Bolsa cai 1,06% e completa dez dias no negativo, maior sequência desde 1984
Temor dos investidores com desaceleração da China e reflexos no setor de commodities levaram o Ibovespa a fechar em 116,8 mil pontos
14/08/2023O Ibovespa fechou em queda de 1,06%, completando o 10º pregão consecutivo no negativo – maior sequência de baixas desde fevereiro de 1984. Naquele ano foram 11 quedas, número só alcançado antes em junho de 1970. Nesta segunda-feira, o índice flutuou dos 116.529,96 (-1,30%) aos 118.081,90 pontos, nível semelhante ao da abertura, a 118.066,52 pontos. No fim, encerrou os negócios aos 116.809,55 pontos, com giro a R$ 22,2 bilhões.
Foi o primeiro ajuste diário na casa de 1% no Ibovespa desde o início da correção em curso, em 1º de agosto, o que levou o índice ao menor nível de fechamento desde 28 de junho, então aos 116.681,32 pontos. No mês, o Ibovespa recua 4,21%, em ajuste superior ao do Nasdaq (-3,89%) e também ao do índice amplo de Nova York, o S&P 500 (-2,16%). Assim, limita a alta do ano a 6,45%.
Na ponta do índice, destaque nesta segunda-feira para Alpargatas (+1,51%), Suzano (+1,49%) e CPFL (+1,19%). No lado oposto, Yduqs (-14,46%), Via (-7,03%) e Petz (-6,39%). O dia se mostrava uniforme, em grande parte da sessão, para as ações de maior peso no índice, em baixa, com destaque para a queda de 3,10% em Vale ON, na mínima do dia no fechamento, a R$ 61,90. O setor mineral e metálico ainda responde à percepção negativa sobre a demanda chinesa por matérias-primas, em meio a dados cada vez mais preocupantes sobre o ritmo de atividade na segunda economia do globo.
Houve piora do sentimento do investidor, o que afeta em especial o setor de commodities, por causa da China, que tem desacelerado. O dólar à vista voltou a se reaproximar um pouco mais do limiar de R$ 5, em alta de 1,25% no fechamento, a R$ 4,9656.
Destaques do dia no Ibovespa
Algumas ações do setor de commodities, conseguiram se descolar do mau humor no fechamento, com destaque para Petrobras (ON +0,48%, PN +0,26%), Gerdau (PN +0,70%) e Gerdau Metalúrgica (+0,08%).
No exterior, o dia já havia começado em tom majoritariamente negativo, especialmente na sessão asiática, estendendo-se em menor grau aos negócios na Europa e, em particular, a Nova York, onde o fechamento desta segunda-feira veio com sinal único, em variações moderadas nos principais índices de ações: Dow Jones +0,07%, S&P 500 +0,58% e Nasdaq +1,05%.
Mais cedo, “as bolsas do Japão e da China recuaram, com a Zhongzhi, uma empresa financeira chinesa enfrentando problemas de pagamento de dívidas – o regulador bancário da China, preocupado com potencial contágio, criou uma força-tarefa para examinar os riscos da instituição”, aponta em boletim a Monte Bravo Investimentos.
Na B3, depois de o Ibovespa ter igualado na sexta-feira, em extensão, séries bem mais agudas de correção vistas em agosto de 1998 e fevereiro de 1995, ambas superiores a 20%, o ajuste de agosto de 2023, mesmo com o índice sempre em baixa nos fechamentos desde o começo do mês, está agora pouco acima de 4%, após ganhos acumulados entre abril e julho, com destaque para o avanço de 9% em junho.
Em janeiro, o Ibovespa deu a largada em 2023 no positivo, com o índice a 113,4 mil pontos no fechamento daquele mês, mas adernou em fevereiro (-7,49%) e março (-2,91%), encerrando o primeiro trimestre abaixo dos 102 mil pontos, com recuperação sustentada ao longo do trimestre seguinte, que o deixou bem perto dos 122 mil pontos no encerramento de julho, no início deste terceiro trimestre. (AE)