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Inflação e juros devem afetar ações das empresas de varejo

Empresas com atuação forte no comércio eletrônico, como Magalu e Americanas, podem ser uma alternativa de investimento no setor de varejo

Varejo

Empresas de varejo, como Magalu e Americanas, investem pesado no comércio eletrônico | Fpto: Getty Images

O cenário desafiador no Brasil, com a escalada da inflação e a elevação das taxas de juros, pode afetar no curto prazo as empresas de varejo que atuam no país.

No entanto, as aquelas empresas que têm atuação forte no comércio eletrônico podem ser uma alternativa de investimento no mercado de capitais. Dentro dessa perspectiva, Magazine Luiza é destaque na carteira do Banco Safra. Já as Americanas podem sofrer mais com o momento adverso do setor.

Saiba mais

A Magazine Luiza (MGLU3) é a principal escolha do banco no segmento de e-commerce. Segundo o Safra, este é um segmento dentro da companhia que pode entregar uma taxa de crescimento (CAGR) do Ebitda de 34% para os próximos três anos.

No curto prazo, no entanto, pondera o Safra, o cenário continua desafiador, tanto para a empresa quanto para o setor em geral.

“A forte dinâmica macro que impõe restrições aos consumidores e aversão ao risco para casos de crescimento no mercado de capitais são fatores que podem afetar o desempenho no curto prazo”, afirma o banco em relatório.

Diante desta nova perspectiva, o Safra revisou o preço-alvo para as ações da Magalu, para R$ 7,30 até final de 2022.

No longo prazo, Magalu deve manter crescimento no e-commerce

Já na perspectiva de médio e longo prazo, o banco estima que e-commerce crescendo e a Magalu sendo um dos principais players desse segmento, a companhia deve se beneficiar deste desempenho positivo. “O que sustenta nossa classificação compra para a empresa”, afirma o Safra.

Segundo o banco, a Magazine Luiza investiu muito para diversificar o seu portfólio de eletrodomésticos de linha branca e assim aumentar o volume de vendas. Os aportes, completa o Safra, foram realizados também em plataformas especializadas em artigos esportivos e de moda, cosméticos e, até mesmo, aplicativos de entrega de alimentos.

“No entanto, a maior diversificação do mix vem de seu marketplace que tem pequenos varejistas de todo o país”, ressaltou o Safra. “Além disso, para melhorar as vendas, a empresa investe pesado em seu aplicativo e logística para uma melhor experiência de compra.”

A pergunta que fica é se Magalu e o setor em geral poderão rentabilizar todos os investimentos em e-commerce. Para o Safra, a resposta é sim.

“Acreditamos que a ampla oferta de serviços e soluções aos vendedores, como pré-pagamento de recebíveis, logística, crédito, conta digital e cartão de crédito, deve permitir melhorias na taxa de captação da Magalu, que deve atingir 13,4% até 2025 dos atuais 10%”, afirmou o banco.

Confira a análise completa para MGLU3 AQUI

Americanas teve sua classificação revisada para neutra

No caso da Americanas, o Safra revisou a sua classificação para a empresa para neutra. Isso porque, segundo o banco, a empresa tem um potencial menor de fluxo de caixa e sua ação está sendo negociada em média a um preço mais baixo no comparativo com a Magalu e Via Varejo.

“Apesar dos desafios no curto prazo devido à forte dinâmica macro que pressiona o consumidor, destacamos que a Americanas tem um mix diferente em relação aos seus pares listados e é menos focado em eletrodomésticos e mais em itens de menor valor, tanto no e-commerce quanto nas lojas”, afirmou o banco.

Para o Safra, com essa diversificação no portfólio, a Americanas pode ter uma expansão maior de volume bruto de mercadoria (GMV) entre as empresas cobertas pelo banco neste ano. A estimativa é de uma alta de 26% para Americanas, 20% para Magalu e para Via a expectativa é de uma evolução de 4%.

“Além disso, vemos a Americanas como um dos os líderes de e-commerce no Brasil, com aproximadamente 15% de market share em 2025, em relação aos 21% apurados em 2021, considerando seu ecossistema de marcas e formatos”, ressalta o Safra em relatório.

