close

Argentina diz não ter como pagar Fundo Monetário

Fala da vice-presidente Cristina Kirchner sobre dívida de US$ 45 bilhões derruba bolsa e leva preocupação ao mercado

Cristina kirchner argentina

“Não podemos pagar porque não temos dinheiro para pagar”, disse Cristina Kirchner, em ato em memória do golpe de Estado de 1976 | Foto: Reprodução

Em meio a negociações pela reestruturação de quase US$ 45 bilhões da dívida soberana da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, afirmou que o governo não tem condições de pagar o passivo com a instituição multilateral.

“Todos nós sabemos que com os prazos e taxas que se pretendem, não é só inaceitável, mas não é uma questão subjetiva, é uma questão que não podemos pagar porque não temos dinheiro para pagar”, disse, em discurso durante ato em memória do golpe de Estado de 1976.

Kirchner, contudo, assegurou que não defende um default e alegou que seu partido é o único que trabalhou para quitar dívidas contraídas em gestões anteriores. O ministro da Economia argentino, Martín Guzman, se reuniu com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, e garantiu que o “diálogo irá continuar”.

Apesar disso, o comentário da vice-presidente hoje alimentou incertezas de investidores a respeito da solvência da nação sul-americana e derrubou os mercados locais. Na Bolsa de Buenos Aires, o índice Merval fechou em queda de 1,16%, a 48,6 mil pontos.

A Argentina está no meio de um processo de reorganização da dívida externa contraída para fazer frente à crise cambial que atingiu o país em 2018, durante a gestão de Mauricio Macri. No ano passado, a Casa Rosada, após entrar em default técnico, conseguiu acordo com credores privados para reestruturar uma obrigação de US$ 65 bilhões.

Fernández se reúne com o Banco Mundial

O presidente da Argentina, Alberto Fernández e o presidente do Banco Mundial, David Malpass, tiveram um encontro virtual nesta quarta-feira, tendo como temas o crescimento econômico e as dívidas do país.

A organização multilateral irá investir US$ 2 bilhões em projetos na Argentina em 2021, afirmou Fernández. Segundo o mandatário, a verba terá como destino as áreas de “infraestrutura, saúde, proteção social, emprego e mudanças climáticas”, escreveu em seu Twitter.

Já Malpass indicou que o órgão reafirma seu comprometimento com o apoio aos “mais vulneráveis” argentinos, e destacou a necessidade de políticas fiscais e de comércio “cuidadosas”. Em comunicado, o líder afirmou ter discutido com Fernández “as políticas econômicas da Argentina e as etapas para alcançar um crescimento sustentável e de base ampla”.

O documento afirma que Malpass teria enfatizado a importância de apoio ao investimento do setor privado, “incluindo políticas que facilitam a entrada de empresas e expandem o acesso amplo ao crédito”.

Fernández destacou que os empréstimos do Banco Mundial na Argentina somam US$ 6,149 bilhões, e que ratificou a “vontade de chegar a acordos com as entidades de crédito, no quadro de um crescimento harmonioso e equitativo que nos permita continuar a cuidar de quem mais precisa”.

O encontro virtual ocorre em meio a um período de intensa atividade do governo argentino junto a órgãos multilaterais. Em viagem aos Estados Unidos, o ministro da Economia, Martín Guzmán anunciou pelo Twitter na última segunda-feira que teve um encontro “produtivo” com Axel van Trotsenburg, diretor de operações do Banco Mundial.

Na terça-feira, o ministro se reuniu com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que garantiu que o “diálogo irá continuar”. (AE)

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra