Temor de maior aperto monetário nos Estados Unidos derruba Ibovespa
Bolsa cai 1,97% acompanhando mercado externo com possibilidade de aperto monetário mais rígido nos Estados Unidos
05/04/2022O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda nesta terça-feira em meio ao clima cauteloso no mercado externo, após recuo de 0,24% ontem, quando fechou aos 121.279,51 pontos. Esse desempenho fez o índice retornar aos 118 mil pontos nessa sessão.
O Ibovespa caiu 1,97% para 118.885 pontos, depois de oscilar entre 118.793 e 121.628 pontos. O dólar à vista subiu 1,11%, e fechou cotado a R$ 4,6591.
Os investidores aguardam novos sinais de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a partir de comentários de dirigentes da instituição.
Internamente, as ações da Petrobras continuam no radar, e depois de subirem no início da sessão, fecharam em queda de 0,95%, enquanto o mercado aguarda a indicação de um novo nome para compor a diretoria da estatal, avalia Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.
Após a desistência oficial de Adriano Pires para o comando da estatal, o governo estuda novamente o nome de Caio Mario Paes de Andrade, secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, para assumir a presidência da empresa.
“Apesar de não ter experiência na área petróleo, tem um bom portfólio, é um profissional competente. Se for um gestor aberto a receber informações de quem entende, tende a agradar. A questão é que até a assembleia da Petrobras dia 13 haverá pouco tempo para o mercado fazer a avaliação do nome”, afirma Farto.
Ibovespa registra queda de ações do setor financeiro
Na Bolsa, destaque para o recuo dos papéis do setor financeiro. Como chama a atenção Jayme Carvalho, planejador financeiro CFP pela Planejar, questões internas começam a pesar nos negócios. “Na verdade, são fatores que já deveriam estar sendo acompanhados como a pressão inflacionária e fiscal por conta da incerteza em relação à greve de servidores por reajuste salarial. São questões cotidianas que o mercado parece estar relevando”, diz Carvalho.
De todo modo, no geral o clima é cauteloso. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, divulgou hoje a proposta de um quinto pacote de sanções contra a Rússia, em meio a acusações de que forças do Kremlin teriam assassinado civis nos arredores de Kiev. As novas medidas incluem o embargo à importação de carvão russo, no valor de 4 bilhões de euros por ano. Também preveem veto a transações com quatro bancos russos, entre eles o VTB, o segundo maior do país.
“Prevalece um clima de espera nos mercados internacionais nesta manhã, com os agentes de olho nas crescentes pressões para novas sanções sobre a Rússia e na agenda norte-americana do dia, que fornecerá indicações da política monetária e da situação da economia EUA”, avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Apesar de em tese as sanções impostas à Rússia serem benéficas para países emergentes como o Brasil, Carvalho, da Planejar, pondera que o assunto ainda gera bastante dúvida no sentido de quais serão os impactos da guerra para o mundo. “Os efeitos sobre a inflação e os preços das commodities, de certa forma, são conhecidos. Porém, há incertezas em relação ao crescimento econômico mundial”, avalia.
De todo modo, para Farto, da Renova, o quadro continua favorável a Brasil, desconsiderando as dúvidas relacionadas à Petrobrás. “Tem espaço para continuar subindo, e hoje o dólar tem alta, corrigindo um pouco as quedas recentes, é natural”, diz. (AE)