Aquecimento global ameaça cidades costeiras, diz ONU
Painel intergovernamental aponta que mudanças climáticas podem redesenhar mapa de pequenas a grandes cidades. Veja os detalhes
23/06/2021Relatório provisório do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU), mostra que o aquecimento global representa enorme risco às cidades costeiras de todo o planeta.
De Bombaim (Índia) a Miami (Estados Unidos), Daca (Bangladesh) ou Veneza (Itália), essas cidades e os seus milhões de habitantes que vivem na foz dos estuários ou nas linhas sinuosas da costa estão “na linha da frente” da crise climática.
O aquecimento global pode acabar redesenhando os mapas desses municípios e dos continentes de forma geral, afirma o documento de peritos da ONU.
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“O nível do mar continua a subir, as inundações e as ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas e o aquecimento aumenta a acidez do oceano”, observam os cientistas no relatório de 4 mil páginas sobre os impactos das mudanças climáticas.
De acordo com os peritos climáticos, é preciso “fazer escolhas difíceis”.
Aquecimento global afeta setor produtivo, segundo a ONU
Sob o efeito combinado da expansão dos oceanos e do degelo causado pelo aquecimento, a subida do nível do mar também ameaça contaminar os solos agrícolas com água salgada e engolir infraestruturas estratégicas, como portos ou aeroportos.
Um “perigo para as sociedades e para a economia mundial em geral”, alerta o IPCC, lembrando que cerca de 10% da população mundial e dos trabalhadores estão a menos de dez metros acima do nível do mar.
“A maioria das cidades costeiras pode morrer. Muitas delas serão dizimadas por inundações de longo prazo. Em 2050, teremos uma imagem mais clara”, disse Ben Strauss, da organização Climate Central.
De acordo com os peritos da ONU, o aquecimento global pode fazer o nível do oceano subir 60 centímetros até ao final do século.
Ásia e África são mais afetadas
Mas, apesar dessas previsões sombrias, as cidades costeiras continuam a crescer, multiplicando as vítimas em potencial, especialmente na Ásia e na África.
Segundo o documento, um aquecimento global acima do limiar de 1,5 ºC (grau centígrado), fixado pelo acordo de Paris, teria “impactos irreversíveis para os sistemas humanos e ecológicos”.
Com as temperaturas médias subindo 1,1 °C desde o século 19, os efeitos no planeta já são graves e podem se tornar cada vez mais violentos, ainda que as emissões de dióxido de carbono (CO2) venham a ser reduzidas.
Falta de água, fome, incêndios e êxodo em massa são alguns dos perigos destacados pelos peritos da ONU.
O relatório de avaliação dos impactos do aquecimento global, criado para apoiar decisões políticas, é muito mais alarmante que o antecessor, divulgado em 2018.
O documento deverá ser publicado em fevereiro de 2022, após a aprovação pelos 195 Estados-membros da ONU e depois da conferência climática COP26, marcada para novembro em Glasgow, na Escócia.
Prevista originalmente para novembro de 2020, a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), com líderes de 196 países, empresas e especialistas, foi adiada devido à pandemia de covid-19. (Agência Brasil)