A Natura &Co registrou um conjunto de resultados negativos, apesar do EBITDA melhor que o esperado da operação na América Latina.
O EBITDA ajustado consolidado de R$ 803 milhões foi 5,8% acima da estimativa do Banco Safra, com contribuição positiva da Natura Brasil e resultados lacustres da Avon Int., uma nova deterioração em relação ao desempenho do trimestre anterior.
Os resultados foram poluídos, segundo o Safra, pois a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 859 milhões, afetado pela Avon Products Inc. (“API”), que apresentou o capítulo 11 (mecanismo da lei de Falências dos EUA usado para suspender a execução de dívidas e permitir que a empresa proponha um plano de reestruturação sem que precise parar de opera).
Em termos de fluxo de caixa livre, a Natura encerrou o trimestre com um EBITDA líquido de 1,2x, uma utilização líquida de R$ 858mn t/t.
Opinião do Safra sobre os resultados da Natura
Apesar dos resultados melhores do que o esperado da Natura & Co Latin América, o Safra vê os resultados gerais como negativos devido a uma combinação de:
- (i) deterioração adicional na Avon Int. Em comparação com o desempenho já fraco do trimestre passado;
- (ii) eventos únicos que continuaram a pressionar o resultado final da empresa;
- (iii) perda de caixa levando a um EBITDA líquido de 1,2x; e (iv) arquivamento de API para o chapter 11.
Como destacado no início de cobertura da ação, o Banco Safra, continua a ter preocupações com relação à Avon Int. ‘execução, que deve continuar a pesar sobre os resultados. Com o adiamento de uma possível spin-off, o Safra vê o nome com baixos gatilhos positivos no curto prazo.
Além disso, o Safra vê a unidade NTCO negociando em 14x 2025 P/L, que também suporta a classificação neutra.
Natura & Co Latin América
Tendências positivas de vendas no Brasil e ganhos de margem. Receita líquida de R$ 5,92 bilhões, com crescimento de 8,4% (7,7% acima da estimativa do Safra), principalmente devido à contribuição mais positiva do que o esperado da Natura Brasil, em razão de maior cross-selling, boa aceitação de produtos e inovação.
Em termos de contribuição para o crescimento por geografia e marca: Natura – Brasil, +14,8% a/a; Hispânico, +13,3% (em moeda constante, +27,4%); e Avon – Brasil, -9,5% a/a; Hispânico, -0,7% (em moeda constante, -5,4%).
Em termos de margem bruta, a divisão registrou um ganho de +110bps em comparação com o ano anterior, atingindo 65,3% devido à maior participação da Natura no total das vendas.
EBITDA ajustado ficou em R$850 milhões, margem de 14,4% (+110bps a/a e 60bps acima de Safra), resultado dos ganhos da implementação da Onda 2, especialmente a contribuição positiva dos países latino-americanos (ex Brasil).
Deterioração adicional dos resultados da Avon Int. Receita líquida de R$ 1,42 bilhão representou queda de -5,5% no ano (-8,4% em moeda constante) devido à contínua contração do número de representantes de vendas (-11% no ano) e à menor execução promocional no período.
O EBITDA ajustado de R$ 37,6 milhões foi uma perda considerável em relação ao estimado pelo Safra de R$ 66 milhões, como resultado da menor diluição das despesas pesando nas margens.
Vale ressaltar que a margem de EBITDA no 2T24 de 2,6% representa uma nova deterioração quando comparada ao número de 5,3% do 1T24.
Prejuízo líquido de R$ 859 milhões continuou a ser pressionado por perdas pontuais, apesar da batida do EBITDA. Em base consolidada, o EBITDA de R$ 803 milhões foi 5,8% acima do número do Safra, resultado de uma combinação de números mais sólidos da América Latina e baixa execução pela Avon Int.
Os impostos sobre o rendimento foram impactados por uma write-off única de R$ 725 milhões relacionada à reestruturação da API, que resultou em prejuízo líquido de R$ 859 milhões no trimestre.
Lucro líquido ajustado, excluindo PPA e ONE, totalizou R$ 16 milhões, abaixo da estimativa de R$ 48 milhões devido ao aumento dos impostos sobre o rendimento.
Consumo de caixa levou a um EBITDA de 1,2x dívida líquida; preenchimento da API para o capítulo 11.
A empresa encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 2,1bilhões (dívida-para-EBITDA de 1,2x), um consumo de caixa de R$ 858 milhões t/t, superior à estimativa do Safra, devido às necessidades de capital de giro mais elevadas do que o habitual (devido principalmente a contas a receber) para apoiar o crescimento.
Por último, mas não menos importante, a empresa divulgou um aviso de evento material informando que a Avon Products Inc. havia arquivado o capítulo 11 e que havia suspenso os estudos relacionados à separação da Avon da Natura até que o processo de reestruturação tenha sido concluído.
Natura & Co também se comprometeu a fornecer um financiamento de US$ 43 milhões em dívida em posse (DIP) para apoiar as atividades da Avon durante o processo, que terá impacto monetário.
A empresa também está fazendo uma oferta de US$ 125 milhões para adquirir as operações da Avon fora dos EUA, sem impactos em dinheiro, pois os créditos já existentes serão usados em consideração.