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Cenário para o segundo semestre é de recuperação, afirma Joaquim Levy

Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra vê queda da inflação e possibilidade de crescimento moderado

Joaquim Levy

Joaquim Levy foi entrevistado pelo jornalista Pedro Doria | Foto: Reprodução

O crescimento de casos de Covid, provocado pela variante ômicron, pode se tornar mais um entrave para a atividade econômica global e brasileira. Analistas ainda têm dificuldade em mensurar o tamanho do impacto econômico dessa nova onda da doença, mas alertam que ela pode se refletir em inflação, trazendo prejuízo para a indústria e para o setor de serviços. Segundo Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, o cenário é positivo ou de recuperação para a segunda metade do ano. Levy participou do Encontro Safra, em parceria com o Valor Econômico, quando foi entrevistado pelo jornalista Pedro Doria. O vídeo pode ser visto neste link.

Mesmo diante de um cenário em que o FMI já reduziu a estimativa de crescimento mundial para o ano, a expectativa de Joaquim Levy não é das mais pessimistas. “O Covid é uma sucessão de surpresas. A ômicron, na medida em que ela teve aquele impacto na virada do ano, já foi em grande parte absorvida. Diria que ela foi mais intensa em atrasar a atividade econômica e a recuperação particularmente na Europa. Nos Estados Unidos, atrapalhou um pouco a retomada do crescimento e a normalização do setor de serviços, mas não é uma coisa dramática. Foi um efeito de segunda ordem, tirou alguns décimos de crescimento de alguns países, mas não alterou a perspectiva da economia global, que era de uma normalização, principalmente nos países mais avançados”, afirma o ex-diretor financeiro do Banco Mundial e ex-presidente do BNDES.

Ano de 2022 terá desinflação, segundo Joaquim Levy

Em relação à inflação, na avaliação de Levy, foi natural que tenha havido um aumento no mundo todo. “Na verdade, viu-se que o consumo foi bastante concentrado em alguns casos, em bens duráveis e bens industrializados. O principal desafio hoje dos bancos centrais é evitar que o aumento, que antes era muito concentrado em energia e commodities, se espalhe para o resto da economia. Esse é o desafio de 2022, e, por isso, o banco central norte-americano tem sido tão rigoroso”, pontua o ex-ministro da Fazenda.

O diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, se diz relativamente otimista em relação à inflação no Brasil e espera uma normalização dos preços de energia, bens duráveis e alimentação – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou um aumento de 10,06% em 2021. “Nós ainda mantemos a projeção de inflação para este ano para perto de 5%, com mais
chances de estar abaixo disso. Com a normalização dos serviços, alguns dos preços do setor devem aumentar. Mas a gente não vê nada que esteja disparando. O Banco Central está num esforço grande de evitar que os preços voltem a ultrapassar o teto de 5%”, destaca o executivo do Safra.

Clima para investimentos pode favorecer o câmbio

Outro tema de destaque do Encontro Safra foi o câmbio. Para Levy, o principal determinante será o que ele chamou de “expectativa ou percepção da possibilidade de investimento”. Ele explica: “O que vai determinar o dólar nos próximos meses e no ano que vem vai ser mais a perspectiva de as pessoas verem que há investimentos lucrativos. Se essa perspectiva for positiva, o Real vai se valorizar, e as pessoas vão se sentir mais ricas. Isso vai criar emprego e um clima diferente, mais favorável inclusive ao investidor doméstico. Isso vai ser mais determinante do que necessariamente a taxa do Fed”.

Apesar do aparente otimismo, o ex-ministro da Economia destaca que o consumo vai enfrentar dificuldades e que a renda real, de um certo modo, está caindo. De acordo com ele, é difícil as pessoas tomarem mais empréstimos agora que os juros aumentaram. Mas Levy diz não ver a economia despencando, a menos que haja um descompasso com a política monetária.

“Hoje a nossa economia está com um crescimento muito moderado, um consumo sob pressão, o investimento ok, ao menos temporariamente, e um setor externo que nos dá certa tranquilidade. Não é uma avaliação otimista nem pessimista, mas de continuidade”, conclui o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra.

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