O preço-alvo por ação do Safra para Americanas é de R$ 30,00 até o final 2022 tendo como base, de acordo com o bando, a avaliação de alta de 5,55 do fluxo de caixa descontado (DCF), um Ke de 14,1% e um custo médio ponderado de capital (WACC) de 11,5%, o que pode gerar um EV/EBITDA implícito em 2023 de 9x sua média histórica de 13x.

O Safra fez, também, uma análise de retorno total para um horizonte de investimento de três anos e se calculou a taxa de retorno do investimento (TIR) implícita no período baseado nos dividendos esperados, nas estimativas de Ebitda e receita líquida, em 2025 e no múltiplo EV/EBITDA de saída a termo de 1 ano de 8x comparado a seus 9x níveis atuais e média histórica de 13x. Com isso, pelos cálculos do Safra a TIR em três anos será de 18,9% para a Americanas.

Assim como seus pares, a Americanas vem investindo para criar uma plataforma de marketplace que combina logística, suas principais marcas, como Submarino, os novos negócios como Br Mania, Imaginarium, Hortifruti Natural da Terra, Supermercado Agora e Puket, além das iniciativas de inteligência artificial e fintechs.

“Esses investimentos devem sustentar a posição da companhia como uma das líderes de e-commerce no Brasil com 15% de mercado participação em 2025”, diz o Safra.

Para o Safra, o valor bruto de mercadoria (GMV) total da Americanas apresente uma taxa de crescimento (CAGR) de 2022 a 2025 de 11%, (9% nas lojas, 11% no 1P e 13% no 3P) e receita líquida com CAGR no período de 11%, a maior expansão entre a cobertura do banco.

“O mix da Americanas suporta um perfil de receita mais resiliente e margens maiores do que seus pares”, ressalta o Safra. “Esperamos que a margem EBITDA seja de 11,4% em 2022 e cresça para 12,5% até 2025, com taxa de aceitação do mercado atingindo 10% este ano e 12% em 2025.”

A estimativa do Safra é de uma taxa de crescimento do Ebitda no período de 14% e lucro líquido de R$ 1,8 bilhão em 2025. Um valor 5 vezes maior em relação a 2022.

Confira a análise completa para AMRE3 AQUI

Fusão de B2W (BTOW3) e Lojas Americanas (LAME4)

Para o Safra, a proposta de fusão entre B2W Digital e Lojas Americanas é neutra para ambas as empresas.

De acordo o banco, a relação de troca de 0,18 de ação da Lojas Americanas por B2W representa um pequeno prêmio para os acionistas das Lojas Americanas.

“Olhando para o futuro, vemos potencial para criar valor, já que a combinação pode gerar sinergias e eliminar ineficiências”, diz o banco em relatório. “Além disso, também vemos potencial para uma reclassificação no múltiplo combinado de 0,7x EV/GMV, se a empresa melhorar o perfil de sua base de acionistas, atraindo mais investidores de tecnologia.”

No entanto, segundo o banco, a fusão pode gerar riscos de perder visibilidade sobre o desempenho dos vários segmentos, o que poderia encobrir os custos reais para alavancar o crescimento nas operações de comércio eletrônico e varejo físico.

Lojas Americanas e B2W atualmente são negociadas a 0,7x e 0,9x 21E EV / GMV, respectivamente, o que é um desconto para os múltiplos de 2,5x da Mercado Livre e 2,2x do Magalu. “A nosso ver, parte do desconto decorre da estrutura separada, com dupla classe de ações na Lojas Americanas.”

Vantagens da união de BTOW3 com LAME4

À primeira vista, segundo o banco, a estrutura do negócio parece complexa, com a cisão dos ativos operacionais de Lojas Americanas ao lado de sua participação na AME Digital, tornando-se uma holding que acabará por ser listada nos Estados Unidos.

“Embora estivéssemos frustrados com a estrutura da holding, a administração reiterou que ela foi criada para acelerar o processo e que a intenção é eliminar a estrutura de dupla classe de ações antes da listagem nos Estados Unidos”, afirmou o Safra.

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