O EBITDA ajustado da Minerva (BEEF3) ficou 18% acima da previsão do Banco Safra e +22% vs. consenso. A Minerva reportou resultados operacionais melhores do que o
esperado no quarto trimestre de 2024, com sólido crescimento da receita impulsionado por volumes fortes. Por outro lado, o lucro líquido foi significativamente abaixo da estimativa do Safra e do consenso da Bloomberg.
Brasil, Argentina e Colômbia foram os destaques entre as regiões com aumento significativo de volume, enquanto Paraguai e Uruguai registraram volumes menores a/a. Além disso, no segmento de cordeiro, a Austrália apresentou um desempenho sólido em termos de volumes.
Enquanto isso, as despesas financeiras líquidas foram negativamente impactadas pelo câmbio e pelos efeitos de marcação a mercado, além de despesas financeiras crescentes devido ao maior endividamento, o que levou a um lucro líquido significativamente pior.
Safra mantém classificação neutra para a ação da Minerva (BEEF3)
O Banco Safra mantém classificação Neutra para BEEF3, pois espera ventos contrários devido à reversão do ciclo do gado no Brasil. Além disso, a empresa aumentou significativamente a capacidade para aumentar a produção, e seu balanço mais alavancado enfrenta um cenário de aumento das taxas de juros.
As receitas líquidas atingiram R$10,714 bilhões, +74% a/a e 7% acima da estimativa do Banco Safra. Os volumes da Minerva foram impulsionados significativamente em 22% a/a (15% melhor do que a estimativa do Safra), principalmente impulsionados pelas operações no Brasil (volumes aumentaram 30% a/a, parcialmente apoiados pelos ativos adquiridos da Marfrig), Argentina (volumes 31% maiores a/a, também impulsionados pelos ativos adquiridos) e Colômbia (volumes aumentaram 70% a/a).
Esse aumento de volume foi mais do que suficiente para compensar os volumes menores a/a no Uruguai (-13% a/a) e Paraguai (-20% a/a). Na Austrália, o negócio de cordeiro também teve um bom desempenho, com volumes aumentados em 40% a/a. Em relação aos preços médios, Paraguai e Brasil foram os destaques em termos de aumentos de preços, que subiram 46% a/a e 29% a/a, respectivamente.
Uruguai e Austrália registraram preços estáveis a/a, enquanto os preços médios na Colômbia recuaram 3% a/a. Como resultado, a receita consolidada foi de R$10.714 milhões (+74% a/a e +7% vs. estimativas do Safra e do consenso).
O EBITDA ajustado de R$ 951 milhões aumentou 56% a/a e foi +18% acima do previsto pelo Safra.
A margem bruta de 19,9% caiu 230bps a/a (74bps melhor do que a estimativa do Safra) devido ao aumento dos custos do gado. Enquanto isso, as despesas de SG&A como porcentagem das vendas melhoraram 74bps a/a, levando a uma margem EBITDA ajustada de 8,9% (excluindo outros resultados operacionais), 81bps melhor do que a estimativa do Safra e +110bps vs. consenso.
Além disso, os resultados financeiros líquidos aumentaram 386% a/a, negativamente impactados pelo câmbio e pelos efeitos de marcação a mercado, bem como por despesas financeiras mais altas impulsionadas pelo maior endividamento. O imposto de renda aumentou 28% a/a, levando a um lucro líquido ajustado de -R$1.562 milhões (vs. R$26 milhões no 4T23 e R$84 milhões no 3T24).
Forte fluxo de caixa livre no trimestre e aumento da alavancagem após aquisição dos ativos da Marfrig (MRFG3).
O fluxo de caixa operacional foi forte e ficou em R$2,544 bilhões (vs. R$938 milhões no 4T23 e R$1,891 bilhão no 3T24, R$6,557 bilhões em 2024), impulsionado por uma mudança positiva nas necessidades de capital de giro (R$692 milhões de fornecedores e R$1,4 bilhões principalmente de adiantamentos de clientes).
O fluxo de caixa livre atingiu R$990 milhões no 4T24 (R$2,429 bilhões em 2024), melhorando de R$117 milhões no 4T23 e R$667 milhões no 3T24. A dívida líquida/EBITDA pro-forma (ajustada para os ativos recém-adquiridos) atingiu 3,7x vs. 2,8x no 4T23 e 2,6x no 3T24. No entanto, a posição de caixa de R$14,461 bilhões ainda parece confortável o suficiente para atender ao cronograma de amortização da dívida pelo menos até o final de 2028, já que 83% de sua dívida total vence no longo prazo.
Além disso, em termos de dias de capital de giro, o Safra nota um aumento nos dias de estoque e outras passivos de capital de giro (11 dias e 12 dias a/a, respectivamente), enquanto outras linhas permaneceram praticamente inalteradas (+1 dia a/a para dias de contas a receber, +3 dias a/a para contas a pagar e estáveis a/a para dias de outros ativos de capital de giro).