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Bebês de mães vacinadas nascem com proteção contra covid, afirma pesquisa

No Brasil, estudo mostra que vacinadas também transmitem para as crianças a capacidade de gerar anticorpos pelo aleitamento

Bebê sendo amamentado

Pesquisa da USP registrou a presença de anticorpos em recém-nascidos de mães vacinadas com a Coronavac | Foto: Getty Images

Pesquisa publicada esta semana comprova que as vacinas da Pfizer e da Moderna em mulheres grávidas são capazes de gerar “alta resposta imune” nos bebês.

Primeiro estudo a observar a mudança imunológica no cordão umbilical, duto de alimentação entre o corpo da mãe e da criança durante a gestação, o acompanhamento confirmou os testes anteriores feitos em relação ao aleitamento: grávidas e mães recentes vacinadas podem transmitir para os filhos a proteção contra a covid-19.

Publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology, o estudo foi realizado em 36 recém-nascidos nos Estados Unidos. “Divulgamos esses dados cedo porque é uma descoberta única e tem implicações importantes para o cuidado da saúde”, disse ao Wall Street Journal a pesquisadora Ashley Roman, obstetra do NYU Langone Health System e coautora do estudo. “No momento, recomendamos que todas as mulheres grávidas recebam a vacina para benefício materno.”

A pesquisa com crianças dos Estados Unidos observou a reação apenas de filhos de mães que receberam vacinas de RNA mensageiro.

Estudo no Brasil verificou anticorpos gerados em bebês pelo aleitamento materno

Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) constatou que as mães vacinadas contra a covid-19, com a Coronavac, no Brasil, produzem anticorpos que podem ser transmitidos ao recém-nascido pelo leite materno.

Conduzida pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP e realizado pelo Instituto da Criança e do Adolescente, a pesquisa indicou presença de anticorpos no leite de colaboradoras lactantes do HC, imunizadas com a vacina do Instituto Butantan.

De acordo com o estudo, foi observado que a segunda dose forneceu um incremento no nível de anticorpos das gestantes e, em algumas das colaboradoras, níveis altos de anticorpos contra a covid-19 mantiveram-se no leite materno mesmo depois de alguns meses de amamentação.

Repertório de anticorpos

“O leite materno é importante justamente porque carrega um grande repertório de anticorpos, acumulados ao longo da vida da gestante”, explica a professora Magda Carneiro Sampaio, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do HC.

“O que o estudo mostra é que essa vacina também se incorpora ao repertório materno e a mãe vai passando esse anticorpo várias vezes ao dia ao bebê. Esse anticorpo [advindo do leite] é muito interessante, porque tem uma ação fundamentalmente local, quase nada dele é absorvido. Sua ação é em todo o trato gastrointestinal do bebê”, disse a professora que há mais de 30 anos desenvolve uma linha de trabalho sobre o estudo do leite humano.

A pesquisadora destaca que estudos equivalentes foram feitos em outros países, como Israel, Estados Unidos e Espanha, mostrando que as vacinas Pfizer, Moderna e Oxford/Astrazeneca também induzem anticorpos no leite. “No fundo, isso mostra que a Coronavac, nosso imunizante mais amplamente disponível no Brasil, é um bom imunizante”, afirma Magda. 

No Brasil, grávidas e mães recentes podem receber todas as vacinas disponíveis, a não ser a da AstraZeneca, que é liberada para este grupo em quase todos os demais países. (Com agências)

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