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Antecipação de vacinas e aperto dos juros valorizam o real frente ao dólar

Anúncio de antecipação de campanhas de imunização limitou sentimento de cautela visto no exterior e valorizou o câmbio

Mulher ao telefone vendo cotações

Mercado de ações sofreu forte impacto de ações ligadas a commodities, em especial do setor de mineração e siderurgia | Foto: Getty Images

O real ganhou valor frente ao dólar na semana em que os juros voltaram a subir no Brasil e as campanhas de vacinação ganharam novo impulso. O Ibovespa registrou queda de 0,8% na semana, encerrando os negócios aos 128,4 mil pontos.

O índice do mercado de ações no Brasil sofreu forte impacto de ações ligadas a commodities, em especial do setor de mineração e siderurgia. Os papéis de CSN e Gerdau, por exemplo, acumularam um tombo perto de 10%.

Por outro lado, as ações da Eletrobras saltaram após o Senado aprovar a MP que trata da privatização da companhia. Na semana, o ganho dos papéis da estatal foi da ordem de 2%.

O real se descolou da tendência global e ganhou 1,1% contra o dólar no período. A moeda americana terminou cotada a R$ 5,07 na semana em que chegou a ficar abaixo de R$ 5 durante as negociações pela primeira vez em um ano. O resultado está associado à leitura de que o Banco Central do Brasil pode acelerar o passo do seu aperto monetário.

Antecipação de vacinas limita cautela

A antecipação das campanhas de imunização anti-Covid no país contribuiu para limitar o sentimento de cautela visto no exterior.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 1,9% na semana. As perdas foram agravadas na sexta-feira, depois que um dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) afirmou, em entrevista à rede CNBC, que os juros de referência podem subir já no ano que vem.

Na Europa, o Stoxx 600 caminhava para fechar a sua quinta semana consecutiva de alta até tropeçar na sexta-feira. O índice teve queda de 1,2% na semana.

Motivos para a oscilação do real e do Ibovespa

Além disso, a maioria dos dirigentes do comitê de política monetária do Fed passou a defender pelo menos dois aumentos de juros até o fim de 2023. E o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que já foi discutida uma eventual redução de estímulos no país, embora o momento para isso acontecer siga indefinido.

A leitura que se refletiu nos preços dos ativos foi de que o Fed mostrou um tom menos tolerante com a inflação, diante do aquecimento da economia americana.

E quando o mercado prevê um aperto monetário maior por lá, a tendência em geral é de fortalecimento do dólar e menor procura por ativos de risco. Como as commodities são cotadas em dólares, o tom mais duro do Fed tende ainda a ter um impacto negativo sobre a demanda por esses produtos.

O comitê sinalizou que a próxima reunião terá um aumento da mesma magnitude, e retirou de seu comunicado a menção a um ajuste parcial, reforçando nossa previsão de que a Selic irá chegar ao nível de 6,5% em 2021.

O BC ainda observou que pode acelerar o passo das altas, caso as projeções de inflação continuem subindo, uma postura mais dura que entendemos que pode contribuir para ancorar as expectativas.

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