Ata do Copom indica um comitê unânime e vigilante
Dinâmica das expectativas de inflação e da taxa de câmbio devem determinar a condução da política monetária nos próximos meses, segundo análise do Banco Safra
12/08/2024A ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central destacou a preocupação do comitê com o cenário inflacionário, em um ambiente de adversidades na economia internacional e certa surpresa com a persistência de indicadores de atividade econômica e de mercado de trabalho domésticos.
Em vista do potencial impacto dos desenvolvimentos fiscais recentes e da eventual repercussão do câmbio na inflação, o Comitê, a despeito da decisão de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, argumentou que o “momento corrente é de ainda maior cautela e de acompanhamento
diligente dos condicionantes da inflação”.
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O Copom também deu destaque à desancoragem das expectativas de inflação, destaca a análise macroeconômica semanal do Banco Safra. A ata sublinhou que haveria hoje um balanço de riscos mais para alta da inflação do que para a baixa, e que ancorar as expectativas de inflação
diminui o custo de se manter a estabilidade dos preços. É, portanto, uma prioridade do comitê trazer as expectativas de inflação no horizonte relevante para a meta, mesmo em um cenário em que o bom desempenho da ocupação aumente as preocupações sobre a inflação.
O modelo de projeção do Copom, já incorporando uma taxa de câmbio mais depreciada, indicou inflação acima da meta para o horizonte relevante.
A depender da hipótese para a taxa de juros dos próximos trimestres, as projeções da autoridade monetária para a inflação do 1T26 acumulada em quatro trimestres (que simboliza o atual horizonte relevante) ficaram em 3,4% e 3,2%.
No primeiro caso, é assumida a trajetória de juros sugerida pela pesquisa Focus, cuja perspectiva era de redução de 100 pontos-base na taxa Selic em 2025. Já no segundo caso, a Selic é mantida em 10,50% por todo o período, permitindo redução de 0,2 p.p. na projeção de inflação.
Ao discutir a condução da política monetária, o Comitê ressaltou que “o desenrolar do cenário será particularmente importante para definir os próximos passos”.
Duas estratégias foram expostas: a primeira é avaliar se a taxa de juros no atual patamar é suficientemente contracionista para levar a inflação para a meta. Por outro lado, houve unanimidade na afirmação de que o Copom “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
Em qualquer caso, a possibilidade de um relaxamento monetário nos EUA é considerada como real, apesar das incertezas sobre a atividade e inflação nesse país, mas qualquer relação mecânica entre a Selic e as taxas de juros americanas é descartada.
Em suma, a dinâmica das expectativas de inflação e da taxa de câmbio, essa última bastante dependente da evolução do cenário internacional, devem determinar a condução da política monetária nos próximos meses.
Ata do Copom: Safra vê juros em 10,5% até o fim de 2024
O Banco Safra acredita que a evolução do cenário será compatível com a estratégia de manutenção dos juros em 10,50% até o final deste ano. A eventual queda da taxa de juros americana em setembro e o impulso fiscal negativo que deve ser observado no Brasil também na última parte do ano devem favorecer essa perspectiva.