho, mas os volumes ficaram abaixo das estimativas do Banco Safra enquanto a Colômbia e a Austrália (cordeiro) apresentaram volumes sólidos.

Apesar do desempenho de volume mais fraco na Argentina e no Paraguai, foi compensado pelos aumentos de preços, levando a um sólido crescimento de receita.

Além disso, o lucro líquido saiu melhor do que o esperado devido ao hedge de RF.

O Banco Safra mantém recomendação neutra para BEEF3, pois não vê um potencial de crescimento alto o suficiente
para compensar o aumento da alavancagem e os riscos associados à integração dos ativos adquiridos da Marfrig, especialmente considerando que o banco espera que os custos do gado sejam cada vez menos um vento a favor e mais um vento a contrário.

Receita líquida atingiu R$ 7,666 bilhões, +5% no ano e 3% acima da estimativa do Safra.

Os preços médios da Minerva recuaram 14% no ano, contrariado pelo sólido crescimento de volume de 23% no mesmo período, resultando em uma receita líquida superior ao esperado de R$ 7.666 milhões (+5% no ano e 3% acima da previsão do Safra).

Os volumes foram 2% menores que a previsão do Safra, com o Brasil ainda bem, mas menor do que o esperado (+25% a/a, -3% t/t e 4% abaixo da estimativa do Safra).

Colômbia e Austrália foram uma surpresa positiva em termos de volume, registrando um crescimento significativo de 25% e 55%, respectivamente.

Enquanto isso, o desempenho na Argentina e no Paraguai foi pior do que o esperado, com volumes caindo 10% e 4% ano a ano, respectivamente.

Além disso, os preços médios melhoraram na Argentina (+24% a/a) e no Paraguai (+8% a/a), mas recuaram no
Brasil (-17% a/a), Uruguai (-7% a/a), Colômbia (-5% a/a) e Austrália (-30%a/a), levando a um preço médio consolidado do ano de 14% inferior.

EBITDA ajustado de R$714 milhões foi de +1% e 4% abaixo do consenso.

Margem bruta de 21,7% melhorou em 94bps no ano (25bps pior que estimativa do Safra). As despesas gerais e administrativas como porcentagem das vendas deterioraram-se 103bps a/a, levando a uma margem de EBITDA ajustado de 9,3% (excluindo outros resultados operacionais), 71bps abaixo da estimativa do Safra.

Maior disponibilidade de gado e, consequentemente, menores custos no Brasil e no Paraguai podem ter sido os motores da melhoria da margem t/t. Além disso, o resultado financeiro líquido foi 22% melhor do que o esperado em R$493 milhões, impactado pelo aumento das despesas financeiras devido ao maior endividamento após a aquisição dos ativos da Marfrig, mas foi compensado pelos fortes resultados de instrumentos financeiros utilizados para cobertura de câmbio. Além disso, o imposto sobre a renda chegou a -R$7 milhões, gerando um lucro líquido de R$95 milhões (-21% no ano e revertendo a perda líquida de -R$186 milhões no 1T24).

Fluxo de caixa livre sólido no trimestre, mas alavancagem mais elevada

O fluxo de caixa operacional foi sólido e ficou em R$ 766 milhões (vs. R$ 578 milhões no 2T23 e R$ 1,355 bilhão no 1T24), apesar do impacto negativo da mudança de -R$ 700 milhões nos requisitos de capital de giro, devido ao aumento de R$ 790 milhões nas contas a receber relacionadas às exportações crescentes, embora as contas de comércio tenham parcialmente compensado esse efeito, retornando R$288 milhões ao t/t.

O fluxo de caixa livre atingiu R$ 404 milhões no 2T24, melhorando de R$ 191 milhões no 2T23 e R$ 367 milhões no 1T24. A dívida/EBITDA pró-forma (ajustado pelo EBITDA de ALC e BPU e o pré-pagamento de R$ 1,5 bilhão pelos ativos da Marfrig) atingiu 3,0x (3,6x ND/EBITDA reportado), vs. 2,8x no 1T24 e 2,7x no 2T23. No entanto, a posição de R$ 11,188 bilhões (excluindo os R$ 5,325 bilhões a serem pagos à Marfrig) ainda parece confortável o suficiente para atender ao cronograma de amortização da dívida pelo menos até o final de 2027, com 86% do total da dívida vencendo no longo prazo.


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