O Banco Safra atualizou as estimativas para a Randon (RAPT4) e introduziu um novo preço-alvo de 12 meses de R$12,30 por ação (de R$16,60 por ação), com potencial de valorização de 42%.
O Safra manteve a recomendação de Compra e revisou o modelo de avaliação para incorporar o novo cenário macroeconômico, mudanças no custo de capital e projeções atualizadas para as operações da companhia, incluindo a aquisição da Kuo Refacciones pela Frasle e EBS.
Na nova projeção, a Randon é negociada atualmente a 5,3x EV/EBITDA em 2025, cerca de 14,5% abaixo de sua média.
Forte crescimento da receita, apesar do vento contrário no mercado doméstico
A receita líquida da companhia deve atingir R$14,9bi em 2025 (+26% a/a) beneficiando-se do contrato com a Mercedes, do aumento nos volumes nos EUA (contrato com a SPA para fornecimento de 2,5 mil unidades em 2025) e das integrações da Kuo Refacciones e da EBS, fatores que devem mais do que compensar o cenário doméstico mais fraco. Menor crescimento do PIB, aumento das taxas de juros e condições financeiras mais apertadas podem pesar nas decisões sobre renovação da frota, criando pressão sobre volumes em suas divisões de Reboques (Montadora) e Autopeças.
Do ponto de vista da lucratividade, 2025 será um ano de recuperação gradual
As margens devem se beneficiar da consolidação da Kuo Refacciones – que deve elevar a margem da Frasle para 19% em 2025 (de 15,9% nos últimos 12 meses) – e de um mix mais favorável em sua divisão de Reboques, impulsionada por melhorias no setor de agronegócio, que registrou desempenho mais fraco em 2024.
Essas melhorias devem ajudar a compensar o desempenho mais fraco da divisão de Autopeças (resultante do início do contrato com a Mercedes), que tem uma margem EBITDA menor do que a da Randon. Consequentemente, o Safra projeta uma margem EBITDA consolidada de 14,9% em 2025, ante 13,6% em 2024. Por outro lado, após o pagamento das empresas adquiridas, as despesas financeiras da companhia devem pesar sobre seu lucro líquido, que deve cair 9,1% a/a, para R$365mi.
Tese de investimento:
- (i) exposição a setores essenciais da economia, como o agronegócio, para o qual o Safra projeta desempenho robusto no longo prazo, já que a crescente demanda global por alimentos deve continuar impulsionando o crescimento das vendas de longo prazo das divisões de Reboques e Autopeças da Randon;
- (ii) liderança de mercado, vantagens competitivas na maioria dos mercados em que atua, capacidade de manter o poder de precificação e investimentos consistentes em tecnologia dão à companhia fortes vantagens competitivas com fornecedores e clientes, reforçadas pela reputação da Randon por seus produtos de alta qualidade;
- (iii) aquisições estratégicas para aumentar sua participação em mercados internacionais, com foco em mercados mais maduros, proporcionando mais estabilidade ao seu lucro;
- (iv) comprometimento com a inovação, favorecendo o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos e garantindo que a companhia permaneça competitiva e bem-posicionada para o crescimento futuro.
Principais riscos:
- (i) atividade econômica mais fraca, o que impactaria significativamente os clientes da Randon e reduziria sua capacidade ou disposição de investir na renovação de ativos, levando a potenciais quedas na receita;
- (ii) lucro líquido prejudicado pelo maior encargo financeiro, já que os pagamentos por suas aquisições devem aumentar as despesas financeiras da companhia e pesar sobre o lucro líquido, principalmente devido aos juros mais altos;
- (iii) desaceleração no agronegócio, já que a receita da companhia atualmente tem alta exposição à sua divisão de Reboques (32% das vendas totais);
- (iv) aumento da concorrência, potencialmente levando a pressões sobre preços e compressão de margem; e (v) dificuldades na integração das aquisições.