Aquecimento global pode tornar calor na região Amazônica intolerável
Pesquisadores brasileiros projetam que temperatura pode subir até 11,5ºC até o ano 2100, afetando diretamente 12 milhões de pessoas
01/10/2021Um estudo publicado nesta sexta-feira, 1º, na revista científica Communications Earth & Environment aponta que o aquecimento global pode tornar a região Amazônica intolerável para o corpo humano no ano de 2100.
Sendo assim, cerca de 12 milhões de pessoas que vivem no Norte do Brasil estariam expostas à condição extrema de calor.
O periódico internacional é uma segmentação da prestigiada revista britânica Nature.
A condução da pesquisa foi feita por pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de São Paulo (USP.
Com base em modelagens computacionais, os cientistas projetaram que, caso o aquecimento global não seja contido, a região Amazônica pode experimentar um aumento de até 11,5°C (graus Celsius), no pior dos cenários, entre 2073 e 2100.
Para a América do Sul como um todo, o estudo sugere que pode haver elevação de 2°C a 5,5°C ao final do século.
Desmatamento impulsiona aquecimento da região Amazônica
No caso da alta das temperaturas previstas para a região, o principal vilão é o desmatamento da maior floresta tropical do planeta.
O processo é descrito no estudo como “savanização” da floresta Amazônica.
A savana é um bioma presente na África que tem vegetações rasteiras, presente em regiões secas, com longa estiagem.
De acordo com outro estudo citado pelos pesquisadores brasileiros, nos últimos 20 anos a Amazônia registra redução de 60% no nível de chuvas devido ao desmatamento.
Nesse sentido, a publicação traz dados recentes sobre o desmatamento na Amazônia brasileira.
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Segundo a pesquisa, a área desmatada em 2020 ficou em 11.022 km² (quilômetros quadrados).
Porém, esse contingente deveria ser de 3.925 km², conforme a meta nacional de redução de 80% do nível de desmatamento observado entre 1996 e 2005.
Esta meta foi apresentada à Convenção do Clima de 2009, realizada em Copenhague, na Dinamarca.
Efeitos para o corpo humano
Adicionalmente, o estudo descreve os efeitos que o aquecimento global na região Amazônica podem ter para os milhões de cidadãos que nela vivem.
Assim, em ambientes acima de 35ºC e alta umidade, a transpiração, que é a principal ferramenta de refreamento do corpo humano, tem sua eficácia reduzida.
Dessa forma, o corpo humano pode ter reações adversas como:
- Desidratação
- Exaustão
- Colapso das funções vitais básicas
- Redução do desempenho físico e psicológico
- Alterações de humor
- Desenvolvimento de doenças mentais
- Morte por hipertermia
Por fim, são destacados como os grupos de risco à elevação da temperatura na região Amazônica crianças, idosos e pessoas com comorbidades.