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BNDES planeja mais cinco leilões de saneamento

Após sucesso com a Cedae, o banco planeja novos certames que somam R$ 17 bilhões e podem beneficiar 10,4 milhões de pessoas

Vista aérea de estação de tratamento de esgoto da Cedae, saneamento do Rio de Janeiro

Estação de tratamento de esgoto da Cedae: leilão da companhia arrecadou R$ 22,6 bilhões, com ágio de 133% | Foto: Cedae/Divulgação

Cinco novos leilões do setor de saneamento estão na fila do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para serem realizados até o primeiro semestre do ano que vem.

No total, são R$ 17 bilhões de investimentos para universalizar e modernizar os serviços de água e esgoto para 10,4 milhões de pessoas.

Cada processo de licitação do BNDES para o saneamento vai seguir um modelo diferente, dependendo da área.

Algumas serão feitas por meio de concessão plena, que inclui produção e distribuição de água e esgoto, outras serão feitas por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP) de esgoto ou a concessão apenas da distribuição – como foi o caso da Cedae, leiloada ontem, na B3, e considerada um sucesso pelos especialistas.

Cronograma do BNDES para o saneamento

Pelo cronograma do BNDES, três leilões devem ocorrer ainda neste ano no segundo semestre.

São eles: Amapá (R$ 3 bilhões de investimentos), Porto Alegre (R$ 2,17 bilhões) e Rio Grande do Sul (R$ 3 bilhões).

Alagoas e Ceará ficam para o próximo ano. O Estado de Minas Gerais também iniciou o processo de estudo com o banco de fomento, mas ainda não tem previsão para leilão.

Novo marco regulatório do setor prevê universalização dos serviços de saneamento básico no Brasil até 2033 | Foto: Getty Images

O banco está em negociações ainda para fazer a modelagem dos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rondônia.

Atualmente, o setor privado está presente em 7% dos municípios brasileiros e atende 30 milhões de pessoas.

A expectativa é que essa participação dobre com as licitações em andamento.

Em 10 anos, essa fatia pode alcançar entre 40% e 50%, segundo cálculos do mercado.

Efeito Cedae

Com o leilão da Cedae ontem a participação da iniciativa privada já teve um avanço.

No total, os investimentos previstos para a concessão vão universalizar os serviços de água e esgoto para 11 milhões de pessoas – esse número representa mais de um terço do total de clientes atendidos pela iniciativa privada, que respondem por 7% dos municípios atendidos no País e 26,3% da população.

Com o leilão da Cedae, esses números sobem para 7,5% e 34,3%, respectivamente, segundo dados da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto.

Além disso, para alguns vencedores do leilão, assumir os blocos representará dar um salto no tamanho da companhia.

É o caso da Iguá, que deve dobrar em termos financeiros, afirmou o presidente da concessionária, Carlos Brandão.

Outro ponto positivo, diz ele, é que essa concessão também coloca a empresa em outro patamar em termos de ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança).

Resultado

O leilão de ontem é uma esperança para reduzir os índices vergonhosos de saneamento no país.

Hoje 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto e 35 milhões não são abastecidos com água potável.

Os números refletem a falta de prioridade que o setor teve nos últimos anos e explicam a proliferação de epidemias, como dengue e zika, além de doenças gastrointestinais.

Esses indicadores colocam o Brasil em posição pior que Iraque, Jordânia e Marrocos.

Para mudar esse cenário, o setor terá de receber entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões em novos investimentos.

Pelas regras do novo marco regulatório do setor, a universalização dos serviços terá de ocorrer até 2033. (AE)

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