A fabricante e distribuidora de produtos de saúde Viveo reportou números fracos em razão de um crescimento ainda suave, margens pressionadas e uma dinâmica ainda desafiadora do capital de giro e da logística, segundo análise do Banco Safra.
Os resultados operacionais estavam em linha com os números do Banco Safra, enquanto a diferença de lucro por ação (LPA) foi atribuída ao maior resultado financeiro e à D&A (valor de dados e análise).
A empresa citou várias iniciativas para resolver os problemas enfrentados, incluindo otimização de estoques, redução de fretes com o aconselhamento de uma consultoria especializada, evolução da estrutura organizacional e de governança, entre outros.
O Safra vê potencial de melhoria a partir do nível atual, mas, considerando os desafios operacionais significativos e o balanço alavancado, não achamos que o risco/retorno seja atraente o suficiente e mantém a recomendação neutra sobre as ações.
Receita líquida de R$ 2.753 milhões (+9% a/a e -7% t/t) foi um sucesso em linha com a estimativa do Banco Safra.
O segmento Hospitais e Clínicas registrou receita líquida de R$ 2,020 bilhões (+11% a/a e acelerando em relação ao crescimento orgânico de 1,2% no ano anterior e +2% no 1T24), principalmente por conta do aumento nos volumes de medicamentos de alto custo.
Laboratórios e Vacinas registraram um crescimento decente de 21% a/a, em linha com a estimativa e alcançando faturamento de R$275 milhões, impulsionado pela vacina contra a dengue e pelo aumento das vacinas Pneumo 15 e Shingrix.
O segmento Varejo registrou receita líquida de R$212 milhões (-5% a/a, desacelerando em relação ao +11% a/a do ano passado e +15% no 1T24).
Por fim, o segmento de Serviços registrou receita líquida de R$ 247 milhões (-4% a/a), uma vez que a empresa perdeu um cliente em produtos de composição estéril após o 3T23 e o canal foi impactado pelo desastre natural no Rio Grande do Sul.
O EBITDA ajustado de R$ 170 milhões (-32% a/a e -15% t/t) está em linha com a estimativa da Safra e 6% acima do consenso.
A Viveo registrou uma margem bruta de 14,4% (-351bps a/a e 57bps abaixo da estimativa), principalmente devido ao efeito misto do aumento nas vendas de medicamentos de alto custo, maior participação de vacinas no segmento de Laboratórios e Vacinas e menor aumento na CMED em relação ao ano passado (5,6% em 2023 vs. 4,5% em 2024).
Despesas SG&A (custos de vendas, gerais e administrativos) em 12,4% do faturamento (+156bps a/a, +109ps t/t e 139bps pior que a estimativa do Safra), resultando em uma margem de EBITDA ajustado de 6,2% (8bps abaixo de Safra) e EBITDA ajustado1 (excluindo itens não recorrentes) de R$ 170 milhões (-32% a/a e -15% t/t), em linha com Safra e -6% abaixo do consenso.
Lucro líquido ajustado chegou a -R$ 5 milhões vs. a previsão do Safra de R$ 34 milhões e R$ 7 milhões do consenso.
Resultado financeiro líquido de -R$ 166 milhões (+19% a/a e +42% vs. Safra), devido a:
- (i) maior dívida bruta entre os períodos (R$ 4.677 milhões no 2T24 vs. R$ 4.127 milhões no 2T23);
- (ii) Ajuste monetário não recorrente resultante do pagamento de ativos não divulgados aos exacionistas da Cremer no valor de R$23,8 milhões; e
- (iii) taxa de pré-pagamento pela terceira emissão de debêntures no valor de R$ 8,8 milhões (tratada como não recorrente).
Imposto de renda atingiu R$ 44 milhões (vs. expectativa do Safra de R$ 20 milhões) principalmente devido ao impacto positivo dos benefícios fiscais sobre o investimento.
Excluindo-se os itens não recorrentes e a amortização dos portfólios adquiridos, o lucro líquido ajustado atingiu -R$5 milhões (vs. R$78 milhões no 2T23 e previsão do Safra de R$ 34 milhões e consenso de R$ 7 milhões, respectivamente).
Capital de giro, fluxo de caixa livre e alavancagem da GPS
O ciclo de conversão de caixa diminuiu em 1 dia t/t e aumentou em 13 dias a/a. Dias de inventário aumentados em 6 dias sequencialmente para garantir um melhor nível de serviço, mas acima do valor que a empresa considera ideal.
Dias de contas a receber melhoraram 5 dias t/t, mostrando um bom progresso, embora as companhias de seguros de saúde ainda estão pressionando os termos de pagamento dos prestadores de serviços de saúde.
Vale ressaltar que a empresa faturou R$ 100 milhões em recebíveis neste trimestre.
Com esse ajuste, os dias de contas a receber teriam atingido 69 dias no 2T24.
Além disso, os dias de contas a pagar aumentaram em 2 dias t/t, colocando menos pressão no ciclo de conversão de caixa.
O fluxo de caixa livre chegou a R$120 milhões no trimestre, levando a uma dívida líquida de R$ 2.454 milhões (3,2x Dívida Líquida/EBITDA vs. R$2,545 bilhões e 3,0x no 1T24), mas excluindo o faturamento dos recebíveis, o FCL teria sido de R$20 milhões, com uma dívida líquida de R$2,554 bilhões (3,3x ND/EBITDA). Isso não está considerando as dívidas de aquisição para fins de pacto, o que limita a alavancagem a 3,5x.