Caderneta de poupança completa 160 anos

A caderneta de poupança, aplicação financeira de renda fixa mais utilizada pelos brasileiros, completa nesta terça-feira, 12, 160 anos.

Mesmo sendo uma das aplicações com menor retorno atualmente, a caderneta de poupança teve importante papel ao longo da história do Brasil.

Criada na cidade do Rio de Janeiro, em 1861, a caderneta de poupança foi usada 11 anos depois como ferramenta para que escravos conseguissem comprar a própria alforria.

Reconhecida hoje como porta de entrada para o mundo dos investimentos, a poupança é uma modalidade considerada segura.

“É a aplicação financeira mais recomendada para pequenos poupadores, uma vez que seu rendimento é líquido e sem Imposto de Renda”, afirma o economista e professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques.

Criação da caderneta de poupança

De acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF), a caderneta de poupança nasceu com o propósito de se tornar “a opção de investimento mais segura, acessível e adequada a todos os perfis, desde os pequenos poupadores a grandes investidores”.

11 anos após a sua criação, a caderneta de poupança foi regulamentada para que os escravos pudessem realizar depósitos com o objetivo de alcançar a própria liberdade.

Essa regulamentação veio com a publicação do Decreto nº 5.153, de 13 de novembro de 1872, a Lei 2.040.

“Trata-se de um assunto que se insere na própria história das transformações e das pressões pelo fim do trabalho escravo no Brasil, que ganhou força na segunda metade do século 19”, detalhou a CEF à Agência Brasil.

Segundo o banco, foi dessa forma que essas instituições passaram, nas diversas províncias brasileiras, a receber depósitos de escravos, emitindo, como no caso do depositante não escravo, uma caderneta de controle dessa movimentação.

“A diferença é que na caderneta dos escravos constava o nome do senhor, uma vez que era necessária a autorização dele para que a conta do escravo fosse aberta”, informou a CEF.

Saldo recorde

Em um ano marcado pela cautela das famílias quanto ao futuro, os brasileiros depositaram R$ 166,3 bilhões na caderneta de poupança em 2020.

Os dados foram divulgados no último dia 7, pelo Banco Central. Este é o maior valor líquido já registrado na série histórica do BC, iniciada em 1995.

O resultado foi fruto de aportes de R$ 3,1 trilhões na poupança durante ao ano passado, menos saques de R$ 2,9 trilhões.

A poupança apresenta uma facilidade muito grande para se guardar reservas, quando comparada a alternativas do mercado financeiro que exigem um pouco mais de entendimento e, muitas vezes, volumes maiores de investimento”, diz Andrew Frank Storfer, conselheiro da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac).

Poupança: como funciona

Os investidores que escolhem aplicar na poupança têm como vantagem a isenção de Imposto de Renda e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além de contar com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, o FGC.

No Banco Safra, por exemplo, o rendimento mensal da poupança é creditado na conta a cada 30 dias, sempre na data de aniversário da aplicação. Caso as aplicações sejam feitas nos dias 29, 30 e 31, a data fica definida como dia 1º.

Se houver o resgate dos recursos antes da respectiva data de aniversário (data da aplicação), o investidor não terá o rendimento referente àquele mês.

Remuneração

As regras de remuneração atuais das cadernetas de poupança estão em vigor desde maio de 2012.

Para cálculo dos juros, deve-se observar o índice de 0,5% ao mês, sempre que a meta da taxa básica de juros (Selic) for maior que 8,5% ao ano.

Se a meta da Selic for igual ou inferior a 8,5% ao ano, o índice corresponderá a 70% da meta. (Com Agência Brasil)