A Minerva reportou resultados operacionais mistos no primeiro trimestre de 2024, com sólido crescimento da receita, mas margem EBITDA ajustada abaixo do esperado. O Brasil foi o destaque em termos de desempenho de receita, impulsionado por volumes sólidos que mais do que compensaram os preços mais baixos.
Também acreditamos que o país impulsionou o desempenho da margem, uma vez que os custos do gado têm caído à frente dos preços da carne bovina no Brasil, enquanto o Uruguai e o Paraguai sofreram alguma pressão de custos e os volumes de exportação foram menores na América do Sul, exceto no Brasil.
Além disso, os resultados financeiros se deterioraram devido à pressão sobre os resultados financeiros líquidos e ao imposto de renda mais alto do que o esperado.
Mantemos uma recomendação neutra para a BEEF3, pois não vemos um potencial de alta suficientemente alto que possa compensar o aumento da alavancagem e os riscos associados à integração dos ativos adquiridos da Marfrig.
Além disso, acreditamos que a surpresa negativa na margem pode gerar algumas preocupações sobre as previsões de lucros. A receita líquida atingiu R$7.187 milhões, +13% em relação ao ano anterior e 9% acima de nossa estimativa.
Os preços médios da Minerva recuaram 13% em relação ao ano anterior, o que foi mais do que compensado pelo crescimento do volume de 30% em relação ao ano anterior, levando a uma receita líquida acima do esperado de R$7.187 milhões (+13% em relação ao ano anterior e +9% acima da nossa previsão).
Os volumes foram 7% melhores do que o esperado, com o Brasil sendo o destaque positivo (+47% em relação ao ano anterior, +16% em relação ao trimestre anterior e +33% acima de nossas estimativas).
Enquanto isso, a Colômbia foi o país mais atrasado, com os volumes caindo 34% em relação ao ano anterior (-12% vs. as estimativas do Safra). Os volumes do Uruguai melhoraram 10% em relação ao ano anterior, mas ficaram 35% abaixo do esperado, enquanto o desempenho no Paraguai, na Argentina e na Austrália ficou em linha com nossas estimativas.
Além disso, os preços médios melhoraram na Argentina (+6% ano a ano), Colômbia (+25% ano a ano) e Paraguai (+3% ano a ano), mas se deterioraram no Brasil (-8% ano a ano), Uruguai (-19% ano a ano) e Austrália (-11% ano a ano), levando a um preço médio consolidado 13% menor.
EBITDA ajustado de R$606 milhões da Minerva é 14% maior no ano ano a ano e 3% abaixo do consenso
A margem bruta de 19,9% melhorou 180 pontosbase em relação ao ano anterior (46 pontos-base abaixo de nossa estimativa). As despesas SG&A como porcentagem das vendas deterioraram 145 pontos-base em relação ao ano anterior, levando a uma margem EBITDA ajustada de 8,4% (excluindo outros resultados operacionais), 17 pontos-base abaixo da nossa estimativa.
Acreditamos que os custos mais altos do gado no Uruguai e no Paraguai e a queda nos volumes de exportação na América do Sul ex-Brasil (-13% em relação ao trimestre anterior) impulsionaram a contração sequencial da margem, embora os custos do gado tenham permanecido favoráveis no Brasil.
Além disso, o resultado financeiro líquido ficou 20% abaixo do esperado, em -R$626 milhões, impactado por um aumento nas despesas financeiras devido a níveis mais altos de endividamento após a aquisição dos ativos da Marfrig.
Além disso, o imposto de renda foi de -R$36 milhões, levando a um prejuízo líquido de R$186 milhões (revertendo o lucro líquido de R$114 milhões no 1T23 e o prejuízo líquido de R$20 milhões no 4T23).
Fluxo de caixa livre positivo no trimestre
O fluxo de caixa operacional foi de R$1.355 milhões (vs. -R$8 milhões no 1T23 e R$938 milhões no 4T23), impactado positivamente por uma melhora de R$318 milhões no capital de giro (principalmente de contas a pagar).
O fluxo de caixa livre atingiu R$367 milhões no 1T24, melhorando de -R$853 milhões no 1T23 e R$117 milhões no 4T23.
Apesar da maior alavancagem de 2,8x dívida líquida/EBITDA (considerando ALC e BPU proforma) – que aumentou ligeiramente de 2,6x no 1T23 e permaneceu praticamente inalterada em relação a 2,8x no 4T23 -, a posição de caixa da empresa ainda parece confortável o suficiente para cumprir seu cronograma de amortização da dívida pelo menos até o final de 2025, já considerando o pagamento remanescente de R$6bn à Marfrig.