Bonds: vantagens do investimento em renda fixa internacional
Mercado de bonds ultrapassa os US$ 100 trilhões no mundo, e oferece boas alternativas de diversificação para o investidor brasileiro
07/09/2022Mesmo quem já está acostumado a comprar títulos de empresas, bancos ou do governo, pode ter dúvidas quando o assunto é renda fixa internacional. Embora o funcionamento não seja tão diferente, termos pouco conhecidos podem atemorizar os iniciantes. Entre os nomes menos comuns estão os bonds. São títulos de renda fixa atrelados a um governo, uma companhia ou uma instituição financeira. Eles constituem o mercado mais importante de renda fixa no exterior.
Os bonds são similares às debêntures, CDBs e títulos públicos negociados no Brasil. Quem emite os títulos busca captar recursos, e remunera os investidores, em contrapartida, de acordo com regras predeterminadas.
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Os bonds costumam ser emitidos em dólares. Além disso, frequentemente são prefixados e distribuem juros a cada seis meses (é o chamado cupom semestral), além de pagar o valor de face no vencimento – para quem já conhece os papéis brasileiros do Tesouro Direto, o fluxo é similar ao do Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (conhecido também como NTN-F).
Globalmente, o mercado de bonds ultrapassa a marca de US$ 100 trilhões, e pode trazer boas alternativas de diversificação para o investidor brasileiro. Saiba a seguir sete pontos importantes sobre o investimento em renda fixa internacional.
1) Riscos internos mitigados
Existem fatores específicos do mercado brasileiro que podem trazer volatilidade para os ativos, inclusive de renda fixa. Um exemplo é o risco fiscal, acentuado em períodos eleitorais e que pode pressionar o mercado de juros.
Por isso, compor o portfólio de renda fixa com produtos que não estão associados a essa dinâmica pode otimizar o desempenho esperado das carteiras dos investidores. A taxa de um bond estrangeiro dificilmente será afetada pelo nível de incerteza no Brasil.
2) Investimento em bonds é atrelado ao dólar
Grande parte dos bonds é emitida em moeda forte, como dólar, euro e iene. Como o maior mercado é o dos Estados Unidos, os ativos costumam estar atrelados à moeda americana.
Portanto, a menos que haja alguma estrutura de proteção cambial, o investimento em bonds costuma garantir exposição ao dólar.
Isso pode ser mais uma camada de segurança para o investidor brasileiro, já que momentos de forte turbulência costumam depreciar o real, reduzindo o valor da moeda brasileira ante o resto do mundo.
3) Oportunidade de taxas mais altas
Como tem sido estampado nas manchetes do noticiário financeiro, a inflação de grandes economias vem rodando bem longe da meta. Isso tem forçado os bancos centrais a elevar rapidamente as taxas de juros ao redor do mundo, à exceção de China e Japão. Para o universo da renda fixa internacional, isso significa rentabilidade mais atrativa para os investidores.
O Tesouro americano ajuda a ilustrar esse cenário. O rendimento anual do título de dois anos, que esteve perto de 0,1% no ano passado, tem se firmado por volta de 3% neste segundo semestre de 2022. Lembrando que as emissões corporativas também acompanham esse tipo de movimento.
4) Acesso a líderes globais
Ao aplicar em bonds, é possível receber um fluxo estável de pagamentos de algumas das principais empresas do planeta. Os papéis são emitidos por gigantes de vários setores, como Anheuser-Busch, Microsoft, CVS Health, AT&T, Goldman Sachs e outros.
São nomes que majoritariamente recebem as notas mais altas das agências de classificação de crédito, indicando que a capacidade do devedor para honrar seus compromissos financeiros é extremamente forte.
As companhias americanas predominam, mas também há participação relevante de bonds de Japão, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Canadá, por exemplo.
5) Prêmio sobre títulos públicos
No mercado de crédito privado, a remuneração prometida tende a ser maior do que a oferecida por um título do governo, para compensar o risco de crédito. Isso também vale no caso dos bonds corporativos, que costumam oferecer retorno adicional em relação aos papéis soberanos.
Tal prêmio deve ser proporcional ao risco associado ao emissor. A regra é: quanto maior o risco, maior o potencial de retorno.
As notas que concedem o chamado grau de investimento são AAA, AA, A e BBB, na escala da S&P Global Ratings. Já os títulos considerados high yield costumam ser BB, B e CCC, e não é raro que proporcionem o dobro dos rendimentos de títulos considerados mais seguros. Mas é preciso ponderar os riscos com cuidado, já que não há cobertura para casos de inadimplência.
6) Previsibilidade para o seu portfólio
A construção de um portfólio eficiente prevê o investimento em diversas classes. A renda fixa, independentemente do perfil do investidor, cumpre o importante papel de trazer estabilidade para as carteiras, sustentando seus retornos quando os ativos de risco sofrem mais.
A renda fixa internacional segue o mesmo raciocínio. Ao aplicar em bonds, o investidor conta com um prazo de vencimento definido, uma rentabilidade acordada previamente e um fluxo de pagamento periódico de cupons.
E são vários os prazos disponíveis no mercado de bonds. Das mais curtas, de até dois anos, até as mais longas, que podem durar mais de vinte anos.
7) Riscos da renda fixa
Não existe investimento totalmente livre de risco. Assim como no Brasil, a renda fixa internacional traz riscos de crédito, de liquidez e até mesmo de mercado. No caso do primeiro, é preciso considerar que o emissor do bond pode não conseguir honrar os pagamentos nos momentos combinados.
O risco de liquidez também é importante. O investidor deve avaliar se pode abrir mão do dinheiro investido até o vencimento do bond. Mesmo que eventualmente haja janelas de resgate antecipado, ele poderá sofrer perdas, a depender das condições de mercado.
Aqui o risco de crédito pode ter influência também. Mesmo que honre os pagamentos combinados, uma eventual deterioração da saúde financeira do emissor pode provocar uma perda de valor do bond no caminho até o vencimento (é um efeito que leva ao chamado deságio).
Além disso, o valor do título irá oscilar de acordo com as taxas de juros. Se elas subirem, o título tende a perder valor. Se as taxas de juros caírem, o título tende a se valorizar. Quanto mais longo o prazo, mais intenso é esse movimento. Mas isso não importa quando carrega-se o título até o vencimento: a remuneração será aquela acordada no momento da aplicação.