Antecipação de vacinas e aperto dos juros valorizam o real frente ao dólar
Anúncio de antecipação de campanhas de imunização limitou sentimento de cautela visto no exterior e valorizou o câmbio
19/06/2021O real ganhou valor frente ao dólar na semana em que os juros voltaram a subir no Brasil e as campanhas de vacinação ganharam novo impulso. O Ibovespa registrou queda de 0,8% na semana, encerrando os negócios aos 128,4 mil pontos.
O índice do mercado de ações no Brasil sofreu forte impacto de ações ligadas a commodities, em especial do setor de mineração e siderurgia. Os papéis de CSN e Gerdau, por exemplo, acumularam um tombo perto de 10%.
Por outro lado, as ações da Eletrobras saltaram após o Senado aprovar a MP que trata da privatização da companhia. Na semana, o ganho dos papéis da estatal foi da ordem de 2%.
O real se descolou da tendência global e ganhou 1,1% contra o dólar no período. A moeda americana terminou cotada a R$ 5,07 na semana em que chegou a ficar abaixo de R$ 5 durante as negociações pela primeira vez em um ano. O resultado está associado à leitura de que o Banco Central do Brasil pode acelerar o passo do seu aperto monetário.
Antecipação de vacinas limita cautela
A antecipação das campanhas de imunização anti-Covid no país contribuiu para limitar o sentimento de cautela visto no exterior.
Nos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 1,9% na semana. As perdas foram agravadas na sexta-feira, depois que um dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) afirmou, em entrevista à rede CNBC, que os juros de referência podem subir já no ano que vem.
Na Europa, o Stoxx 600 caminhava para fechar a sua quinta semana consecutiva de alta até tropeçar na sexta-feira. O índice teve queda de 1,2% na semana.
Motivos para a oscilação do real e do Ibovespa
- Fed indica menos estímulos – O banco central dos Estados Unidos não alterou a taxa básica de juros do país, nem o seu programa de compra de ativos. No entanto, a estimativa da instituição para a inflação em 2021 subiu de 2,4% para 3,4%.
Além disso, a maioria dos dirigentes do comitê de política monetária do Fed passou a defender pelo menos dois aumentos de juros até o fim de 2023. E o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que já foi discutida uma eventual redução de estímulos no país, embora o momento para isso acontecer siga indefinido.
A leitura que se refletiu nos preços dos ativos foi de que o Fed mostrou um tom menos tolerante com a inflação, diante do aquecimento da economia americana.
E quando o mercado prevê um aperto monetário maior por lá, a tendência em geral é de fortalecimento do dólar e menor procura por ativos de risco. Como as commodities são cotadas em dólares, o tom mais duro do Fed tende ainda a ter um impacto negativo sobre a demanda por esses produtos.
- Taxa Selic sobe a 4,25% – O Banco Central do Brasil definiu nesta semana uma nova taxa básica de juros. O Copom seguiu com o ritmo prometido e elevou, por unanimidade, a Selic em 0,75 ponto porcentual.
O comitê sinalizou que a próxima reunião terá um aumento da mesma magnitude, e retirou de seu comunicado a menção a um ajuste parcial, reforçando nossa previsão de que a Selic irá chegar ao nível de 6,5% em 2021.
O BC ainda observou que pode acelerar o passo das altas, caso as projeções de inflação continuem subindo, uma postura mais dura que entendemos que pode contribuir para ancorar as expectativas.