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Bolsa tem 50 empresas na fila para abrir capital

Os juros baixos estimulam captação via lançamento de ações na B3, que conquista também cada vez mais pessoas como investidores individuais

Usiminas supreende com fechamento do último trimestre de 2020

Usiminas supreende com fechamento do último trimestre de 2020/ Foto: Divulgação

A Bolsa de Valores brasileira tem cerca de 50 companhias na fila para abrir o capital, já com documentação entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o regulador do mercado de capitais do País.

O número é uma amostra do que tem acontecido na B3, onde empresas de diversos tamanhos e setores estão fazendo ofertas públicas iniciais de ações — operações que na sigla em inglês são chamadas de IPO – para ingressar nesse mercado.

O Banco Safra participa dessa movimentação com sua corretora mantendo análise de cerca de 80 empresas, um portfólio que tem crescido com novas opções. Aqui está a carteira de lançamentos compilada pela corretora Safra.

O movimento de novas empresas se combina com o de aumento do números de pessoas que estão investindo em ações, um volume que tem batido sucessivos recordes no Brasil e agora já supera os 3 milhões. No campo dos investidores, o Banco Safra mantém iniciativas que os ajudam a começar a fazer aplicações e seguir investindo.

O apetite dos investidores pela busca de ações para compor suas carteiras, em um ambiente de juros baixos, vem garantindo número cada vez maior de empresas interessadas.

A carteira de ofertas para 2021 é bastante diversificada, com destaque para os setores de commodities, consumo, varejo, tecnologia e infraestrutura.

Na próxima leva de empresas que caminha rumo à abertura de capital há gigantes, caso da CSN Mineração, e empresas menores focadas em comércio eletrônico e tecnologia, como a Westwing. A leitura é que a bolsa está mais democrática, algo também possibilitado pelo ambiente de taxas de juros mais baixas.

As candidatas para abertura de capital declaram que planejam usar os recursos a ser captados para investir no aprimoramento do negócio e expansão de suas operações.

Grande parte delas também quer acelerar os investimentos em tecnologia, ponto que virou ainda mais mandatório com a pandemia.

Outro uso previsto para o dinheiro é a redução de dívidas.

Dobra o número de pessoas físicas na B3

O juro baixo também trouxe uma inusitada expansão do número de pessoas físicas participantes do mercado de capitais brasileiro em 2020, a despeito do baque econômico que veio com a necessidade de enfrentar a covid-19.

O número de investidores pessoa física praticamente dobrou no ano. Hoje são 3,2 milhões, que detêm R$ 424 bilhões investidos em ações. A tendência é de mais crescimento, segundo especialistas.

Para o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, essa foi a grande surpresa positiva em meio à pandemia.

“As pessoas físicas viram na queda da Bolsa (no início da pandemia) uma oportunidade de entrada, e não de retirada de seus investimentos”, afirma Finkelsztain.

Entre os fatores que contribuíram para o maior interesse de pessoas físicas no mercado de ações, ele cita a diversificação do mercado e o avanço da educação financeira. As pessoas físicas colocaram mais de R$ 80 bilhões diretamente em ações na bolsa em 2020.

Sobre o aumento da procura de empresas interessadas em abrir o capital por meio da oferta de ações, Finkelsztain comenta que isso também se deve à queda dos juros.

Para o presidente da B3, com retomada de crescimento, o mercado de capitais deve continuar crescendo em 2021.

Isso deve ser ainda mais estimulado pela perspectiva de valorização dos papéis em 2021. A previsão dos analistas do Safra é de que o Ibovespa, o principal índice que reflete a variação das ações na B3, esteja rumo aos 131 mil pontos no novo ano.

Exemplos de empresas interessadas em fazer IPO em 2021:

CSN Mineração

A abertura de capital da CSN Mineração promete movimentar mais de R$ 8 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões devem ir para o caixa da CSN, pela venda de uma fatia minoritária na unidade – dinheiro que é prometido para ajudar a reduzir o endividamento da siderúrgica.

Essa é uma velha cobrança do mercado, diante da dívida líquida da companhia, que está na casa dos R$ 30 bilhões.

A CSN Mineração, que teve de janeiro a setembro de 2020 um faturamento de R$ 8,9 bilhões, terá como presidente Enéas Diniz, que comandava a área dentro da CSN.

BV

Os sócios Banco do Brasil e família Ermírio de Moraes já bateram o martelo. Havendo condições de mercado, eles levarão o BV, ex-Banco Votorantim, para a Bolsa em 2021, uma oferta prevista para movimentar R$ 5 bilhões.

A operação servirá para trazer caixa à instituição financeira e para a venda de ações do BB e dos Ermírio de Moraes.

O BV tem procurado se posicionar na nova onda digital que tem impulsionado e aumentado a concorrência no setor bancário.

São Salvador Alimentos

Empresa produtora de frango em Goiás, o grupo industrial São Salvador Alimentos, dono da marca SuperFrango, quer fazer uma oferta de R$ 1,5 bilhão.

