A situação atual da matriz brasileira de energia elétrica e as possibilidades do próximo leilão de capacidade de reserva estiveram na pauta da reunião do CEO da Associação Brasileira de Geradores Termoelétricos (ABRAGET), Xisto Vieira Filho, com analistas.
Ele iniciou a reunião dando uma visão ampla da matriz brasileira e das mudanças observadas no funcionamento devido à introdução de novas fontes no sistema e comparando nossa grade com a dos diferentes países.
O desafio de operar um sistema que tem grande parte da sua fonte em energia renovável envolve sempre a adequação,
segurança e resiliência. Segundo o executivo, os eventos de redução da carga (curtailment) poderiam ser reduzidos com a oferta de carga base do despacho térmico na região Nordeste para proporcionar estabilidade de tensão e frequência à rede.
Ele abordou os recentes apagões e perdas de energia que ocorreram em vários estados. Mesmo a tecnologia existente para baterias de grandes redes (sistemas) como temos no Brasil pode não ser capaz de garantir a confiabilidade desejada.
Próximo leilão de capacidade de reserva
Sobre o leilão de capacidade, os principais tópicos da reunião foram:
- (i) expectativa de demanda – A ABRAGET estima uma necessidade total de ~16GW, embora a demanda possa ser menor, refletindo diferentes cenários do Escritório de Pesquisa Energética (EPE) e o Operador do Sistema Elétrico Nacional (ONS);
- (ii) calendário para o leilão – considerando o cronograma para o leilão de capacidade de reserva de energia 2021, poderia levar de 3 a 4 meses após a publicação da diretriz para que o leilão de capacidade ocorra;
- (iii) Exemplos de outros países – A ABRAGET citou os resultados do leilão de capacidade da PJM, onde novos preços subiram acentuadamente em relação ao anterior, as fontes competiram diretamente e as térmicas ganharam a maioria dos contratos (~90%).
Avaliação do Banco Safra
Como a matriz brasileira já é renovável, a Safra Corretora concorda com a visão da ABRAGET de que adicionar mais usinas sincronizadas conectadas diretamente ao sistema (como térmicas e hidros com grandes reservatórios) para proporcionar mais segurança e confiabilidade seria ideal.
Na avaliação dos especialistas do Safra, o cronograma para a realização do leilão de novas capacidades ainda é incerto, pois depende da publicação de diretrizes do Ministério das Minas e Energia (MME).
O Safra acredita que o Governo ainda gostaria de ter o leilão este ano, considerando atual o cenário hídrico seco e o fato de que vários contratos térmicos estão chegando ao fim em breve.
No geral, este leilão oferece boas oportunidades para empresas sob nosso universo de cobertura, como Eneva (ENEV3; Preço Alvo de R$ 15,80; Compra), Eletrobras (ELET3/ELET6 R$ 54,40/59,40; Compra), Copel (CPLE3/CPLE6; R$ 11,30/R$ 12,30; Compra) e Auren (AURE3; Preço Alvo de R$ 17,00; Compra), embora se espere que a concorrência aumente com participação potencial da Petrobras (PETR3/PETR4; Preço alvo de R$34,00; Neutro) e de outras empresas não listadas.