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A análise econômica de Marcos Lisboa, do Insper

Economista analisou a atual situação da economia brasileira em entrevista da série "Cenários", promovida pelo Banco Safra e Estadão. Veja o vídeo

Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda aponta vários sinais de que o Brasil está vivendo uma situação muito difícil | Foto: Divulgação

Para o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, o Orçamento do governo federal para 2021 “reflete o desgoverno que o país vive”. Segundo ele, as despesas obrigatórias foram subestimadas para permitir emendas parlamentares “paroquiais”.

Lisboa participou de live da “Cenários”, promovida pelo Banco Safra e jornal O Estado de S. Paulo. Na conversa com jornalista Sonia Racy, o economista criticou a condução da política econômica.

“Parte das emendas ao Orçamento foram incluídas para atender demandas de outros ministérios do governo, ou seja, o Ministério da Economia elaborou o projeto e outros ministérios encaminham ao relator pedidos para que fossem abertas brechas para incluir outras despesas que o Ministério da Economia não julgava importantes”.

País vive situação muito difícil

Segundo o economista, que já foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, há vários sinais que indicam que o Brasil está vivendo uma situação muito difícil.

“O Brasil teve de aumentar juros para conter a inflação. Se o país tivesse se comportado como os demais emergentes, o câmbio deveria estar ao redor de R$ 4, e não como está hoje. É o preço que pagamos pelo descontrole das contas públicas”.

“Ajuste fical no Brasil virou um espantalho para não se falar de problemas como o descontrole dos gastos públicos no Brasil”, afirmou. Segundo ele, o debate público precisa ser melhor colocado, em termos de qualidade e não apenas da quantidade dos gastos.

Impostos mais altos e descontrole de gastos

“O Brasil aumentou sua carga tributária de 25% para 34% nos últimos anos, mas os indicadores não melhoram. Nossas crianças de 15 anos aprendem muito menos do que as de outros países emergentes que gastam menos que o Brasil”, exemplicifou.

Segundo ele, o auxílio emergencial poderia ter sido concedido com mais responsabilidade, usando cadastros já existentes. “A maneira atabalhoada como foi feita a política pública no ano passado é a causa do que estamos enfrentando hoje”.

Reforma tributária e modernização

Ele defendeu a necessidade de reforma tributária e a criação do IVA, o Imposto sobre o Valor Agregado, mas disse que o debate corporativo impede o avanço da modernização do sistema de impostos no País.

“O Brasil tem muitas distorções, uma economia fechada, mas por outro lado é um país de muitas oportunidades. O potencial de crescimento do país é imenso, e tem capacidade de gerar mais empregos, cuidar dos mais pobres, garantir empregos de melhor qualidades. Precisamos encarar os problemas e discutir o país que queremos ter. O país precisa garantir saúde e educação e não apenas defender interesses corporativos”.

O economista comentou que ainda se sente um servidor público e que voltaria a trabalhar no governo em um projeto para melhorar o país.

Outras entrevistas da série Cenários podem ser assistidas por este link, no canal do Safra.

Sobre Marcos Lisboa

Atual presidente do Insper, Marcos Lisboa tem passagens de destaque pelos setores público e privado.

Antes de chegar à liderança do Insper, foi vice-presidente da instituição, entre 2013 e 2015. 2

De 2006 a 2009, foi diretor-executivo do Itaú Unibanco, chegando à vice-presidência logo em seguida e permanecendo até 2013.

Entre 2005 e 2006, esteve no cargo de presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Dois anos antes, foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Lisboa foi ainda professor assistente de economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas entre 1998 e 2002.

Anteriormente, de 1996 a 1998, professor assistente de Economia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford (Estados Unidos). É Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia, também dos EUA.

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