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Aperto de juros depende do efeito de turbulência bancária, diz Powell

Presidente do Federal Reserve afirmou que houve progresso para conter a inflação em bens, mas acrescentou que em serviços ela continua a mostrar força

Jerome Powell

Powell disse ainda que a recente turbulência bancária nos EUA também deve impactar o crescimento econômico, o emprego e a inflação | Foto: Divulgação

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a sinalizar que o processo de aperto monetário nos Estados Unidos pode ser menos intenso a depender do efeito da recente turbulência bancária no país. Na sua visão, embora as medidas de estabilidade financeira adotadas tenham ajudado a acalmar as condições no setor bancário dos EUA, novos desdobramentos têm contribuído para tornar as condições de crédito mais restritivas.

“Portanto, como resultado, nossa taxa básica de juros pode não precisar subir tanto quanto precisaria para atingir nossos objetivos”, disse Powell, durante a Thomas Laubach Research Conference, criada em homenagem ao legado de Thomas Laubach, ex-diretor da Divisão de Assuntos Monetários do Fed. “É claro, a extensão disso é altamente incerta”, ponderou.

Em sua última decisão, o Fed elevou os juros no País em 0,25 ponto porcentual, para o intervalo entre 5% e 5,25% ao ano, alcançando o patamar mais alto desde 2007.

Powell disse ainda que a recente turbulência bancária nos EUA também deve impactar o crescimento econômico, o emprego e a inflação do país.

Jerome Powell vê progresso para conter inflação de bens

O presidente do Federal Reserve afirmou também que houve “muito progresso” para conter a inflação em bens, mas acrescentou que em serviços ela continua a mostrar força. Em evento da instituição, o dirigente disse que inclusive a inflação neste momento está em grande medida concentrada em serviços.

Além disso, Powell destacou a correlação entre a inflação e o mercado de trabalho. Ele enfatizou que há um “nível extraordinário de demanda” por trabalho, no mercado atual, o que o Fed acredita que deve desacelerar adiante.

E também analisou o fato de que houve aparentes mudanças na correlação na curva de Phillips, a depender do contexto recente, mas acrescentou que isso não necessariamente representa um problema com a inflação. A curva de Phillips correlaciona justamente inflação e desemprego.

Inflação segue muito acima da meta, afirma presidente do Fed

Powell afirmou que a inflação nos Estados Unidos está “muito acima” da meta de 2% ao ano, ao traçar um cenário de comparação com a situação do custo de vida dos americanos no fim da década de 1970. Segundo ele, é obrigação das autoridades monetárias controlarem o custo de vida nas economias e restabelecerem a estabilidade de preços, que é a base de uma economia forte.

“A estabilidade de preços é realmente a base de uma economia forte e a economia não funciona para ninguém sem estabilidade de preços”, disse Powell, ao comentar lições sobre o fim da década de 1970, durante a Thomas Laubach Research Conference, criada em homenagem ao legado de Thomas Laubach, ex-diretor da Divisão de Assuntos Monetários do Fed.

O presidente da Fed que, naquela época, a inflação alta era “parte permanente da paisagem”, algo que todos tinham de aceitar e cujos custos eram muito elevados. No entanto, depois o Fed atuou para combatê-la e restaurou a estabilidade de preços nos Estados Unidos. “Quando temos inflação alta é responsabilidade e obrigação do banco central restaurar e sustentar a estabilidade de preços”, afirmou.

Ele disse que apesar de o custo de vida dos americanos na atualidade não ser tão elevado como em 1970, a inflação ainda está muito acima da meta do Fed, de 2% ao ano. Powell disse que muitas pessoas estão experimentando a inflação alta pela primeira vez em suas vidas e que isso impõe muitas dificuldades, reduz o poder de compra, principalmente, para aqueles que estão à margem da economia.

“E é por isso que o comitê está tão fortemente comprometido em voltar a inflação à nossa meta de 2%. Acreditamos que o fracasso em reduzir a inflação não apenas prolongaria a dor, mas também aumentaria, em última análise, os custos sociais de voltar à estabilidade de preços, causando danos ainda maiores às famílias e empresas”, disse Powell. “Pretendemos evitar isso permanecendo firme na busca de nossos objetivos”, concluiu. (AE)

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