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Bolsa resiste à onda global negativa com aceno do fim do aperto dos juros

Nova York e Europa reagiram em queda aos balanços e sinais de aperto dos juros, mas a Bolsa brasileira ficou satisfeita com o sinal do Copom

Ibovespa

Ibovespa fechou praticamente estável, com ligeira baixa de 0,18%, aos 111.696 pontos, apesar do exterior negativo | Foto: Divulgação

As bolsas americanas fecharam o pregão em forte baixa, diante da frustração dos investidores com o balanço e as projeções da Meta, dona do Facebook. Os papéis afundaram 26,39%. Apesar do clima negativo no exterior, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) fechou praticamente estável, com ligeira baixa de 0,18%, aos 111.696 pontos.

Também pesaram contra os mercados americanos a decisão do Banco Central da Inglaterra (BoE) de subir os juros de 0,25% para 0,50% no Reino Unido e a sinalização mais firme do Banco Central Europeu (BCE), que demonstrou maior grau de preocupação com a inflação.

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No exterior, também pesa a tensão proporcionada pelas movimentações militares entre a Otan e a Rússia, que contribuem para reforçar a cautela dos investidores – tendência vista desde o início de janeiro, quando o Federal Reserve redobrou as indicações de que se aproxima o momento de elevação do custo de crédito na maior economia do mundo.

O índice Dow Jones caiu 1,46%, aos 35.110,34 pontos. O S&P500 recuou 2,44%, aos 4.477,30 pontos. O Nasdaq perdeu 3,74%, aos 13.878,82 pontos.

Bolsa resiste à tempestade externa com sinal do Copom sobre o fim do aperto dos juros

O mercado brasileiro resistiu à tempestade no exterior graças à sinalização do Copom de que vai reduzir o ritmo de alta da taxa básica de juros (Selic). O volume financeiro no Ibovespa foi fraco, de R$ 24,3 bilhões. O dólar subiu 0,36%, a R$ 5,2954.

As perdas nos principais mercados da Europa chegaram a 1,57% (Frankfurt). Na semana, o Ibovespa cede 0,19%, mas ainda acumula bom ganho de 6,56% no ano.

No Brasil, as ações dos setores de serviços e consumo (Yduqs +2,18%, CVC +2,08%, Americanas ON +2,53%) estiveram entre as favorecidas pelos investidores na sessão, também positiva para os grandes bancos (Itaú PN +1,16%, Bradesco PN + 1,47%), enquanto as de commodities mostraram desempenho negativo, especialmente Petrobras (ON -1,07%, PN -1,38%), mesmo com o avanço das cotações do Brent e do WTI nesta quinta-feira.

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O mercado ponderou declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que prometeu, caso eleito, acabar com a paridade internacional de preços da estatal, dizendo estar "mais preocupado com as donas de casa do que com acionistas".

Do Copom, "o que veio com certa surpresa foi a indicação, para próximas reuniões, de aumento menor do que os 150 pontos-base, deixando alguma margem caso as condições e a inflação mudem até lá. O ciclo de aumento de juros já está no final, o que não deixa de ser positivo para a economia e o crescimento", diz Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos.

"A redução do ritmo de ajuste para a próxima reunião foi a novidade, mudança que vinha dividindo o mercado: uma parte acreditava que o BC daria esse sinal, outra de que deixaria a porta aberta. Pode ser traiçoeiro deixar já esta definição, porque a inflação pode mostrar evolução ainda em ritmo alto neste primeiro trimestre, com o mercado precificando patamares mais altos na curva de juros, por conta desta persistência", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, acrescentando que tal ponto pode vir a ser melhor esclarecido na ata do Copom.

"Embora o BC tenha optado por não aumentar o ritmo de ajuste neste momento, mesmo com a inflação surpreendendo negativamente, voltamos a um patamar de dois dígitos na taxa Selic, e já vemos revisões do crescimento para baixo, que devem tirar pressão da inflação no médio prazo, sugerindo que o movimento do Banco Central tem sido prudente", observa Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

"O comunicado trouxe novamente um tom de alerta, principalmente sobre o quadro fiscal e possíveis impactos que um aumento nos gastos poderia ter sobre a inflação. Ou seja, o mercado pode interpretar que o ciclo de ajuste da Selic pode ser um pouco mais longo do que o previsto anteriormente. O mercado projetava juros de 11,75% para o final deste ano e essa projeção pode subir após a decisão (de quarta). Talvez para 12%, não muito mais que isso", acrescenta. (AE)

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