A MRV (MRVE3) realizou seu dia do investidor no dia 16 de abril com a participação da alta administração da empresa. Os executivos forneceram uma visão geral da estratégia de recuperação em andamento da empresa e das medidas tomadas para recuperar a lucratividade.
A administração também esclareceu os benefícios da nova rodada de incentivos aprovada no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Novos incentivos do MCMV e pipeline de lançamentos
A nova rodada de incentivos do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) deve impulsionar significativamente a acessibilidade dos compradores de imóveis, permitindo à empresa aumentar os preços enquanto reduz o volume de entradas (“Pró Soluto”).
Considerando a nova estrutura do MCMV, a acessibilidade dos clientes deve aumentar em:
- (i) 14% no Tier 1;
- (ii) 15% no Tier 2;
- (iii) e 27% no Tier 3.
A administração prevê que seu estoque elegível para o Tier 1 aumentou 5 vezes, para R$3,0 bilhões (~30% do total), e para o Tier 2, em 65%, para R$3,8 bilhões (~40% do total).
Enquanto isso, a empresa está visando R$11 bilhões em Valor Geral de Vendas (PSV) lançados para 2025, distribuídos em:
- (i) 20% no Tier 1;
- (ii) 50% no Tier 2;
- (iii) 25% no Tier 3; e
- (iv) 5% no Tier 4.
Aumento da lucratividade
Uma das principais alavancas para melhorar a lucratividade está na redução do capital empregado em aquisições de terrenos. Para 2025, a empresa planeja pagar apenas 10% dos terrenos adquiridos em dinheiro (de 42% em 2023), com o pagamento começando apenas após a aprovação do alvará.
A administração também destacou que, apesar do maior volume de permutas de terrenos, ainda reduziu os custos de aquisição — que devem cair para 9% do PSV em 2025, de 11% em 2023.
Enquanto isso, o banco de terrenos da MRV em seu balanço patrimonial totaliza R$2,4 bilhões, que a empresa espera reduzir para R$1,0 bilhão até o final de 2029.
Esse objetivo também deve ser alcançado através da venda de terrenos que não se encaixam em seu segmento principal (por exemplo, comercial, SBPE, etc.).
Esses esforços devem aumentar os níveis de retorno da MRV, e a administração prevê um ROE melhorado de 10% em 2025, atingindo 20% já em 2026.
Guidance
A administração está confiante em alcançar o guidance oficial para o ano, que visa em seu segmento principal:
- (i) receita líquida de R$9,5 bilhões–R$10,5 bilhões;
- (ii) margem bruta de 29%–30%;
- (iii) lucro líquido de R$650 milhões–R$750 milhões; e
- (iv) geração de caixa de R$500 milhões–R$700 milhões.
O estoque deve representar ~55% do volume de vendas, o que deve impulsionar as receitas, dado a maior evolução do PoC. Em relação à geração de caixa, os executivos preveem que apenas um terço do FCF da empresa deve ser alcançado pelo fluxo líquido de vendas de recebíveis. Resia.
Os executivos estão visando a transição da Resia para um modelo de negócios mais leve em ativos, reduzindo o capital empregado em cada projeto para 10% — abaixo dos 30% da estrutura anterior.
A empresa também planeja reduzir novos lançamentos e sair de mercados não essenciais, como Austin. A principal prioridade continua sendo a desalavancagem, com uma meta de R$800 milhões em vendas de ativos até o final de 2026, o que deve reduzir sua alavancagem em US$480 milhões.
Em 2025, a empresa prevê US$389 milhões em vendas de ativos, alimentando uma geração de caixa estimada em US$272 milhões. Embora essas vendas devam fortalecer o balanço patrimonial, também devem continuar pressionando seu P&L, dado as margens esperadas mais baixas. Visão do Safra.
Na visão do Banco Safra, a MRV está tomando as medidas necessárias para recuperar a lucratividade, ainda apoiada pelo grande impulso na acessibilidade dos compradores de imóveis, o que deve permitir à empresa continuar aumentando os preços de venda sem aumentar os níveis de Pró Soluto.
Por outro lado, as recuperações das construtoras geralmente levam algum tempo. A perspectiva de curto prazo da MRV permanece desafiadora, pois a maior alavancagem da empresa e o plano de redução da Resia devem continuar pesando nos resultados, o que justifica a recomendação Neutra do Safra.