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‘Super quarta’ deve ter juros mais altos nos Estados Unidos e manutenção dos 13,75% ao ano no Brasil

Grande maioria dos analistas do mercado financeiro espera manutenção da taxa Selic na reunião do Copom que termina hoje; nos EUA, juros devem subir para 4,75% a 5%

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A grande expectativa do mercado é com a nota do Copom som avaliação da conjuntura econômica | Foto: Getty Images

Apesar da pressão que o Banco Central vem sofrendo do governo e de alguns setores da economia para começar a reduzir a taxa Selic, a taxa deve ser mantida em 13,75% ao ano na reunião que termina hoje do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo a expectativa da maioria dos analistas do mercado financeiro.

Ontem o mercado financeiro fechou em compasso de espera pelas decisões aguardadas para esta “super quarta”, com decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. A Bolsa ganhava fôlego, com o desempenho do exterior, mas o adiamento do anúncio do novo arcabouço fiscal no Brasil e novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central fizeram o índice perder força. O Ibovespa fechou em 0,07%, aos 100.998 pontos. O dólar fechou em leve alta de 0,05%, vendida a R$ 5,24.

“A expectativa é de que o Federal Reserve desacelere a alta dos juros, e solte um comunicado mais ameno, à espera da evolução da situação do setor bancário”, disse Cauê Pinheiro, estrategista do Banco Safra, durante o programa Radar Safra desta terça-feira.

Quanto à intensidade da alta dos juros nos Estados Unidos, o mercado está dividido. Pouco mais de 50% esperam que os juros devem ser elevados em 0,25 pontos percentuais, sendo que o intervalo fique em 4.75% e 5% ao ano.

“Uma parte do mercado está precificando a manutenção deste patamar de juros atual. A visão do Banco Safra é de os juros ainda devem subir, para o intervalo de 4,75% a 5% ao ano”, disse Pinheiro.

No Brasil, a expectativa de que o Banco Central mantenha os juros. Mas uma análise menos amena no comunicado pode não acontecer, diante do adiamento da divulgação das novas regras fiscais.

“Acreditamos que a taxa ficará inalterada. A nossa visão é de que o juro comece a ser cortado no segundo semestre, em 0,5 ponto percentual”, ressaltou Pinheiro.

Projeções do mercado indicam manutenção dos juros no Brasil

A projeção de manutenção dos juros no brasil foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, do Grupo Estado. Além disso, a maior parte delas (24) projeta o início dos cortes no segundo semestre; seis, ainda neste primeiro semestre; e outras 15, só em 2024. A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25%, no fim de 2024, e a 9% em 2025.

Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece – ou mesmo sinalize – reduções nas duas próximas reuniões.

“Os núcleos (de inflação) seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho ainda aquecido e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços”, diz. Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com o sistema bancário no exterior “equilibrou” esse risco.

Ele pondera que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado o BC alterar sua estratégia em cima de algo que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica. O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes.

Para o economista, a proposta de nova âncora fiscal tampouco deve trazer conforto para o BC. “Independentemente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo”, diz Lopes, que ressalta que o arcabouço precisará ainda ser “digerido” no Congresso, o que torna incerto o que efetivamente será aprovado. ‘ATRASADO’. O economistachefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da Selic a partir do quarto trimestre, para 13% no fim de 2023. Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, ele argumenta que não há evidências de “credit crunch” (a diminuição drástica na oferta de crédito) no Brasil. “Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado”, diz.

O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, espera início dos cortes da Selic só em janeiro de 2024. “A inflação não está cedendo, o PIB está meio ‘paradão’ e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano”, argumenta. (Com AE)

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