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Ata do Fed prevê ‘inflação desconfortável’ por mais tempo nos Estados Unidos

Os dirigentes do Federal Reserve continuam a avaliar que mais altas serão apropriadas nos juros, diante da força da inflação nos Estados Unidos

Ata do Fed

embros do BC americano notaram que a guerra na Ucrânia e os eventos relacionados estavam criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação | Foto: Getty Images

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) avaliam que a inflação deve seguir alta em “nível desconfortável por algum tempo”. A avaliação está na ata da reunião de política monetária mais recente do da instituição, publicada nesta quarta-feira, 17.

“Os dirigentes observaram que a inflação permaneceu inaceitavelmente alta e bem acima da meta de longo prazo de 2%. À luz da leitura alta do CPI para junho, os dirigentes ainda notaram que a inflação do PCE provavelmente teria aumentado ainda mais naquele mês. Eles também concordaram que as pressões inflacionárias eram de base ampla e havia pouca evidência até o momento de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo”, diz o texto, ao mencionar o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e o índice de preços de gastos com consumo (PCE), este a medida de inflação preferida do Fed.

Ainda segundo o documento, os membros do BC americano notaram que a guerra na Ucrânia e os eventos relacionados estavam criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesando sobre a atividade econômica global.

Por outro lado, os bloqueios contra a covid-19 da China afetaram as cadeiras de suprimentos “modestamente”. Já os gargalos de oferta continuam a pressionar os preços, sendo que houve sinais de melhora gradual.

Diante desse cenário, os dirigentes ressaltaram que estão bastante atentos aos riscos para a inflação. “Eles esperam que o adequado fortalecimento da política monetária e um eventual alívio dos desequilíbrios de oferta e demanda trariam a inflação de volta a níveis consistentes com o objetivo de longo prazo do Comitê e manteriam as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas”, traz o documento.

Entre os participantes do mercado, pareceu haver uma moderação da inflação. No entanto, os investidores parecem estar cada vez mais atentos aos riscos de baixa para a economia, à luz de choques externos e das contínuas surpresas ascendentes da inflação, aponta a ata.

Já o staff considerou que os riscos para a projeção de inflação estavam voltados para cima, dadas as persistentes surpresas ascendentes observadas nos dados de inflação.

Os dirigentes do Federal Reserve consideram que, com condições financeiras mais apertadas e uma moderação no avanço da demanda agregada, o crescimento do emprego “deve desacelerar mais adiante”. Isso deve ajudar a equilibrar melhor a demanda e a oferta por trabalho, além de reduzir as pressões de alta sobre o salários nominais, o que por sua vez ajudará a inflação à retornar à meta de 2%. A avaliação está na ata da mais recente reunião de política monetária do Fed, publicada no período da tarde desta quarta-feira, 17.

Para vários dos dirigentes, a moderação nas condições do mercado de trabalho pode demorar mais, em comparação com a desaceleração na atividade econômica. Os dirigentes consideram que essa moderação nas condições do mercado de trabalho deve incluir um recuo no número de vagas abertas, bem como uma “elevação moderada no desemprego, da taxa bastante baixa atual”.

Saiba mais

Dois dos dirigentes disseram na reunião que as empresas estão interessadas em manter pessoal, um fator que pode limitar a alta nas demissões associada à desaceleração no mercado de trabalho. Na avaliação do Fed, os ganhos de empregos “seguem robustos nos últimos meses”, com a taxa de desemprego continuando em nível baixo, enquanto a inflação segue “elevada”.

Para os dirigentes, o mercado de trabalho continua forte, com taxa de desemprego “muito baixa” e um crescimento elevado do salário nominal. Segundo o BC americano, muitos dirigentes comentaram que há sinais preliminares de uma desaceleração na perspectiva para o mercado de trabalho, entre eles altas nos pedidos de auxílio-desemprego, redução nos níveis de demissão e cargos vagos, crescimento menor da geração de vagas que mais cedo neste ano e relatos de menos contratações em alguns setores. O crescimento do salário real, porém, segue “forte” segundo uma série de medidas, diz a ata.

Ata do Fed indica que novas altas de juros são necessárias

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) continuam a avaliar que mais altas serão apropriadas nos juros, diante da força da inflação nos Estados Unidos. Na ata de sua última reunião de política monetária, os dirigentes também apontam que será “adequado” manter um nível restritivo na política “por algum tempo”, a fim de garantir que a inflação retorne à meta de 2%.

Mais adiante, porém, consideram que será possível reduzir o ritmo das altas, aponta o documento. Os dirigentes também enfatizaram, na última reunião, a importância de responder aos indicadores, em cada uma de suas decisões.

De qualquer modo, o Fed nota que o mercado ainda espera um aperto “significativo” da política monetária nas próximas reuniões. “Os dirigentes julgaram que, conforme a postura da política monetária é mais apertada, deve ser apropriado em algum momento diminuir o ritmo das altas de juros, enquanto se avaliam os efeitos dos ajustes cumulativos na política sobre a atividade econômica e a inflação”, diz a ata.

Para alguns dos dirigentes, uma vez que os juros tenham atingido “nível suficientemente restritivo”, deve ser apropriado manter aquele nível “por algum tempo para garantir que a inflação esteja firmemente no caminho para voltar aos 2%”, segundo o documento. (AE)

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