B3 tem recomendação de compra em cenário de juros altos
Para o Banco Safra, a B3 tem maior capacidade de navegar no cenário de juros altos em comparação ao passado, com maior contribuição das receitas da renda fixa
19/12/2024
O Banco Safra espera que 2025 seja outro ano sem brilho na atividade do mercado de ações | Foto: Divulgação
“A renda fixa é a maior via de crescimento da B3.” Essa é a principal mensagem transmitida no Investor Day da B3, onde a empresa destacou um momento oportuno e oportunidades para aumentar as receitas sem depender excessivamente do mercado de ações.
Para os especialistas do Banco Safra, ficou claro que a B3 tem maior capacidade de navegar em um cenário de altas taxas de juros em comparação ao passado, dada a maior contribuição das receitas dos segmentos de renda fixa, OTC e tecnologia.
Na verdade, a gestão quer gerar valor e crescer independente dos ciclos monetários. No evento, a empresa também destacou as novas iniciativas além do negócio principal de ações, que já contribuíram com R$ 2,1 bilhões para a receita anual nos últimos 12 meses, sem contar os R$ 0,8 bilhão de novos negócios como Neoway e Neurotech.
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Abordando a percepção de “mercado de ações difícil, sem gatilhos e maior concorrência”. É muito comum ouvir isso de investidores locais, com preferências voltadas para outros nomes do mercado de capitais como BTG Pactual ou XP.
Os analistas do Safra saíram do evento mais confiantes de que a B3 pode ser mais resiliente – dado o grande ecossistema desenvolvido em torno de derivativos e balcão (~50% das receitas da B3 vs. 20% das ações à vista) – e também criar melhor percepção de valor com o processo
de maturação de suas novas iniciativas, especialmente depois de ouvirmos o discurso mais ousado da administração em ser mais proativo e evitar ser muito conservador quando os concorrentes têm “pouco ou nada a perder”.
Por último, as ações à vista foram consideradas um segmento mais adverso, embora se espere que a velocidade do giro se estabilize.
Atualização das estimativas para refletir a perspectiva atual
O Banco Safra espera que 2025 seja outro ano sem brilho na atividade do mercado de ações. Como tal, o Safra incorporou premissas de volume médio de negociação mais baixas de R$ 24 bilhões em nossas estimativas para 2025 (giro de 131%, -7pps vs. antes) e R$ 28 bilhões em 2026 (giro de 137%) com maior volatilidade esperada em um ano de eleição presidencial.
Pelo lado positivo, as ações representam agora menos de 20% das receitas da B3 e as linhas mencionadas acima apresentam risco de queda limitado, na avaliação do Safra. Após atualizar as estimativas, as novas projeções de lucro líquido para 2025 e 2026 são de R$ 4,871 bilhões e R$ 5,309 bilhões, -6% e -7% abaixo do consenso da Bloomberg.
Safra recomenda compra de B3 e reduz preço-alvo de R$ 14 para R$ 12 por ação
O modelo do Safra baseado em fluxo de caixa descontado (FCD) usando um custo de capital próprio (Ke) de 16% implica um preço-alvo de R$ 12/ação e potencial de valorização de 22%. O Safra aumentou o Ke em 150 pontos base devido à deterioração da taxa livre de risco.
A preços atuais, o Safra vê as ações da B3 sendo negociadas a um P/L de 11,0x para 2025, um desconto de 25% em relação à média histórica de 10 anos. Além da avaliação com desconto, vê a capacidade de distribuição aos acionistas da B3 como um fator cada vez mais atraente durante um ciclo de aumento das taxas, à medida que os investidores mudam seu foco para nomes de dividendos como uma alternativa mais segura para capturar retorno aos acionistas.
O Safra estima um rendimento de dividendos de 9,2% e 10% para 2025 e 2026, respetivamente.
Principais riscos para a tese de investimento na B3
- (i) maior desaceleração dos impulsionadores de receita em 2025;
- (ii) concorrência; e
- (iii) resultado desfavorável de disputas judiciais (atualmente no valor de quase R$ 35 bilhões, excluindo multas).