A empresa abate 350 mil aves por dia e abastece mercados de oito estados e mais o Federal, além de exportar para cerca de 70 países. Sua receita líquida no último ano ficou em R$ 1,6 bilhão.

A São Salvador quer captar dinheiro para seguir com sua rápida trajetória de expansão. Nesse movimento, tem feito aquisições no sentido de diversificar o portfólio.

Grupo Big 

Ex-Walmart do Brasil, o nome da empresa de supermercados de origem americana – a maior do mundo no ramo – mudou após a operação passar para as mãos do fundo de investimento Advent, num processo de reestruturação do negócio.

O faturamento do Grupo Big, que também é dono da marca Sams Club, é alto: a receita líquida no acumulado do ano até setembro de 2020 chegou a R$ 15,7 bilhões. Os recursos também irrigarão o caixa da empresa.

Na estratégia da companhia estão a abertura de novas lojas de atacado e postos de combustível e a conversão de lojas de varejo em vendedoras no atacado.

Kalunga

Rede de lojas de papelaria com um faturamento anual de cerca de R$ 2 bilhões, a Kalunga é a líder em vendas com 13% de participação do mercado nacional no segmento de suprimentos para escritório e material escolar.

Em 2020, a Kalunga fechou a compra da Spiral, indústria gráfica focada na produção e importação de cadernos e de toda a linha de papelaria para abastecimento exclusivo das lojas Kalunga. Dos recursos que irão para a empresa com a oferta pública de ações, boa parte deve ser alocada na abertura de mais lojas. Hoje são 222.

Grupo Cortel 

Fundado no Rio Grande do Sul em 1963, o Grupo Cortel trabalha com cremação (incluindo a de animais de estimação), funerais e serviços auxiliares e faturou quase R$ 84 milhões no ano passado.

A empresa será a primeira desse setor a estrear na B3. O IPO deverá girar R$ 400 milhões, segundo uma fonte.

A companhia possui dez cemitérios, todos próximos a centros urbanos, cinco crematórios, um crematório de animais, uma casa funerária, mais de 40 salas de velórios, oito capelas cerimoniais e duas capelas históricas.

Westwing 

De olho no interesse do investidor por empresas com pegada digital, a loja eletrônica de produtos de decoração e artigos para casa Westwing quer fazer uma abertura de cerca de R$ 500 milhões.

Com mais pessoas em casa em função da quarentena, praticamente obrigatória para conter a disseminação da covid-19, a receita líquida da empresa foi de quase R$ 170 milhões, com crescimento da ordem de 80% nos nove primeiros meses do ano.

Na Westwing, o engajamento da clientela é palavra de ordem. São oito milhões de usuários cadastrados. Em setembro de 2020 havia mais de 1 milhão de seguidores do seu perfil no Instagram. A Westwing Brasil foi fundada em 2011, como subsidiária de uma multinacional alemã de mesmo nome.

Tok & Stok 

A rede de lojas de móveis e decoração Tok & Stok nasceu de um pequeno ponto na Avenida São Gabriel, na Zona Sul de São Paulo, e tem atualmente 59 lojas em quatro formatos diferentes. O fundo de investimentos americano Carlyle, que controla hoje a empresa, fez seu aporte em 2012. Ou seja: esse é um ativo bastante antigo na carteira da gestora, que tem atuação forte no Brasil.

Com um faturamento de R$ 1,2 bilhão no ano passado, atualmente a Tok & Stok já tem cerca de 24% de seu faturamento vindo dos canais digitais, parcela que pode crescer.

Um dos objetivos com o dinheiro que entrará no caixa do IPO será investir em tecnologia e transformação digital.

Havan

Varejista de Santa Catarina, a Havan pertence ao empresário Luciano Hang, que ficou conhecido nacionalmente pelo seu apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro, desde a época da campanha.

A empresa suspendeu a operação que estava planejada para ocorrer em 2020, depois de ter sido avaliada por investidores abaixo de R$ 70 bilhões, valor colocado como “mínimo” por Hang para seguir com a operação.

A varejista possui 147 lojas físicas, muitas com a característica de ter na frente uma réplica da Estátua da Liberdade.

Por trás da oferta está um plano agressivo de expansão.

Mobly 

Loja online de móveis fundada em 2011, a  Mobly soma cerca de 925 mil usuários ativos. E vem crescendo na pandemia. No mundo físico tem duas megastores. Contando com elas, possui, no total, 11 lojas físicas.

Nos nove primeiros meses do ano, a receita líquida da Mobly cresceu 50% e atingiu R$ 421 milhões. As pessoas em casa, muitas de home office, buscaram pequenas mudanças nos seus ambientes. A empresa tenta evidenciar seu perfil “tech” no ramo de venda de móveis.

A Mobly utiliza, por exemplo, inteligência artificial para considerar o comportamento do cliente e mostrar os produtos mais relevantes com base em comportamentos semelhantes de outras pessoas que fizeram compras.

(Com AE)

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