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Bolsa brasileira volta a atrair capital externo

Estrangeiros voltam a investir em ações no país, e capital externo em ações já chega a US$ 1,1 trilhão

B3

Bolsa brasileira recebeu uma injeção de quase R$ 56 bilhões apenas no último trimestre / Foto: Divulgação

O Brasil voltou a ser destino do capital estrangeiro no final de 2020, com o aumento do otimismo global em torno da chegada da vacina contra a covid-19.

A Bolsa brasileira recebeu uma injeção de quase R$ 56 bilhões apenas no último trimestre do ano, refletindo a busca dos investidores por mais rentabilidade e a troca de ativos das carteiras – diante da expectativa da chegada de um pós-pandemia.

O movimento tende a prosseguir neste ano, afirmam analistas, mesmo com as recentes notícias de mutação do vírus e as novas medidas de lockdown pelo mundo, que podem alterar as atuais previsões de crescimento global.

A entrada de capital estrangeiro desde outubro, no entanto, não foi suficiente para reverter o fluxo de saques em 2020, que encerrou com um saldo negativo de R$ 31,8 bilhões.

Foi o terceiro ano consecutivo de saída líquida de recursos de estrangeiros. Segundo dados da B3, considerando também os investimentos totais dos estrangeiros em ações, incluindo nas ofertas, o saldo em 2019 ficou negativo em R$ 4,7 bilhões, e, em 2018, em R$ 5,7 bilhões.

Os estrangeiros possuem perto de R$ 1,1 trilhão investidos em ações no Brasil.

Mesmo com os desafios internos, especialmente os relacionados às contas públicas, a expectativa é de que o fluxo de capital siga direcionado ao País.

“Se a economia brasileira crescer acima de 3%, com responsabilidade fiscal, esse dinheiro disponível no mundo vai buscar bons emergentes. E somos um, desde que a gente faça nosso dever de casa”, disse o presidente da B3, Gilson Finkelsztain.

O executivo ponderou que o Brasil pode perder essa onda de liquidez global se deixar de lado a responsabilidade fiscal. “Se isso ocorrer, eles buscarão países mais estáveis”.

Para o economista da Rio Bravo Investimentos, João Leal, apesar desse risco, a tendência em relação ao fluxo de estrangeiros é positiva.

“A elevada disponibilidade de liquidez global com políticas monetárias expansionistas nos países desenvolvidos, pacotes fiscais mais amplos e uma expectativa de retomada econômica global com as vacinas favorecem o apetite ao risco dos investidores estrangeiros”, destaca o economista.

O corresponsável pelo banco de investimento do Bank of America no Brasil, Hans Lin, afirma que o investidor de fora voltou a olhar o País e que algumas empresas tendem a se beneficiar.

Segundo ele, a tendência é que um dólar mais enfraquecido favoreça o fluxo de recursos aos emergentes. “Fizemos uma pesquisa e os investidores acreditam que os emergentes são os que terão um desempenho melhor”, frisa. Ele explica que isso pode levar a uma procura maior por empresas com múltiplos mais baixos, ou seja, consideradas mais baratas.

“O investidor estrangeiro que compra ações em emergentes, geralmente, está procurando crescimento. A empresa que conseguir capturar crescimento, consolidar o setor, vai ter sucesso em atrair o estrangeiro”, afirma o chefe de emissão de ações do Morgan Stanley no Brasil, Eduardo Mendez.

(Com AE)

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