Bancos devem mostrar maior aversão a risco em 2025
Os balanços dos bancos referentes ao quarto trimestre de 2024 devem refletir expectativa com os efeitos da alta dos juros, segundo relatório do Banco Safra
21/01/2025
Em relatório, o Banco Safra reitera a preferência pelo Itaú Unibanco entre os grandes bancos | Foto: Getty Images
A temporada de resultados dos bancos referentes ao quarto trimestre não deverá trazer surpresas, segundo análise do Banco Safra. Mas a expectativa é por um tom moderado das empresas e maior aversão ao risco no guidance oficial para 2025, devido à expectativa de taxa Selic mais elevada e nuances relacionadas às novas normas contábeis (Resolução CMN nº 4.966).
Em relatório sobre o setor bancário, o Safra informa que atualizou os modelos de análise dos bancos e reitera a preferência pelo Itaú Unibanco entre os grandes bancos. O Banco do Brasil deve divulgar seus números no dia 19 de fevereiro.
Resultados dos bancos saem em fevereiro
Santander Brasil e Itaú Unibanco divulgam os resultados do quarto trimestre de 2024 no dia 5 de fevereiro. O Bradesco publica o balanço no dia 7 de fevereiro.
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Santander Brasil
O Safra espera um lucro de R$ 3,704 bilhões (16,5% ROE), +2% T/t para o Santander Brasil (SANB11), que divulga os resultados dia 5 de fevereiro. Os resultados do banco devem manter as mesmas tendências do terceiro trimestre, com recuperação do EBT, o que pode aumentar o imposto de renda.
O quarto trimestre também deve ser afetado por despesas e taxas mais altas. O Safra espera que a renda líquida com juros continue a crescer, mas a direção da parcela do mercado deve mudar significativamente, impactada pelos movimentos recentes na taxa de juros do Brasil.
A qualidade dos ativos e as provisões devem permanecer sob controle. O Safra espera que a gestão transmita um tom mais cauteloso em relação a 2025, dada a atual situação macroeconômica e a expectativa de menor crescimento do crédito.
Itaú Unibanco
Apesar das comparações difíceis devido a uma reversão das provisões e sazonalidade em despesas operacionais no terceiro trimestre, o Safra espera que o Itaú Unibanco (ITUB4) entregue crescimento de lucro líquido de +2% T/t, para R$ 10,882 bilhões, com crescimento positivo de empréstimos nos segmentos de varejo e PMEs. O banco divulga resultados dia 5 de fevereiro.
O Safra chama a atenção para os impactos do câmbio nos empréstimos e nas linhas relacionadas à América Latina, devido a uma forte deterioração do Real.
No geral, o Itaú deverá se beneficiar de sólidas receitas de tarifas e crescimento da margem financeira, e este último deverá ser suficientemente elevado para compensar o aumento das provisões líquidas em comparação com 3T.
O Safra acredita que o banco reservará cerca de R$ 18 bilhões para pagamentos extraordinários de dividendos (rendimento de 6%), o que deverá levar o relação de capital para ~12%.
Para 2025, o Safra vê o banco com uma posição de capital sólida para resistir às perspectivas e mudanças acima mencionadas, e espera que a orientação implique um crescimento anual de 8% a 12% nos resultados financeiros.
Bradesco
O Safra rebaixou a classificação do Bradesco (BBDC4) para Neutro, dadas as novas perspectivas macroeconômicas, para não mencionar os efeitos na operação de crédito, que deverão atrasar a recuperação do ROE.
O CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou publicamente que o banco deveria permanecer focado na sua reestruturação, embora com apetite ao risco ligeiramente menor em 2025.
Os resultados do Bradesco no quarto trimestre de 2024 contam com uma tendência semelhante à de outros bancos e o Safra projeta lucro líquido de R$ 5,337 bilhões (ROE de 13,1%), aumento de +2% em relação ao trimestre anterior. Os resultados saem dia 7 de fevereiro.
Sobre o capital, o Safra espera contração de -25bps no índice CET1 para 11%, dada a marcação a mercado negativa dos títulos AFS devido à abertura da curva de juros no quarto trimestre.
Por último, o Safra espera que a orientação implique um crescimento anual de 10% a 14%, com um cenário ainda pressionado de despesas operacionais, mas boas perspectivas para o negócio de seguros, que deverá continuar a contribuir para os resultados.
Banco do Brasil
No quarto trimestre, o Safra espera pressão sequencial na qualidade de ativos no segmento do agronegócio do Banco do Brasil (BBAS3). O balanço do BB sai no dia 19 de fevereiro.
O Safra prevê um maior índice de inadimplência no segmento rural de 2,2% (+25bps) e provisões de cerca de R$ 10 bilhões. O Safra vê uma renda líquida com juros estável, mas receitas mais elevadas impulsionadas pelas tarifas.
Uma taxa de imposto mais elevada deverá compensar o Crescimento de +5% no EBT, resultando em lucro líquido estável de R$ 9,524 bilhões no quarto trimestre.
Em 2025, a renda líquida com juros deverá ser melhor do que a maioria dos bancos privados, uma vez que os resultados em tesouraria tendem a melhorar à medida que o Taxa Selic sobe.
O Safra acredita que o BB poderia compartilhar uma faixa de orientação de lucro líquido de R$ 38 bilhões a R$ 41 bilhões, apoiado por uma recuperação tardia em 2025 devido a uma potencial melhoria na inadimplência rural.

