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ANÁLISE

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Raízen foca na redução do endividamento e simplificação

As iniciativas da nova equipe de gestão da Raízen devem levar a uma capacidade de geração de caixa melhorada e, consequentemente, à redução da alavancagem


O Banco Safra introduziu um novo preço-alvo de 12 meses de R$ 2,90 por ação (anteriormente R$ 5,60) e manteve a recomendação de compra (outperform) para a Raízen (RAIZ4).

O novo preço-alvo implica um potencial de alta de 70%, segundo o Safra. O banco considera que a Raízen esteja negociando a 3,9x EV/EBITDA 2025/26E vs. a média de 5,0x desde o IPO.

O Safra espera que a Raízen se beneficie de um foco mais forte nas operações principais e na desalavancagem, o que inclui a venda de ativos não essenciais e uma estratégia de alocação de capital mais disciplinada.

As iniciativas da nova equipe de gestão devem levar a uma capacidade de geração de caixa melhorada e, consequentemente, à redução da alavancagem e à melhoria da percepção de risco ao longo do tempo.

Raízen entra em nova fase

Após as mudanças na equipe executiva, a nova gestão deixou claro que o foco agora é criar valor e simplificar a estrutura corporativa, os processos internos e o portfólio da empresa, além de fortalecer a estrutura de capital da Raízen.

Eles definiram 3 linhas de negócios principais:

  • (i) etanol, açúcar e bioenergia;
  • (ii) mobilidade Brasil; e
  • (iii) mobilidade Argentina.

O escopo do braço de negociação foi redefinido para incluir açúcar e etanol e a aquisição de produtos petrolíferos para o negócio de distribuição.

Importante, o ritmo de crescimento do E2G foi desacelerado, pois a Raízen completará as duas plantas atualmente em construção, mas não tem planos para novas, alcançando cinco plantas operacionais até 2027.

Elefante na sala

O Banco Safra destaca o claro senso de urgência da gestão em abordar a questão mais urgente da Raízen: o endividamento.

Após passar por um ciclo de crescimento prolongado, que incluiu aquisições e sua entrada em novas linhas de negócios—como o E2G—, bem como investimentos no segmento agroindustrial visando fechar a lacuna de produtividade da empresa, a Raízen experimentou um aumento em sua dívida líquida para R$41,5 bilhões no final de 2024 vs. R$17,9 bilhões pouco antes de seu IPO em 2021.

A combinação de despesas de capital e o serviço da dívida manteve o fluxo de caixa da Raízen sob pressão, e as mudanças na trajetória e no nível da taxa de juros local aumentaram ainda mais essa pressão, levando a Raízen a queimar caixa nos últimos trimestres.

Embora altamente dilutiva aos preços atuais, uma emissão de ações seria uma maneira de acelerar esse processo, mas declarações recentes da gestão indicam que provavelmente não é o caso base deles.

O que mais foi feito até agora?

Além da revisão no cronograma das plantas de E2G, a Raízen tomou medidas na frente de venda de ativos, vendendo projetos de geração distribuída e 900 mil toneladas de cana-de-açúcar, incluindo a própria cana-de-açúcar da Raízen e contratos de fornecedores, e reavaliou os planos para distribuição de combustíveis no Paraguai, reduzindo sua participação originalmente pretendida na operação, consequentemente diminuindo os desembolsos futuros.

Atenção aos riscos

Os principais riscos para nossa tese incluem:

  • (i) diluição dos acionistas atuais;
  • (ii) condições climáticas desfavoráveis;
  • (iii) preços de commodities;
  • (iv) intervenção governamental nos preços dos combustíveis domésticos;
  • (v) execução de capex;
  • (vi) regulamentações ambientais;
  • (vii) mudança no framework tributário; e
  • (viii) desalavancagem mais lenta do que o esperado.

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